Palavra do leitor
- 27 de setembro de 2017
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Cura Gay, uma perspectiva de um cristão, que é psicólogo
As marolas sobre o acalorado debate sobre a cura gay ainda estão por aí, num efeito retardado da polêmica que dominou boa parte do noticiário, agora na forma de estatísticas de morte de gays no Brasil e casos de sucesso, não da cura, mas de como a psicologia ajudou alguém a sair do armário e o resultado feliz, num papel que indicam ser o único possível a esta profissão.
A pergunta que não quer calar é: gay tem cura? A resposta é mais complicada do que desejam defensores e detratores da questão. Primeiro que a expressão "cura gay" foi inventada pela imprensa e militância com uma clara intenção de distratar e ridicularizar pessoas que de algum modo ofertassem publicamente algum tipo de ajuda psicológica e/ou espiritual para gays.
Sim, é verdade que "tratamentos" no passado causaram terríveis danos a muitas pessoas. Estamos falando das mais absurdas formas de submeter alguém, sem amparo científico nenhum, a verdadeiras torturas com "choques terapêuticos" e sevícias de todo tipo com resultados psicológicos danosos. Hoje, o CFP e a imprensa fazem o mesmo paralelo para aqueles que ao menos atendem um gay que sofre nesta condição.
O fato da OMS e a Associação Psiquiátrica Americana terem retirado do rol de doenças (CID e DSM) a condição gay, não significa que esta situação não tenha muitos problemas psicológicos passíveis de serem cuidados. E não importa a razão aqui.
Com a famigerada expressão – cura gay – criou-se um campo fértil não para a discussão sensata e técnica, mas para a estigmatização de qualquer pessoa que se aventure desavisadamente neste terreno pantanoso. Digo de forma desavisada porque tenho visto um misto de despreparo com laivos de ignorância em alguns psicólogos que se apresentam como cristãos defendendo claramente algum tipo de, para usar o termo da moda, reorientação sexual.
Resultado, temos assistido a um debate polarizado: uma psicologia religiosa, por assim dizer, de um lado e a contrafação científica do outro e no meio uma imprensa completamente parcial fazendo o papel de longa manus da militância gay, inclusive invadindo a privacidade e até mesmo usando ardis para expor quem ousa, seja lá por qual motivo, se opor à "verdade" suprema dos gays.
A famosa resolução, pela qual todo o CFP se orgulha tanto, não tem sido enfrentada em seus próprios termos, ou seja, com as armas da lógica, do que define a prática psicológica. Discuti esta questão aqui. A Resolução CFP 1/1999 é um primor de paternalismo frouxo e arrogância. Ela repisa, pelo viés ideológico, tudo o que já está previsto no Código de Ética da profissão.
Ela invade a intimidade do setting psicológico como quem derruba a porta a pesadas e agride ao psicólogo que representa e ao cliente gay, no caso. Determina o absurdo de que um profissional não atenda a demanda de alguém que, honestamente, sofre com uma orientação sexual. Se o profissional for atender, apenas pode (e deve, pelo visto) ajudar a pessoa a se assumir, mesmo que ela tenha problemas com isso.
Quer dizer, a pessoa gay ou suposta, não sabe o que quer, não tem autonomia, é prisioneira de uma única forma "certa" de tratar a questão e, pior, é um ser apenas definido por sua sexualidade. Quem é que é patologiza aqui?
A Resolução dá como certa algo que, absolutamente, está longe de ter apenas uma explicação originária e determina que a mais leve inclinação à homossexualidade é prova cabal de que a pessoa é, mesmo que ela resista a esta condição ou a ignore. Se resiste, é porque é vítima do status quo machista, patriarcal, fundamentalista, etc. Olha a que chegamos!
A Resolução da forma como está, nunca pretendeu nada mais que um tipo de protagonismo tolo e desnecessário como já dito. O CFP ex cathedra desvirtua sua função e presta um desserviço a uma questão tão delicada, apenas no afã de atender às posições ideológicas de grupos que lhe tomaram de assalto.
Por fim, causa-me estranheza que psicólogos usem o nome "cristão" associado à sua prática profissional. A que atende esta etiqueta? Admira-me esta fixação neste tema de reorientação sexual, como se fosse uma missão divina. Um psicólogo realiza seu trabalho com quem for, se puder se sustentar teórica e emocionalmente. Isso inclui atender gays, um pedófilo, um assassino de crianças.
