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Palavra do leitor

Decepções com líderes evangélicos

Quantas vezes já ouvimos que não devemos olhar para homens?! Não importa, pois parece que Paulo pregava outra coisa: "sede meus imitadores", dizia ele com uma ousadia impressionante.

As várias e repetidas decepções com líderes levam o povo cristão à resignação: não olhe pra homens olhe para Cristo! Líderes sinceros mas inseguros alertam "olhem somente para Jesus". Mas não há como escapar. Você, líder, deseja (conciente ou não) ser imitado. Você, liderado, quer alguém como modelo. A Bíblia nos mostra que líderes cristãos devem ser exemplo (1 Pe 5.3). E quando falo de decepção não estou falando de expectativas caprichosas que são frustadas - ninguém deve viver para satisfazer caprichos de ninguém. Também não falo de conflitos causados por diferentes pontos de vistas em coisas não essenciais, isso é normal em qualquer relacionamento. Mas falo de desapontamento com líderes que pisam feio na bola, cometendo pecados muito sérios, seja na área doutrinária, administrativa, financeira, sexual ou familiar revelando um caráter mal que estava escondio atrás de uma máscara.

A submissão e obediência são virtudes muito difíceis de serem cultivadas. Primeiro, pois nossa natureza caída é primordialmente rebelde. Segundo, pois as outras pessoas ao nosso redor são tão caídas quanto a gente. Então em quem confiar? A sociologia e a história mostram que a obediência cega e incondicional é muito perigosa e levam geralmente a abusos e até a tragédias. A Bíblia não nos alerta, maldito o homem que confia no homem? Mas a mesma Bíblia também nos fala que o amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Para "complicar" ainda mais a coisa Jesus também nos adverte: é necessário que venham os escândalos! (Mt 18.7) Como fica então? Devo seguir meus líderes ou devo buscar um caminho próprio e "mais seguro", longe dos riscos dos tropeços, feridas ou amarguras com as decepções? Se examinarmos o que Jesus está realmente dizendo, veremos que primeiro ele alerta para que nós mesmos não venhamos a ser escândalo para ninguém. Ele nos leva a uma atitude altruísta, voltado para o outro que nos observa e nos tem como modelo. É bom lembrarmos que todo cristão é luz e sal no mundo; é reino e sarcedócio santo; passamos em nossa conversão automaticamente para posição de liderança. Sem palavras e sem voz de comando estamos influenciando muita gente.

Em outra passagem sobre o tema (Lucas 17) vemos que Jesus também nos leva a uma atitude de auto-defesa (olhai por vós mesmos), talvez até em certo sentido “egoísta” mas sadia. Ali ele nos ensina algo pouco praticado, repreendermos o nosso irmão quando peca contra nós. Lamentavelmene não fazemos isso na frequência nem na maneira que precisávamos. Evitamos a confrontação direta e não queremos demonstrar susceptibilidade ou "fraquezas" como raiva que podem ser facilmente mal interpretadas como moralismo, falta de paciência, desamor ou até rebelião. Assim o assunto é normalmente falado com todo mundo menos com quem deveria ter a chance de ouvir para se arrepender. O Mestre todavia nos mostra outro caminho e nos leva a um posicionamento ético efetivo e mais claro no mundo ao nosso redor. Isso não é nada fácil, daí os apóstolos pedirem mais fé! (Lc 17.5) Mas isso dá oportunidade ao nosso irmão de ser corrigido em tempo hábil, talvez em pequenos vícios que poderiam tornar-se em grandes escândalos. Para nós é de qualquer maneira melhor perdoarmos nosso irmão sete vezes num dia do que ao final de dez anos de ministério tentarmos fazer de uma só vez todo o ajuste de contas!

Mas haverão aqueles casos cabeludos e escandalosos, de coisas que nem se imaginava. Para esses não há como fazer uma bagatela, é como Jesus disse mesmo: ai dele! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos (Lc 17.2). O pior é que são pessoass tidas como dignas de confiança que trazem coisas assim à tona (porque quem não é digno de confiança simplesmente não escandaliza ninguém).

O que nos consola é que Deus é um justo juiz e sabe tratar e tratará de cada caso. Mas também a nós igreja é dado em diferentes níveis a responsabilidade e autoridade para resolver certos escândalos. Onde há arrependimento deve haver obviamente perdão e oportunidade para tratamento (sem pressa nenhuma) e dentro de certas condições até mesmo restauração às funções. Existem todavia casos onde limites claros e sensuras devem ser impostas para o bem de todo mundo. Os escândalos embora indesejáveis são também oportunidades onde em meio ao caos pessoas fiéis se levantam, crentes verdadeiros (que talvez sofriam sob a tirania de um líder neurótico) são manifestos à comunidade (1 Co 11.19). Com o surgimento de uma nova liderança séria o convívio social torna-se novamente saudável. 

Devemos então sem qualquer resignação ter em foco aqueles amados irmãos, homens sujeitos às mesmas paixões que a gente, mas que no passado ou ainda hoje dedicam santamente suas vidas ao Reino num serviço humilde e abnegado. 
Fürth - EX
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Site: http://teologia-livre.blogspot.de/

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