Palavra do leitor
- 24 de abril de 2009
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Crer contra a esperança
Dois fenômenos têm estado muito presentes na história do cristianismo europeu ocidental: de um lado, o processo de descristianização crescente que marca significativamente a vida espiritual em alguns países e, por outro, de forma aparentemente contraditória, a insistente esperança de um reavivamento espiritual presente no e a partir do meio cristão.
O caso da França é exemplar. A última pesquisa CSA/Le Monde des religions (2005) indica que 51% da população francesa se declara católica, contra 67% em 1994. Queda que indica uma tendência aparentemente em ascensão. Do restante da população, 31% se dizem sem religião (23% em 1994), 4% são mussulmanos, 2% ou 3% protestantes, 1% judeus...
Contudo, não está apenas aí o principal indício de uma crescente descristianização da sociedade francesa, comemorada pelo movimento Liberté Egalité Laicité, que defende uma laicização plena e completa no país. A mesma sondagem esclarece também uma outra tendência: 67% daqueles que se declaram católicos ignoram o sentido da festa de Pentecostes, 57% não crêem no dogma da Trindade e 50% não estão convencidos da própria existência de Deus. As palavras do bispo católico Christophe Dufour, publicadas no diário françês Le Figaro, em fevereiro de 2007, são enfáticas: as referências cristãs na sociedade francesa “correm o risco de serem lançadas no domínio da arqueologia como os templos da Roma antiga”.
Diante disso, não é necessário muita reflexão para perceber que não se trata de uma situação que atinge apenas o catecismo, a liturgia e os dogmas do catolicismo francês. Há um fenômeno de ampliação não apenas da descrença, mas da negação de Cristo e dos valores cristãos, que extrapolam os limites da religião pura e simples e traz consequências inevitáveis: para além da solidão – bastante comum entre os franceses –um grande índice de suicído (o de Paris é um dos mais altos do mundo) e a instabilidade da estrutura familiar, com alta frequência de casamentos desfeitos (tome-se como amostra o divórcio exemplar, acompanhado e explorado pela mídia nacional, do atual presidente Nicolas Sarkozi e sua ex-esposa Cecília).
Como vemos, um terreno acidentado e espinhoso para cerca dos 2% ou 3% da população do país, conhecida como protestantes: pastores, missionários, homens e mulheres nascidos de novo e Igrejas inteiras que sabem que não apenas a França, mas toda a Europa, são territórios estratégicos para a ação das hostes e postestades do mal, cuja presença em peso tem recriado cenários dignos das caricaturas renascentistas ou barrocas do inferno. São milhares de almas cativas, dominadas, vivendo e caminhando a passos largos na direção contrária daquela proposta por Deus.
Neste contexto, evangelizar, orar, implorar, interceder por um reavivamento espiritual é mais do que contraditório, é necessário. É, como fez Abrãao, crer contra a esperança. Trata-se de uma questão de evangelização persistente (como se pudesse ser de outra forma). Noutras palavras, é preciso re-anunciar o Evangelho, re-começar e re-estabelecer um novo padrão de diálogo e comunicação com almas não apenas calterizadas pelo individualismo pós-moderno, mas armadas até os dentes pela lembrança de uma experiência traumática que a história de um catolicismo exacerbado acabou por delimitar, alimentar e manter.
Neste território hostil, é fundamental lançar a semente e esperar em nosso Deus eterno e imutável que seja farta a colheita. Indispensável, também, anunciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz e as boas notícias do Evangelho de Jesus. Boas Novas que têm o poder de mudar não apenas tendências e perspectivas apontadas por sondagens humanas, mas de alterar o próprio rumo da história dos homens.
O caso da França é exemplar. A última pesquisa CSA/Le Monde des religions (2005) indica que 51% da população francesa se declara católica, contra 67% em 1994. Queda que indica uma tendência aparentemente em ascensão. Do restante da população, 31% se dizem sem religião (23% em 1994), 4% são mussulmanos, 2% ou 3% protestantes, 1% judeus...
Contudo, não está apenas aí o principal indício de uma crescente descristianização da sociedade francesa, comemorada pelo movimento Liberté Egalité Laicité, que defende uma laicização plena e completa no país. A mesma sondagem esclarece também uma outra tendência: 67% daqueles que se declaram católicos ignoram o sentido da festa de Pentecostes, 57% não crêem no dogma da Trindade e 50% não estão convencidos da própria existência de Deus. As palavras do bispo católico Christophe Dufour, publicadas no diário françês Le Figaro, em fevereiro de 2007, são enfáticas: as referências cristãs na sociedade francesa “correm o risco de serem lançadas no domínio da arqueologia como os templos da Roma antiga”.
Diante disso, não é necessário muita reflexão para perceber que não se trata de uma situação que atinge apenas o catecismo, a liturgia e os dogmas do catolicismo francês. Há um fenômeno de ampliação não apenas da descrença, mas da negação de Cristo e dos valores cristãos, que extrapolam os limites da religião pura e simples e traz consequências inevitáveis: para além da solidão – bastante comum entre os franceses –um grande índice de suicído (o de Paris é um dos mais altos do mundo) e a instabilidade da estrutura familiar, com alta frequência de casamentos desfeitos (tome-se como amostra o divórcio exemplar, acompanhado e explorado pela mídia nacional, do atual presidente Nicolas Sarkozi e sua ex-esposa Cecília).
Como vemos, um terreno acidentado e espinhoso para cerca dos 2% ou 3% da população do país, conhecida como protestantes: pastores, missionários, homens e mulheres nascidos de novo e Igrejas inteiras que sabem que não apenas a França, mas toda a Europa, são territórios estratégicos para a ação das hostes e postestades do mal, cuja presença em peso tem recriado cenários dignos das caricaturas renascentistas ou barrocas do inferno. São milhares de almas cativas, dominadas, vivendo e caminhando a passos largos na direção contrária daquela proposta por Deus.
Neste contexto, evangelizar, orar, implorar, interceder por um reavivamento espiritual é mais do que contraditório, é necessário. É, como fez Abrãao, crer contra a esperança. Trata-se de uma questão de evangelização persistente (como se pudesse ser de outra forma). Noutras palavras, é preciso re-anunciar o Evangelho, re-começar e re-estabelecer um novo padrão de diálogo e comunicação com almas não apenas calterizadas pelo individualismo pós-moderno, mas armadas até os dentes pela lembrança de uma experiência traumática que a história de um catolicismo exacerbado acabou por delimitar, alimentar e manter.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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