Palavra do leitor
- 20 de dezembro de 2010
- Visualizações: 2325
- 4 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
Cristianismo e cristandade: os judeus e eu
Dois rabinos conversavam animadamente. E por serem muito amigos, certamente podiam compartilhar tudo que quisessem um com o outro. Durante o jantar e mais tarde, até altas horas da noite, resolveram discutir sobre a questão da existência ou não de Deus. Chegaram à conclusão de que Deus realmente não existe. Exaustos, foram dormir.
No dia seguinte, logo de manhã, um dos rabinos acorda e ao procurar pelo amigo não o localiza. Sai procurando-o e por fim acha-o no jardim fazendo suas preces e cumprindo os rituais Judaicos! Surpreso, o outro lhe pergunta:
- “Convenhamos! O que é que você está fazendo?”
- “Não vês que estou fazendo as minhas orações matinais!”
- “Pois é exatamente isso que me espanta! Conversamos ontem o tempo todo e você me disse que tinha chegado à conclusão de que Deus não existe, e vem você agora me dizer que fazes as orações e os rituais!?”
Vira-se o rabino e calmamente responde ao outro:
- “E o que é que Deus tem a ver com isso?”
Humor Judaico. Tem, porém, algo mais nisso aí: tradição. A tradição é um forte componente, rico e generoso, que faz com que nós freqüentemente esquecemos que fazemos parte dela, a Judaico-Cristã. Se você é do tipo que não tem senso de humor, pare de ler o que estou escrevendo e vá fazer outra coisa, inclusive na vida. E cuide-se para não ler Frankl. Meu pai costumava dizer, e minha mãe concordava com ele, que o mais importante não é saber para onde vamos, mas de onde viemos.
Onde eu moro é um belo condomínio. Tem muita gente aqui com carro importado, juízes e promotores e dinheiro, além do que, as casas são lindas. Alguns condôminos que moram aqui saíram da ‘favela’; mas em muitos a ‘favela’ não saiu deles. Dinheiro não compra tradição. São os novos ricos na mais perfeita cultura típica de shopping. E na fé, adotam o tradicional animismo travestido de Cristianismo. Agora refinado com dinheiro.
Tradição é um traço cultural interessantíssimo. Estive em Bangladesh. A cultura é outra, a tradição lá não guarda muita relação com a minha, Ocidental. Imagino se eu tivesse nascido lá, dificilmente teria sido educado na tradição Judaico-Cristã. Provavelmente seria Muçulmano e minha visão do mundo seria outra.
Como é que eu teria sido se na adolescência e mocidade eu tivesse bebido na tradição Islâmica ou Judaica? E se eu não concordasse com o Cristianismo mais? E se eu me opusesse a ele? Agora não adianta mais, direi a mim mesmo. O que seria eu sem a rica tradição Cristã? Não consigo imaginar!
Minha educação e formação devo ao Cristianismo. Devo quase tudo do que sou e penso. Suas festividades, tristezas, seu jeito de encarar o mundo e a realidade, alegrias, formas e as instituições que prezo, também vieram dele.
Eis a tradição Cristã. Posso, como qualquer um, abandonar a fé, mudar para outro país, vestir aquelas roupas estranhas e desengonçadas como fiz em Bangladesh. Mas o que seria isso? O que seria o Ocidente, sem o Cristianismo, o mundo Ocidental sem a tradição Judaico-Cristã? Ou, como escreveu André Comte-Sponville, o que resta do Ocidente Cristão quando ele já não é Cristão?
Se todo Muçulmano tem de ir a Meca uma vez na vida, todo Cristão tem, pelo menos uma vez na vida, de visitar algum campo de concentração e de extermínio (duas coisas diferentes), ou o Museu do Holocausto em Washington, DC.
Como dizia meu pai, não temos que saber para onde iremos, mas temos que saber exatamente de onde saímos para entender como poderemos chegar onde queremos. Uns irão de Cristianismo, outros de Cristandade.
