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Palavra do leitor

Como lidar com os talentos

Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade e aflição de espírito. (Ecl 4; 4)

Duas situações podem ocorrer em relação a talento; ser ele nosso, ou de nosso semelhante. No primeiro caso, o risco é a soberba, a presunção, o orgulho; no segundo, como vaticinou Salomão, a inveja. Certamente, todos nós possuímos algum talento, por menor que seja; ninguém é tão inútil que não sirva pra nada. Por outro lado, ninguém é tão talentoso que não tenha carências.

Sobre os dons dos quais dispomos, não convém esquecer que são dons, ou seja: nos foram dados. “Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” I Cor 4; 7

Paulo, que isso escreveu, tinha lá seus talentos, mas, ante a Majestade de Cristo não os considerou assim. “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,” Fp 3; 8 Então, uma breve descida na escada da humildade não nos fará dano algum. Paulo aliás, disse que nem era digno de ser chamado apóstolo. Bons tempos!

Porém, quando o talento é de nosso semelhante, o caso, geralmente é mais difícil ainda. A inveja. A sua origem “invidia” sugere não querer ver, ou, como acostumamos, não admitir os dons alheios, sofrer com isso.

Duas possibilidades temos, ante o talento alheio; nos matricularmos na escola de Saul, ou, de seu filho Jônatas. Daví, era o “talentoso” da vez. Saul, Jônatas e todo o exército de Israel tiveram que suportar a provocação do gigante Golias, durante quarenta dias, apavorados, pois, ninguém ousava tal enfrentamento. Daví, na autoridade do Senhor o fêz, história que todos conhecem. Quando as mulheres louvaram publicamente o feito de Daví, Saul o invejou, e teve por adversário. “E, desde aquele dia em diante, Saul tinha Davi em suspeita.” I Sam 18; 9 Várias vezes o rei tentou matar Daví, movido por inveja.

Jônatas, porém, reagiu de outro modo. “E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto.” I Sam 18; 3 e 4 Que cena! Um príncipe despojando-se em favor de um mero pastor… será que Jônatas entendia o que isso significava? Ele era o primogênito de Saul, herdeiro natural do trono, estaria reconhecendo Daví como mais merecedor que ele? Sim, Jônatas sabia o que estava fazendo e isso não lhe incomodava. “E disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pai; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo;” I Sam 23; 17

Colocar-se como segundo no caso dele, não era uma petição, mas, uma conceção, uma vez que era candidato natural ao trono. A escola de Jônatas nos ensina, pois, a convivermos pacificamente com o talento alheio. Não dói nada se tivermos que dizer: “esse cara faz isso melhor que eu”, o lugar pertence a ele. Muitos, entretanto, tremem ante à idéia de uma “ameaça” mesmo que distante, caso de Herodes. Informado que havia nascido Um que seria Rei dos judeus, mandou que fosse buscado com diligência, “para que eu também vá e o adore” disse. Mas, frustrada sua espera, mandou um pelotão de soldados a Belém para matar toda “concorrência”.

Em nossos dias, a maior dificuldade com o talento alheio, chama-se, control c, control v. É imensa a quantidade de textos copiados e publicados sem o devido crédito. Basta conhecer o estilo de alguém escrever, para identificar o que tal, não produziu. Dia desses, tropecei por acaso, com uma poesia de minha autoria, publicada em um site de um “evangélico” assinando ele, como autor, e ainda registrando "seus direitos”. Denunciei seu roubo com um comentário, e claro, foi removido. Parece que é da escola primária de Saul, pós-graduado na herodiana.

Então, se pertencemos ao Senhor, precisamos encarar seriamente o fato que ao fazermos isso, estaremos sendo ladrões e mentirosos; dois tipos, aliás, que ficarão de fora do Reino dos céus.

“Ousa dizer a verdade: nunca vale a pena mentir. / Um erro que precise de uma mentira, acaba por precisar de duas.”
Tio Hugo - RS
Textos publicados: 328 [ver]
Site: http://ofarol21.blogspot.com.br

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