Cuidar até o fim

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O título deste artigo é o nome do livro que acabo de ler. Um dos mais intrigantes, profundos e desafiadores para mim. Acostumado a leituras mais ligadas aos campos da teologia, religião, filosofia e afins, desta vez me vi diante de um tema complexo escrito por uma profissional da medicina, mas que também é poeta (descobri depois).

O livro fala sobre algo sobre o qual muitos, independente de religião ou de filosofia de vida, temem e não estão preparados ou dispostos para falar a respeito. Até mesmo boa parte das igrejas e seus líderes demonstram desconhecimento para enfrentar esta personagem tão real na nossa caminhada e ajudar os que são visitados por ela todos os dias. Acho que é o primeiro livro que li escrito por uma médica. E que profissional gigante é essa mulher. Foi capaz de tratar de um assunto tão difícil de maneira tão bela e suave.

Todos precisamos aprender mais sobre a Morte e sobre como cuidar daqueles que estão nos seus últimos suspiros. Não apenas os profissionais da saúde, mas todos nós deveríamos nos debruçar para aprender mais sobre como encarar de maneira positiva e esperançosa os últimos momentos de um ser humano. E a autora, Ana Cláudia Quintana Arantes, mostra que, incrivelmente, esses momentos podem e devem ser ressignificados trazendo conforto, dignidade e paz aos que partem e consolo aos que ficam.

Falando da importância dos cuidados paliativos para os que estão na fase terminal de uma doença e de como, muitas vezes, o tratamento medicamentoso traz prejuízos aos pacientes em vez de curá-los, a escritora salienta a necessidade de se humanizar o ambiente e o momento delicado por que passa o paciente a fim de se amenizar ao máximo sua dor e prepará-lo para o momento final da sua partida, que poderá ser o mais sublime de sua trajetória.

Prepare seu coração e esteja pronto para aprender sobre esta realidade comum a todos os humanos de todas as classes e crenças. Finalizo com o provérbio africano: "Quando a morte chegar, que ela lhe encontre com vida". Sim, infelizmente muitos já se entregaram e vivem como mortos em corpos ainda vivos. Muitos ao nosso redor precisam aprender com o velho Platão quando afirmou: "Não basta existir; é preciso viver". E cuidar até o fim de quem amamos faz parte desse processo.

Tony Oliveira - Autor dos livros "Pingos da Graça" e "Cartas do Atlântico"
e coautor na antologia "Arquétipos do Absurdo".
Para outros textos do autor, acesse: https://pingosdagraca.wordpress.com/
Contato: faos.ead@gmail.com INSTAGRAM: @tonyoliveira_69

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Opinião do leitor