Palavra do leitor
- 02 de maio de 2010
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Cristianização ou evangelização?
Já faz algum tempo que este tema me incomoda. Reportagem recente sobre a última viagem de Bento XVI trouxe uma frase sobre a ilha de Malta: "...cristianizada pelo apóstolo..." Será que os dois termos são sinônimos ou expressam diferentes realidades?
Particularmente entendo evangelização como o ato de divulgar o Evangelho de nosso Senhor ressurreto, Cristo Jesus, de modo a possibilitar, a quem com ele toma contato, a possibilidade de livre escolha: aceito ou não o sacrifício voluntário de Jesus na cruz, morrendo a minha morte, pagando o preço do meu pecado? A escolha entre sim e não é informada, livre de constrangimentos de qualquer natureza, que deve acarretar modificações de maior ou menor monta na vida daquele que diz sim (depende de sua história de vida e inserção social); eventualmente, pode significar perda de prestígio, de poder econômico, de poder político, de familiares, e, em alguns rincões, da própria vida.
Esta aceitação, ou nascer de novo no jargão tradicional (emprestado do diálogo entre o carpinteiro Jesus e o fariseu Nicodemos em Jo 3), não é uma troca ou um negócio: minha aceitação do sacrifício para que eu receba a vida eterna; ou receba a bênção A ou a bênção B. Ela é absoluta no sentido de que nada se espera em troca; absoluta porque consequência de uma convicção profunda que nada pode exigir frente à monstruosidade do meu pecado e a imensidão da graça do perdão gratuito e imerecido ofertado pela cruz e pelo túmulo vazio.
Ela é livre por demanda do próprio Senhor Jesus, que livremente aceita a paixão mesmo sabendo que a esmagadora maioria da humanidade a recusará (a partir da ótica do livre arbítrio, por amor de toda a humanidade mesmo daquela porção que negará Seu sacrifício e Seu senhorio). Livre por Sua demanda porque há um preço a pagar - na verdade, consequência ética óbvia. Quem rouba, que não roube mais;quem mente, que não minta mais. Um processo permanente de revisão de vida e de adequação, às vezes sofrida, à ética do Reino de Deus. Este não é a minha parte no acordo - é consequência necessária de toda confissão verdadeira.
Cristianização é quando a ética do Reino é imposta àqueles que não confessam que Jesus morreu pelos seus pecados. É o estabelecimento, por coerção moral, legal ou violenta, das normas do Reino àqueles que não as desejam e que não escolheram viver sob elas. Junto delas vêm os símbolos, as histórias, as datas...
Enquanto evangelização é um dos mandamentos divinos (e não o único, ou o mais importante), cristianização é uma deturpação diabólica, porque traz a aparência de conversão, mas os corações continuam afastados do Evangelho, intocados por Ele. Provavelmente, cristianização é uma pedra de tropeço à evangelização, e imensa.
Muitos acreditam que a salvação da sociedade moderna, que jamais será majoritariamente cristã, seja sua cristianização, que a tornaria menos imperfeita.
Todas as vezes em que isto foi tentado pela igreja, houve violência, sangue, dor e morte. Vide a idade média e as guerras de religião na Europa, assim como a invasão das Américas.
A aliança com Israel é, de certo modo, o protótipo da cristianização. Como ela era? As crianças nasciam no seio de uma sociedade já pronta, com toda cultura e religião, e não a escolhiam; eram forçadas a ela. E qual o juízo dos profetas sobre ela? Que Deus era honrado com os lábios, e não com os corações; que estes eram de pedra, e não de carne.
A segundo aliança, feita pelo sangue e corpo de Cristo, é o protótipo da segunda. Adere quem quer, que atende ao chamado, modificando a si mesmo e, à medida da graça divina, o microambiente imediato.
Creio que o mundo está farto de cristianização...
--
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www.medicinaeciencia.med.br
www.bioeticaefecrista.med.br
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Esta aceitação, ou nascer de novo no jargão tradicional (emprestado do diálogo entre o carpinteiro Jesus e o fariseu Nicodemos em Jo 3), não é uma troca ou um negócio: minha aceitação do sacrifício para que eu receba a vida eterna; ou receba a bênção A ou a bênção B. Ela é absoluta no sentido de que nada se espera em troca; absoluta porque consequência de uma convicção profunda que nada pode exigir frente à monstruosidade do meu pecado e a imensidão da graça do perdão gratuito e imerecido ofertado pela cruz e pelo túmulo vazio.
Ela é livre por demanda do próprio Senhor Jesus, que livremente aceita a paixão mesmo sabendo que a esmagadora maioria da humanidade a recusará (a partir da ótica do livre arbítrio, por amor de toda a humanidade mesmo daquela porção que negará Seu sacrifício e Seu senhorio). Livre por Sua demanda porque há um preço a pagar - na verdade, consequência ética óbvia. Quem rouba, que não roube mais;quem mente, que não minta mais. Um processo permanente de revisão de vida e de adequação, às vezes sofrida, à ética do Reino de Deus. Este não é a minha parte no acordo - é consequência necessária de toda confissão verdadeira.
Cristianização é quando a ética do Reino é imposta àqueles que não confessam que Jesus morreu pelos seus pecados. É o estabelecimento, por coerção moral, legal ou violenta, das normas do Reino àqueles que não as desejam e que não escolheram viver sob elas. Junto delas vêm os símbolos, as histórias, as datas...
Enquanto evangelização é um dos mandamentos divinos (e não o único, ou o mais importante), cristianização é uma deturpação diabólica, porque traz a aparência de conversão, mas os corações continuam afastados do Evangelho, intocados por Ele. Provavelmente, cristianização é uma pedra de tropeço à evangelização, e imensa.
Muitos acreditam que a salvação da sociedade moderna, que jamais será majoritariamente cristã, seja sua cristianização, que a tornaria menos imperfeita.
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A aliança com Israel é, de certo modo, o protótipo da cristianização. Como ela era? As crianças nasciam no seio de uma sociedade já pronta, com toda cultura e religião, e não a escolhiam; eram forçadas a ela. E qual o juízo dos profetas sobre ela? Que Deus era honrado com os lábios, e não com os corações; que estes eram de pedra, e não de carne.
A segundo aliança, feita pelo sangue e corpo de Cristo, é o protótipo da segunda. Adere quem quer, que atende ao chamado, modificando a si mesmo e, à medida da graça divina, o microambiente imediato.
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