Cristão: uma pessoa resolvida

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"Porque, como imagina em sua alma, assim ele é".

Usamos o eufemismo "adoro" para expressar que "gostamos muito" de alguém ou de algo. Mas será que é certo gostarmos muito de nós mesmos?

John Piper, um célebre teólogo calvinista, diz que está no DNA de todo ser humano o amar a si mesmo e que não é necessário fazer disso um mandamento. Em sua argumentação ele chega ao absurdo de dizer que até mesmo quem comete suicídio está fazendo isso por amor próprio... Ele defende a tese de que é errado estimular que pessoas "amem a si mesmas", pois não é isso que Deus nos pede, além de estimular um egoísmo doentio nas pessoas.

Piper não está redondamente enganado. Mas me parece que ele em algum momento embola o meio de campo. Pessoas são complexas, diferentes e imprevisíveis. Embora eu concorde com ele que possa estar em nosso DNA o amor próprio, eu discordo que este amor, ao longo da vida, não possa ter sido ou inflado ou atrofiado.

Há uma expressão que resume bem essa questão: pessoa resolvida. Ou seja, aquela que é equilibrada em sua autoestima. O que a Bíblia condena são os extremos, os desequilibrados: "os amantes de si mesmos" e os "sem afeto natural". Uns se acham o máximo, e os outros nunca "se julgam dignos da vida eterna". Eventualmente quando a pessoa sai do ponto de equilíbrio tende a oscilar entre um e outro extremo. Por isso o complexo de inferioridade é bipolar. Inconscientemente a pessoa se sente indigna, inferior, mas conscientemente está tentando se colocar como superior aos outros, numa atitude arrogante.

Como nenhum de nós é 100% perfeito, somos de certa forma todos desequilibrados, carentes da glória de Deus. Assim temos um ponto de partida universal comum, onde "todos pecaram". Ou seja, somos pó, e nada mais, e ao pó voltaremos. Não há nada em nós mesmos para estimarmos. Jesus nos manda para *neste mundo* odiarmos nossas vidas.

A parábola do fariseu e publicano retrata bem esse contraste, um de quem se exalta desprezando seu próximo, e o outro de quem se humilha e entende sua própria miséria. Aquele que se sente superior sofre do complexo de inferioridade, do qual não consegue se livrar. Por contrapartida o outro que se vê inferior, diante de Deus, intui que na pessoa de Deus está a única fonte para sua dignidade e exaltação. Por isso sai para casa justificado. E a partir desse ponto ele tem toda razão para se exaltar e alegrar-se (não comparando-se com outros, e não diante de Deus, mas em pura gratidão). Ele está resolvido, pois foi o Deus do universo quem o resolveu!

As pessoas adoram ídolos. E até mesmo criam ídolos. Isso é um laço para todo aquele que está de alguma forma em evidência. Nenhum país nem ninguém precisa de ídolos. Bons exemplos? Sim. Bons líderes? Sim.

Fiquei pensando na pessoa do Pelé... Edson Arantes soube separar-se, ou pelo menos procurou separar-se "didaticamente" de Pelé (que se tornou um produto de Marketing). Poucas celebridades conseguem essa façanha, e são engolidas vivas pelo ídolo.

A glória humana é ilusória, efêmera, e deixa seus rastros nefastos.

Será que nós brasileiros estamos resolvidos? Será que nossa autoestima está alicerçada na graça de Deus? Ou nos vemos superiores por causa do "complexo de vira-lata"? E nós cristãos, sabemos o valor da vida daquele que está em nossa vida? Daquele que verdadeiramente nos dignifica?

Que saibamos estimar de fato quem somos e reconhecermos nisso a graça de Deus. Somos o que somos pela graça de Deus. E só a Ele toda a glória!

"Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. O maior dentre vós será vosso servo." Mateus 23:8-11

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Opinião do leitor