Palavra do leitor
- 04 de junho de 2016
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Cristianismo sensual: a espiritualidade do prazer
O modus-operandi do cristianismo pós-moderno não é diferente da lógica mercadológica deste século: a religiosidade cristã evangélica é definida como consumo e prazer. Nossa religiosidade migrou do coletivo para o individualismo, passando a servir as necessidades egocêntricas do Narciso evangélico, satisfazendo seus desejos hedonistas. Consumimos os cultos evangélicos buscando experiências lúdicas, enxergamos nas denominações um espaço para o prazer espiritual. O hedonismo está inconscientemente presente nas mentes evangélicas.
O marketing da sedução não é exclusivo do secularismo. A sociedade de consumo está definida pela prática de seduzir o consumidor: vendem-se prazeres e felicidades, tirando o foco da mercadoria, tentando o comprador pelo desejo hedonista. As mercadorias oferecem sensações, prometem conforto, salientando as experiências prazerosas, as quais virão com o advento do produto. A cultura da felicidade no objeto e do eterno presente paradisíaco, iniciado com o capitalismo de consumo, subjulga todas as esferas da existência humana, colocando também a religiosidade como meio de se obter gozo. Espiritualidade virou sinônimo de sensações prazerosas.
Na antiguidade, o cristianismo trouxe a noção de cultura-mundo, onde seus ideais de reino dos céus, principalmente depois da apresentação de Agostinho da cidade de Deus, criavam um senso missionário, surgindo à noção de cosmopolitismo, sendo um valor que constituía a antiga tradição intelectual e religiosa do Ocidente. A Grécia antiga já apresentava este entendimento de participação de um todo, mas é no cristianismo que o ideal missionário acaba por exaltar a unidade do gênero humano. A religiosidade cristã trouxe um idealismo ético e tradicional, proporcionando o sentimento nacionalista, demarcando o conceito de civilização cristã. Agora, vivemos sobre um novo conceito de cultura-mundo, apresentando-se como universal, porém sem traços de idealismo, pautado sobre os mesmo modelos de valores e normas absolutizados pela sociedade de hiperconsumo.
Na nova sociedade de pluralidade e fragmentação religiosa, o individuo não pode mais contar com um sistema de valores e pontos de referencia fixos. Novos espaços de produção cultural são criados, tornando o exercício do consumo algo padronizado moldando as relações dos indivíduos. O indivíduo, depois de ter perdido seu referencial ideal, seu modelo único de normas, valores e objetivos que a religião por muito tempo lhe ofereceu, encontra agora num mundo sem fronteiras, sem traços concretos, sua identidade, seu estilo, seu sentido e valores.
Neste mundo pós-moderno a espiritualidade já não tem traços essencialmente religiosos, pois os dogmas e a ortodoxia são descartados, buscando-se experiências e emoções que deem prazer a alma do indivíduo. A espiritualidade na sociedade de consumo toma sentido existencial, onde a vontade é desafogar os conflitos emocionais, buscando uma religiosidade do alívio imediato, através de experiências transcendentais. Nesta perspectiva, as religiões orientais são adaptadas ao ocidente, ganhando espaço as massagens indianas, o yoga, a nova era, juntando força com as denominações cristãs sincretizadas, costumeiramente denominadas “avivadas”. A religiosidade das sensações prazerosas está abolindo a religião da tradição.
Em boa parte dos cultos cristãos existe uma emulação dos templos gregos e de seus rituais de sensibilidade e gozo. Mesmo que não se pratique ritos sexualizados, como nas orgias em reverência a deusa do amor, há hoje nos templos do mundo gospel uma atmosfera de experiências. Os cultos são convidativos a loucura, ao “perder a cabeça” naquilo que se costumou chamar de unção. As músicas, em semelhança aos mantras eróticos dos templos antigos, enfatizam o toque de Deus, o sentir romântico, colocando o divino como um ser-amante. São canções intimistas, sempre focadas no prazer do indivíduo em seu momento de experiência mística com o objeto de sua adoração. Já as pregações enfatizam a vitória, como meio de satisfazer os desejos de afirmação do Narciso evangélico. Fala-se de uma santidade ilusória, nunca voltada para o caráter ético de socialização, como ferramenta de satisfazer o ego gospel, tornando este merecedor da benção divina, dando a sensação ao indivíduo de ser uma espécie de semideus. São cultos onde o indivíduo toma o lugar do divino, passando a ter a total devoção da denominação, que canta aquilo que agrada o adorador cliente e que prega objetivando satisfazer o ego narcisista evangélico.
