Palavra do leitor
- 01 de junho de 2008
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Cristianismo made in China: experiência no deserto
"Desde que a Igreja Cristã deixou de ser um movimento subversivo dentro do mundo romano e tornou-se aliada do poder econômico, social e político, o próprio discipulado cristão transformou-se numa subespécie do gênero religião... Em tal clima é impossível ver a singularidade de Jesus Cristo" (Vinoth Ramachandra, a falência dos deuses).
Muitos, como eu, recebemos as boas novas cruas, embaladas e importadas até nós como um produto ou serviço religioso sem entendermos exactamente com o quê e com quêm estávamos a nos envolver. Boas novas estas que apenas consistiam (ou consistem) como resume Ramachandra: "oferecer paz em sua alma, como chegar ao céu, saúde e prosperidade, cura interior, a resposta para seus problemas" e assim por diante.
Já faz algum tempo que venho me questionando da originalidade e qualidade deste tipo de cristianismo que resume a fé num simples meio de obter segurança emocional ou benção material para esta vida e um apólice de seguro para a próxima. Vivendo na minha "zona de conforto", envolvido em muitos "eventos, shows, churrascos e programas religiosos" tornava quase imperceptível ou sem relevância analisar as questões profundas (entenda-se "inconvenientes") da fé.
Hoje, vivendo o dia a dia na China, enfrentando constantes questionamentos e ataques a fé, convivendo com um ateísmo militante, tornou-se inevitável repensar na qualidade e na originalidade da fé cristã. Questionar seus dogmas e tradições sua historicidade e racionalidade, seus hábito e costumes. Bem como analizar cuidadosamente o que se pode abrir mão e o que é inegociável, apreendi a ser tolerante sem se dobrar a outros deuses... a ser humilde sem ser passivo! Estar rodeado de vários deuses, contudo sem perder de vista a exclusividade e singularidade de Jesus!
Cultuando numa pequena igreja local, prestando atenção na forma de cultuar, a disposição dos assentos, prioridades na programação (comunhão ao invés de "shows") tipo e foco da mensagem (ênfase na cruz e ressurreição sem ser utopista) faz me reconstruir a imagem da igreja do primeiro século da era cristã que não poucas vezes contrasta com o lixo e absurdo praticado nos nossos dias no santo nome de Deus em alguns países até considerados cristãos! Notei também que a inexistência de "megatemplos" e de pastores assalariados, faz com que a mensagem sobre dízimo e ofertas assuma a tônica de compromisso e fidelidade, focalizando na questão de santidade, de como são adquiridos estes recursos e o que se faz com o resto do dinheiro depois de entregue o dízimo...
A vida aqui nesta parada oferece "compêndios" para voltar a redefinir muitos "chavões evangélicos", seu contexto e aplicação na vida diária. E se expor diante de Deus sem reservas e até manifestar ira e descontentamento ao invés de abafar com hinos ou "amuletos de versículos" decorados, fingindo que esta tudo bem... Fazendo isso, aprendi a celebrar a graça e a misercórdia de Deus, mesmo diante dos aspectos negativos da vida, apreendi a conviver com espinhos na carne diante da escuridão de uma oração não respondida; a carregar a cruz e seguir para o alvo... confesso que desisti de organizar a minha vida esperando milagrosos livramentos divinos. Agora compreendo Ricardo Gondim ao afirmar: "eu creio em milagres, mas não espero por eles; celebro a onipotência, mas recuso me a apelar qualquer forca que me de vantagem sobre os outros; não nego a soberania de Javé, mas não acredito que a vida esteja presa a trilhos inexoráveis; oro mas não entendo que a função da prece se restrinja a conseguir mais benção".
O ambiente aqui, fornece um condimento para repensar seriamente nas nossas motivações ao seguir a Jesus! Os inimigos da cruz descritos em Fp 3:18,19 são expostos. Tira-se a "prova dos noves" entre os que busca a face do Senhor e os que apenas buscam a sua "mão abencoadora".
China, apesar de tudo, parece-me ser uma boa incubadora dum cristianismo puro e simples...
Agora estou confuso! Já não sei o que é bom para o cristianismo: a perseguição ou a liberdade!
Senhor!... seja na perseguição ou na liberdade quero continuar a te buscar com mesma fé e amor.... e em todo tempo sejam brancas as minhas veste e que nunca falte azeite sobre a minha cabeça (Ec 9:8). Amém.
Muitos, como eu, recebemos as boas novas cruas, embaladas e importadas até nós como um produto ou serviço religioso sem entendermos exactamente com o quê e com quêm estávamos a nos envolver. Boas novas estas que apenas consistiam (ou consistem) como resume Ramachandra: "oferecer paz em sua alma, como chegar ao céu, saúde e prosperidade, cura interior, a resposta para seus problemas" e assim por diante.
Já faz algum tempo que venho me questionando da originalidade e qualidade deste tipo de cristianismo que resume a fé num simples meio de obter segurança emocional ou benção material para esta vida e um apólice de seguro para a próxima. Vivendo na minha "zona de conforto", envolvido em muitos "eventos, shows, churrascos e programas religiosos" tornava quase imperceptível ou sem relevância analisar as questões profundas (entenda-se "inconvenientes") da fé.
Hoje, vivendo o dia a dia na China, enfrentando constantes questionamentos e ataques a fé, convivendo com um ateísmo militante, tornou-se inevitável repensar na qualidade e na originalidade da fé cristã. Questionar seus dogmas e tradições sua historicidade e racionalidade, seus hábito e costumes. Bem como analizar cuidadosamente o que se pode abrir mão e o que é inegociável, apreendi a ser tolerante sem se dobrar a outros deuses... a ser humilde sem ser passivo! Estar rodeado de vários deuses, contudo sem perder de vista a exclusividade e singularidade de Jesus!
Cultuando numa pequena igreja local, prestando atenção na forma de cultuar, a disposição dos assentos, prioridades na programação (comunhão ao invés de "shows") tipo e foco da mensagem (ênfase na cruz e ressurreição sem ser utopista) faz me reconstruir a imagem da igreja do primeiro século da era cristã que não poucas vezes contrasta com o lixo e absurdo praticado nos nossos dias no santo nome de Deus em alguns países até considerados cristãos! Notei também que a inexistência de "megatemplos" e de pastores assalariados, faz com que a mensagem sobre dízimo e ofertas assuma a tônica de compromisso e fidelidade, focalizando na questão de santidade, de como são adquiridos estes recursos e o que se faz com o resto do dinheiro depois de entregue o dízimo...
A vida aqui nesta parada oferece "compêndios" para voltar a redefinir muitos "chavões evangélicos", seu contexto e aplicação na vida diária. E se expor diante de Deus sem reservas e até manifestar ira e descontentamento ao invés de abafar com hinos ou "amuletos de versículos" decorados, fingindo que esta tudo bem... Fazendo isso, aprendi a celebrar a graça e a misercórdia de Deus, mesmo diante dos aspectos negativos da vida, apreendi a conviver com espinhos na carne diante da escuridão de uma oração não respondida; a carregar a cruz e seguir para o alvo... confesso que desisti de organizar a minha vida esperando milagrosos livramentos divinos. Agora compreendo Ricardo Gondim ao afirmar: "eu creio em milagres, mas não espero por eles; celebro a onipotência, mas recuso me a apelar qualquer forca que me de vantagem sobre os outros; não nego a soberania de Javé, mas não acredito que a vida esteja presa a trilhos inexoráveis; oro mas não entendo que a função da prece se restrinja a conseguir mais benção".
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China, apesar de tudo, parece-me ser uma boa incubadora dum cristianismo puro e simples...
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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