Palavra do leitor
- 07 de agosto de 2008
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Como servos e livres!
Estereótipo é uma conotação mental que criamos de determinada pessoa. Servo é uma palavra que carrega desventura, trabalho pesado e indesejável, submissão e baixo salário, e no caso do escravo, nem isso. Onde há escravidão, o escravo toma o lugar do servo, associando-se a seus problemas. Dos países desenvolvidos aos mais pobres, o servo é alguém que a sociedade deseja ignorar, apesar de ser indispensável à mesma. É o que fazem os países mais ricos com os pobres imigrantes. Para analisar sua importância bastaríamos perguntar: O açúcar que eu comi foi plantando por quem? Ou o trigo do pão que comi no café da manhã foi semeado por quem? O servo é, pois, a imensa força de trabalho que nos escalões mais básicos da sociedade produz e gera riquezas para outrem. O estereótipo torna-se assim uma contradição. Precisamos dele para enxergar alguém, que não queremos analisar adequadamente. É uma visão distorcida e reducionista da realidade.
O servo Jesus não foge a esta regra, e lhe adiciona as seguintes características, por Ele mesmo escolhidas:
1) Humilhou-se sendo senhor (Ef 2:6-7);
2) Nasceu na região mais conflagrada de sua época: A Palestina;
3) Dentro da Palestina, a região mais pobre: A Galiléia;
4) Dentro da Galiléia, uma das famílias mais pobres;
5) Dentro desta família a condição mais discriminadora: o nascimento sem pai!
O processo de esvaziamento de Jesus é descrito através da palavra kenôssis, utilizada em Fp 2:7. Ela descreve a progressão inversa que Jesus escolheu seguir, para salvar o homem pecador (Is 53:12). A gênese desse processo se dá quando olhando do céu à terra Deus não enxerga sequer um justo (Rm 3:10) e Cristo assume o papel vital de salvar a humanidade sozinho. Mas, calma, terá de ser um homem a salvar os demais. Um Adão semeia o caos do pecado, outro o redime (I Co 15:22), preconizava a justiça divina.
O versículo é muito claro: ...esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo. Primeiro, optou por uma dissociação temporária da essência na qual subsistira até então, depois, das categorias sociais existentes escolheu a menor. Com isso não queria dizer que para ser salvo alguém deveria ser pobre, porque não abriu mão de sua riqueza. Foi apenas uma opção de transgredir os padrões vigentes na sociedade e se insurgir contra eles. Quando lemos tal passagem, resta uma tensão entre o que nós escolheríamos para Ele e o que Ele escolheu para si.
Existiam nas grandes cidades a agorá, a praça central, onde os escravos eram vendidos e revendidos. Eram apresentados aos interessados e entre eles havia leilões. Cristo criou empatia com esta condição degradante, não como um masoquista (alguém que gosta de sofrer), mas como um determinado ao resgate de baixo para cima, de dentro pra fora. As garras mais profundas da escravidão só podem ser abertas através da ação do amor. A base da manutenção da servidão é o medo. Aquelas praças onde era exibido o pior lado da humanidade, se tornaram a representação perfeita do senhorio de Cristo tirando escravos da “praça do pecado”, para o jugo do amor (Mt 11:28).
Vivemos num tempo de superlativos. São grandes homens, grandes mulheres, grandes personagens. As revistas se esmeram em produzir notáveis e destacar pessoas. O presidente Lula disse que deseja registrar em cartório seus feitos, para que no futuro lembrem que ele foi o melhor de todos os presidentes do Brasil. No tempo do Jesus esvaziado não era diferente. Esta tentação foi vendida pelo Diabo a Jesus (Mt 4:8), que a rejeitou pela Palavra. A glória do servo persiste em sua aparente contradição segundo os homens, pois que querem ser grandes sem nada ser. Uma igreja que quer servir a seus membros e cujos membros se alegram em servir uns aos outros está exaltando este ato sublime da história.