Este cristianismo do novo milênio é sensualista, dando ênfase ao hedonismo da auto adoração, firmando-se no prazer em experimentar sensações místicas. Já não é uma religião da ortodoxia, da racionalidade e do livro, mas sim uma religiosidade tipicamente pós-moderna.
O marketing da sedução não é exclusivo do secularismo. A sociedade de consumo está definida pela prática de seduzir o consumidor: vendem-se prazeres e felicidades, tirando o foco da mercadoria, tentando o comprador pelo desejo hedonista. As mercadorias oferecem sensações, prometem conforto, salientando as experiências prazerosas, as quais virão com o advento do produto. A cultura da felicidade no objeto e do eterno presente paradisíaco, iniciado com o capitalismo de consumo, subjulga todas as esferas da existência humana, colocando também a religiosidade como meio de se obter gozo. Espiritualidade virou sinônimo de sensações prazerosas.
Na antiguidade, o cristianismo trouxe a noção de cultura-mundo, onde seus ideais de reino dos céus, principalmente depois da apresentação de Agostinho da cidade de Deus, criavam um senso missionário, surgindo à noção de cosmopolitismo, sendo um valor que constituía a antiga tradição intelectual e religiosa do Ocidente. A Grécia antiga já apresentava este entendimento de participação de um todo, mas é no cristianismo que o ideal missionário acaba por exaltar a unidade do gênero humano. A religiosidade cristã trouxe um idealismo ético e tradicional, proporcionando o sentimento nacionalista, demarcando o conceito de civilização cristã. Agora, vivemos sobre um novo conceito de cultura-mundo, apresentando-se como universal, porém sem traços de idealismo, pautado sobre os mesmo modelos de valores e normas absolutizados pela sociedade de hiperconsumo.
Na nova sociedade de pluralidade e fragmentação religiosa, o individuo não pode mais contar com um sistema de valores e pontos de referencia fixos. Novos espaços de produção cultural são criados, tornando o exercício do consumo algo padronizado moldando as relações dos indivíduos. O indivíduo, depois de ter perdido seu referencial ideal, seu modelo único de normas, valores e objetivos que a religião por muito tempo lhe ofereceu, encontra agora num mundo sem fronteiras, sem traços concretos, sua identidade, seu estilo, seu sentido e valores.
Neste mundo pós-moderno a espiritualidade já não tem traços essencialmente religiosos, pois os dogmas e a ortodoxia são descartados, buscando-se experiências e emoções que deem prazer a alma do indivíduo. A espiritualidade na sociedade de consumo toma sentido existencial, onde a vontade é desafogar os conflitos emocionais, buscando uma religiosidade do alívio imediato, através de experiências transcendentais. Nesta perspectiva, as religiões orientais são adaptadas ao ocidente, ganhando espaço as massagens indianas, o yoga, a nova era, juntando força com as denominações cristãs sincretizadas, costumeiramente denominadas “avivadas”. A religiosidade das sensações prazerosas está abolindo a religião da tradição.
Em boa parte dos cultos cristãos existe uma emulação dos templos gregos e de seus rituais de sensibilidade e gozo. Mesmo que não se pratique ritos sexualizados, como nas orgias em reverência a deusa do amor, há hoje nos templos do mundo gospel uma atmosfera de experiências. Os cultos são convidativos a loucura, ao “perder a cabeça” naquilo que se costumou chamar de unção. As músicas, em semelhança aos mantras eróticos dos templos antigos, enfatizam o toque de Deus, o sentir romântico, colocando o divino como um ser-amante. São canções intimistas, sempre focadas no prazer do indivíduo em seu momento de experiência mística com o objeto de sua adoração. Já as pregações enfatizam a vitória, como meio de satisfazer os desejos de afirmação do Narciso evangélico. Fala-se de uma santidade ilusória, nunca voltada para o caráter ético de socialização, como ferramenta de satisfazer o ego gospel, tornando este merecedor da benção divina, dando a sensação ao indivíduo de ser uma espécie de semideus. São cultos onde o indivíduo toma o lugar do divino, passando a ter a total devoção da denominação, que canta aquilo que agrada o adorador cliente e que prega objetivando satisfazer o ego narcisista evangélico.
Este cristianismo do novo milênio é sensualista, dando ênfase ao hedonismo da auto adoração, firmando-se no prazer em experimentar sensações místicas. Já não é uma religião da ortodoxia, da racionalidade e do livro, mas sim uma religiosidade tipicamente pós-moderna.
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