Enquanto o debate for determinado por rótulos – psicólogos e judiciário cristãos X CFP, sociedade e imprensa modernos – não se chegará a lugar nenhum. Será que os dois grupos não querem exatamente isso?
A pergunta que não quer calar é: gay tem cura? A resposta é mais complicada do que desejam defensores e detratores da questão. Primeiro que a expressão "cura gay" foi inventada pela imprensa e militância com uma clara intenção de distratar e ridicularizar pessoas que de algum modo ofertassem publicamente algum tipo de ajuda psicológica e/ou espiritual para gays.
Sim, é verdade que "tratamentos" no passado causaram terríveis danos a muitas pessoas. Estamos falando das mais absurdas formas de submeter alguém, sem amparo científico nenhum, a verdadeiras torturas com "choques terapêuticos" e sevícias de todo tipo com resultados psicológicos danosos. Hoje, o CFP e a imprensa fazem o mesmo paralelo para aqueles que ao menos atendem um gay que sofre nesta condição.
O fato da OMS e a Associação Psiquiátrica Americana terem retirado do rol de doenças (CID e DSM) a condição gay, não significa que esta situação não tenha muitos problemas psicológicos passíveis de serem cuidados. E não importa a razão aqui.
Com a famigerada expressão – cura gay – criou-se um campo fértil não para a discussão sensata e técnica, mas para a estigmatização de qualquer pessoa que se aventure desavisadamente neste terreno pantanoso. Digo de forma desavisada porque tenho visto um misto de despreparo com laivos de ignorância em alguns psicólogos que se apresentam como cristãos defendendo claramente algum tipo de, para usar o termo da moda, reorientação sexual.
Resultado, temos assistido a um debate polarizado: uma psicologia religiosa, por assim dizer, de um lado e a contrafação científica do outro e no meio uma imprensa completamente parcial fazendo o papel de longa manus da militância gay, inclusive invadindo a privacidade e até mesmo usando ardis para expor quem ousa, seja lá por qual motivo, se opor à "verdade" suprema dos gays.
A famosa resolução, pela qual todo o CFP se orgulha tanto, não tem sido enfrentada em seus próprios termos, ou seja, com as armas da lógica, do que define a prática psicológica. Discuti esta questão aqui. A Resolução CFP 1/1999 é um primor de paternalismo frouxo e arrogância. Ela repisa, pelo viés ideológico, tudo o que já está previsto no Código de Ética da profissão.
Ela invade a intimidade do setting psicológico como quem derruba a porta a pesadas e agride ao psicólogo que representa e ao cliente gay, no caso. Determina o absurdo de que um profissional não atenda a demanda de alguém que, honestamente, sofre com uma orientação sexual. Se o profissional for atender, apenas pode (e deve, pelo visto) ajudar a pessoa a se assumir, mesmo que ela tenha problemas com isso.
Quer dizer, a pessoa gay ou suposta, não sabe o que quer, não tem autonomia, é prisioneira de uma única forma "certa" de tratar a questão e, pior, é um ser apenas definido por sua sexualidade. Quem é que é patologiza aqui?
A Resolução dá como certa algo que, absolutamente, está longe de ter apenas uma explicação originária e determina que a mais leve inclinação à homossexualidade é prova cabal de que a pessoa é, mesmo que ela resista a esta condição ou a ignore. Se resiste, é porque é vítima do status quo machista, patriarcal, fundamentalista, etc. Olha a que chegamos!
A Resolução da forma como está, nunca pretendeu nada mais que um tipo de protagonismo tolo e desnecessário como já dito. O CFP ex cathedra desvirtua sua função e presta um desserviço a uma questão tão delicada, apenas no afã de atender às posições ideológicas de grupos que lhe tomaram de assalto.
Por fim, causa-me estranheza que psicólogos usem o nome "cristão" associado à sua prática profissional. A que atende esta etiqueta? Admira-me esta fixação neste tema de reorientação sexual, como se fosse uma missão divina. Um psicólogo realiza seu trabalho com quem for, se puder se sustentar teórica e emocionalmente. Isso inclui atender gays, um pedófilo, um assassino de crianças.
Enquanto o debate for determinado por rótulos – psicólogos e judiciário cristãos X CFP, sociedade e imprensa modernos – não se chegará a lugar nenhum. Será que os dois grupos não querem exatamente isso?
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