A velha piada do judeu que se dizia ateu volta à baila aqui: “Deus não existe, mas somos seu povo eleito!”.
No dia seguinte, logo de manhã, um dos rabinos acorda e ao procurar pelo amigo não o localiza. Sai procurando-o e por fim acha-o no jardim fazendo suas preces e cumprindo os rituais Judaicos! Surpreso, o outro lhe pergunta:
- “Convenhamos! O que é que você está fazendo?”
- “Não vês que estou fazendo as minhas orações matinais!”
- “Pois é exatamente isso que me espanta! Conversamos ontem o tempo todo e você me disse que tinha chegado à conclusão de que Deus não existe, e vem você agora me dizer que fazes as orações e os rituais!?”
Vira-se o rabino e calmamente responde ao outro:
- “E o que é que Deus tem a ver com isso?”
Humor Judaico. Tem, porém, algo mais nisso aí: tradição. A tradição é um forte componente, rico e generoso, que faz com que nós freqüentemente esquecemos que fazemos parte dela, a Judaico-Cristã. Se você é do tipo que não tem senso de humor, pare de ler o que estou escrevendo e vá fazer outra coisa, inclusive na vida. E cuide-se para não ler Frankl. Meu pai costumava dizer, e minha mãe concordava com ele, que o mais importante não é saber para onde vamos, mas de onde viemos.
Onde eu moro é um belo condomínio. Tem muita gente aqui com carro importado, juízes e promotores e dinheiro, além do que, as casas são lindas. Alguns condôminos que moram aqui saíram da ‘favela’; mas em muitos a ‘favela’ não saiu deles. Dinheiro não compra tradição. São os novos ricos na mais perfeita cultura típica de shopping. E na fé, adotam o tradicional animismo travestido de Cristianismo. Agora refinado com dinheiro.
Tradição é um traço cultural interessantíssimo. Estive em Bangladesh. A cultura é outra, a tradição lá não guarda muita relação com a minha, Ocidental. Imagino se eu tivesse nascido lá, dificilmente teria sido educado na tradição Judaico-Cristã. Provavelmente seria Muçulmano e minha visão do mundo seria outra.
Como é que eu teria sido se na adolescência e mocidade eu tivesse bebido na tradição Islâmica ou Judaica? E se eu não concordasse com o Cristianismo mais? E se eu me opusesse a ele? Agora não adianta mais, direi a mim mesmo. O que seria eu sem a rica tradição Cristã? Não consigo imaginar!
Minha educação e formação devo ao Cristianismo. Devo quase tudo do que sou e penso. Suas festividades, tristezas, seu jeito de encarar o mundo e a realidade, alegrias, formas e as instituições que prezo, também vieram dele.
Eis a tradição Cristã. Posso, como qualquer um, abandonar a fé, mudar para outro país, vestir aquelas roupas estranhas e desengonçadas como fiz em Bangladesh. Mas o que seria isso? O que seria o Ocidente, sem o Cristianismo, o mundo Ocidental sem a tradição Judaico-Cristã? Ou, como escreveu André Comte-Sponville, o que resta do Ocidente Cristão quando ele já não é Cristão?
Se todo Muçulmano tem de ir a Meca uma vez na vida, todo Cristão tem, pelo menos uma vez na vida, de visitar algum campo de concentração e de extermínio (duas coisas diferentes), ou o Museu do Holocausto em Washington, DC.
Como dizia meu pai, não temos que saber para onde iremos, mas temos que saber exatamente de onde saímos para entender como poderemos chegar onde queremos. Uns irão de Cristianismo, outros de Cristandade.
A velha piada do judeu que se dizia ateu volta à baila aqui: “Deus não existe, mas somos seu povo eleito!”.
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 20 de dezembro de 2010
- Visualizações: 2325
- 4 comentário(s)
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados