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Palavra do leitor

Dá para falar da esperança?

"Sem a autorrevelação das boas notícias, Jesus, o Cristo, o cristianismo não passa de uma religião escasseada e mantida, tão somente, pelas conveniências’’.

As palavras escritas pelo humanista e filosofo, com forte influência marxista, Ernest Bloch, aborda a esperança como um componente direcionador e considerável ao ser humano. Deve ser dito, tanto no aspecto pessoal quanto interpessoal, tanto nos vínculos de maior proximidade quanto não. Agora, ao observar para a realidade arredor de nós, podemos, ainda, encontrar motivos sólidos para falar da esperança? Aliás, sem esse elemento direcionador ou orientador ou encaminhador, nem sequer vislumbraríamos o futuro, todas as nossas tensões, as nossas expectativas, as nossas reivindicações, as nossas inquietações seriam tolices e nossa condição, como seres de escolhas, de liberdade, de ser responsável e de se comprometer seriam matérias sem qualquer efeito e relevância. Viveríamos, posso dizer, por viver para as satisfações momentâneas e nada mais. Então, no presente texto, adentramos no personagem Abraão, na promessa de que viria a ser pai e pai de uma grande nação (ou o gérmen, a gênese, o espertar), embora sua esposa, estivesse num ciclo de ser, praticamente, impossível ser palco para uma gestação e concepção de um descendente ou de um filho. Ora, os relatos da história discorrida na bíblia, aponta – nos para o refazer de uma nova realidade, de uma nova condição em favor do ser humano. É bem verdade, não temos sido bombardeados, de todos os lados, em todos os momentos, pelo discurso da desesperança ou da esperança mórbida, como se tudo, aqui, não passasse de uma incógnita e nada mais?

Não foram essas as palavras de Jó (Jó 14. 7,19), como se não houvesse mais luzes, no palco da humanidade, como se tudo não tivesse passado de uma ilusão ou de um belo sonho? Às vezes, assim interpreto a reação daqueles, a caminho de Emaús, sucumbidos, devido a morte do Messias? Vou adiante, será que não somos tomados, também, por uma sensação de vazio, de não ser bem como está escrito, como os cristãos, conforme podemos extrair da Epístola de I Pedro 1.3 e Lucas 24.21. Sabe aquele sensação de que não virá, nos traiu, nos enganou, não nos contou como seria? Isto levou os cristãos, daquela época, a baixar a guarda, a aceitar, a se resignar, com a saga de Cristo, a igreja e a vida eterna, no porvir, sem nenhuma possibilidade de uma nova realidade, a partir de onde estamos. Se Jesus, o Cristo, nos traz a esperança de uma nova realidade, como não conseguimos experimentar, nem que seja um fagulha, em nossas vidas? Os pobres são afligidos, a fome não desapareceu, as guerras prosseguem a exterminar, povos são expulsos de suas terras, focos de violências e abusos não param, os homens transformam os instrumentos do conhecimento e da informação para manipular, para dilubriar, para deformar, a vida se resume as ofertas do mercado de consumo, o bem viver substitui a felicidade, a eternidade não passa de uma hipótese. Muitas vezes, confundimos, distorcermos e consideramos a esperança como certeza.

A esperança nos direciona por aquilo que pode vir a ser, porque envolve e requer de nós a participação na sua realização. Por exemplo, atingir um estado de maturidade e serenidade não significa ser uma certeza, ser uma definição pronta, porque estamos sujeitos as alternâncias e as alterações da vida, não temos ciência de quão longe chegaremos. As pessoas não são pais, com a certeza de que seus filhos serão figuras íntegras e inteiras, mas esperam que isso aconteça. As pessoas não se casam, com a certeza de que sua relação será inabalável, mas movidas com a esperança de que vão caminhar para isso. O texto de Salmos 37.7 diz para descansar (Descansa no Senhor e espera nele). De certo, não uma espera passiva, conformada, em conveniências, porque não permite a vinda do que se espera. Digo isso, porque essa espera, esse esperar traz a questão da maturidade e da realização do que, verdadeiramente, e, concomitantemente, queremos ser (um ser de racionalidade, com suas faculdades de raciocínio expandidas; um ser de afetos, com suas faces afetivas plenas de vida; um ser de vínculos, com sua humanidade ao lado de outras humanidades; um ser de espiritualidade, diante de sua relação com o Criador). Eis a espera ativa, inquieta, que não finge e enfrenta as tensões e as oposições da vida, que não finge para as perdas e as decepções, que duvida e se entristece. Além da espera, citada, acima, como não se frustrar, como muitos, por tentarem alcançar essa esperança, por si mesmos, tão, comumente, visto nos religiosos? Ainda podemos aceitar sermos invadidos por essas esperanças, mesmo diante das nossas falhas, das nossas torpezas, das nossas mancadas, das nossas indiferenças, das nossas fragilidades, das nossas escolhas desastrosas?

Quem espera não se engana, trilha pelas tensões e inquietações e por uma honesta postura de que o novo começa a criar forma e conteúdo, em nós.
São Paulo - SP
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