Queremos que Deus atue na história irrompendo com seu poder e destruindo tudo. Neste exato momento a pergunta ecoa em algum lugar deste mundo: Por que Deus não destrói o mal, a injustiça, o pecado e a morte? Contraditoriamente, Ele faz questão de não começar trombeteando seus feitos. Educadamente, pede um lugar no meu e no seu coração e esvaziado de sua glória e seu poder, que certamente nos esmagaria, nos resgata da nossa escravidão particular. Ele quer agir em nós, através de nós, apesar de nós, e quer nos dar o privilégio de cooperar com Ele em sua obra de redenção (Jo 14.16-23; 1 Co 3.16; 6.19), como servos seus. Esvaziados de nossos pressupostos, nossa acomodação, nosso confortável modus vivendi, afim de que soframos com dignidade e sejamos aprovados, como pessoas das quais Deus não se envergonha de chamar filhos (Hb 11:6) e nenhum de nós de chamar irmão (Hb 2:11)!
O servo Jesus não foge a esta regra, e lhe adiciona as seguintes características, por Ele mesmo escolhidas:
1) Humilhou-se sendo senhor (Ef 2:6-7);
2) Nasceu na região mais conflagrada de sua época: A Palestina;
3) Dentro da Palestina, a região mais pobre: A Galiléia;
4) Dentro da Galiléia, uma das famílias mais pobres;
5) Dentro desta família a condição mais discriminadora: o nascimento sem pai!
O processo de esvaziamento de Jesus é descrito através da palavra kenôssis, utilizada em Fp 2:7. Ela descreve a progressão inversa que Jesus escolheu seguir, para salvar o homem pecador (Is 53:12). A gênese desse processo se dá quando olhando do céu à terra Deus não enxerga sequer um justo (Rm 3:10) e Cristo assume o papel vital de salvar a humanidade sozinho. Mas, calma, terá de ser um homem a salvar os demais. Um Adão semeia o caos do pecado, outro o redime (I Co 15:22), preconizava a justiça divina.
O versículo é muito claro: ...esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo. Primeiro, optou por uma dissociação temporária da essência na qual subsistira até então, depois, das categorias sociais existentes escolheu a menor. Com isso não queria dizer que para ser salvo alguém deveria ser pobre, porque não abriu mão de sua riqueza. Foi apenas uma opção de transgredir os padrões vigentes na sociedade e se insurgir contra eles. Quando lemos tal passagem, resta uma tensão entre o que nós escolheríamos para Ele e o que Ele escolheu para si.
Existiam nas grandes cidades a agorá, a praça central, onde os escravos eram vendidos e revendidos. Eram apresentados aos interessados e entre eles havia leilões. Cristo criou empatia com esta condição degradante, não como um masoquista (alguém que gosta de sofrer), mas como um determinado ao resgate de baixo para cima, de dentro pra fora. As garras mais profundas da escravidão só podem ser abertas através da ação do amor. A base da manutenção da servidão é o medo. Aquelas praças onde era exibido o pior lado da humanidade, se tornaram a representação perfeita do senhorio de Cristo tirando escravos da “praça do pecado”, para o jugo do amor (Mt 11:28).
Vivemos num tempo de superlativos. São grandes homens, grandes mulheres, grandes personagens. As revistas se esmeram em produzir notáveis e destacar pessoas. O presidente Lula disse que deseja registrar em cartório seus feitos, para que no futuro lembrem que ele foi o melhor de todos os presidentes do Brasil. No tempo do Jesus esvaziado não era diferente. Esta tentação foi vendida pelo Diabo a Jesus (Mt 4:8), que a rejeitou pela Palavra. A glória do servo persiste em sua aparente contradição segundo os homens, pois que querem ser grandes sem nada ser. Uma igreja que quer servir a seus membros e cujos membros se alegram em servir uns aos outros está exaltando este ato sublime da história.
Queremos que Deus atue na história irrompendo com seu poder e destruindo tudo. Neste exato momento a pergunta ecoa em algum lugar deste mundo: Por que Deus não destrói o mal, a injustiça, o pecado e a morte? Contraditoriamente, Ele faz questão de não começar trombeteando seus feitos. Educadamente, pede um lugar no meu e no seu coração e esvaziado de sua glória e seu poder, que certamente nos esmagaria, nos resgata da nossa escravidão particular. Ele quer agir em nós, através de nós, apesar de nós, e quer nos dar o privilégio de cooperar com Ele em sua obra de redenção (Jo 14.16-23; 1 Co 3.16; 6.19), como servos seus. Esvaziados de nossos pressupostos, nossa acomodação, nosso confortável modus vivendi, afim de que soframos com dignidade e sejamos aprovados, como pessoas das quais Deus não se envergonha de chamar filhos (Hb 11:6) e nenhum de nós de chamar irmão (Hb 2:11)!
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