Palavra do leitor
- 18 de novembro de 2009
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Colcha de retalhos - Parte II
"Deveríamos fazer essa pergunta, a saber: quando morremos, será que alguém dará prosseguimento a nossa trajetória cristã?"
Ambos floresciam sedução, viçosidade no olhar, exalavam um perfume aromático da mais intensa e efervescente liberdade. Faz-se notar, ao debulharmos Absalão, diagnosticamos o teor selvagem, desbravador, a flecha certeira, as espada afiada. Em linhas gerais, a genética de um Davi alforriado dos protocolos e das formalidades da monarquia. O dilema de Davi! Entre a cruz e espada! De um lado, o amor voluntário, descompromissado e em ebulição alentado com relação a Absalão. De outro lado, o amor de ressalvas, atrelado as tradições e ao esperado por Amnon. Para piorar a situação de Davi, Amnon caía nas graças da ala sacerdotal e Absalão da bélica e de boa parte do povo. Mais um embate a ser resolvido ou protelado.
No entanto, a teoria de colocar panos quentes em tudo prevalecia e dava as cartas. A decisão de delegar ao tempo a cura das rusgas e perda da força das conchavos. Lamentavelmente, nada foi tratado com a devida franqueza, fidelidade, lealdade e transparência. Não houve em Davi a sensibilidade no que toca a diferenciar as peculiaridades e habilidades distintas dos filhos. Não havia espaço para o diálogo, o bom papo, a valorização de cada um. Nem sequer os desejos mordazes de Amnon por Tamar sofreram a necessária intervenção. O deixa pra lá perdurou e culminou numa ferida exposta e incicatrizável. A obsessão de Amnon não cessava e ganhava volume e densidade. Não demorou muito, o sagaz Jonadab o ajudou a forjar uma cilada.
Tudo bem preparado. A doença com todos os pseudo-diagnósticos. O álibi de que desejava experimentar os bolinhos de amêndoas feitos por Tamar. Enfim, prontamente, levou os bolinhos e, tetricamente, terminou violentada no corpo e a na alma. Além de ter sido desonrada e repudiada pelo próprio irmão. Daquele episódio, escorraçada da presença de Amnon, as notícias alcançaram Absalão e um desejo de morte passou verter dos seus lábios. Diante de todo esse cenário, Davi viu um problema a ser desatado, ou tolerado. Optou pela tolerância, pelos panos quentes, pelo teoria de que o tempo cura tudo. Novamente, Davi entre a cruz e a espada. Ora, Absalão pleiteava a justiça. Em contrapartida, Amnon, como sucessor direto, deveria ser poupado. Caso a lei mosaica fosse aplicada, nem Amnon nem Tamar seriam poupados do vexame público. Por ora, Absalão freou o ímpeto, mas não lidou com a vingança.
A ebulição desses acontecimentos dinamitaram a alma de Tamar. Não conseguiu mais ser a mesma. Não obteve a necessária restauração. Não encontrou apoio em ninguém. As suas lembranças e memórias tornaram-se em palcos de culpas e culpas. Não mais conseguia fitar os olhos em Davi. Os seus sonhos sucumbiram, adentrou numa espécie de vulgarização do corpo. Certa feita, encontram-na rua se oferecendo aos homens e não houve outra alternativa a ser tomada por Davi, ou quem sabe não quis. Mais um processo de banimento, mais uma farsa, mais um confinamento.
A prática mais do que moldada, pulverizar os problemas com o banimento, colocar a sujeira debaixo do tapete. Na intenção de baixar a poeira, Amnon permaneceu em prisão domiciliar. Enquanto Amnon era um personagem fora de cena, tornou-se imprescindível dissuadir as águas envoltas, resfriar o coração de Absalão. Não havia como objetar. As feridas estavam abertas, a mágoa na espreita e a sede virulenta por vingança nutria a alma de Absalão.
Muitos advogavam o banimento definitivo de Amnon e apoiavam Absalão. Os ponteiros do tempo não pararam. A poeira havia baixado e num gesto inusitado e sobre a sombra da suspeita, Absalão convida o algoz de sua irmã para restabelecer a paz, uma parcimônia na convivência. De início, Davi relutou e, no fim das contas, aceitou a solicitação. Não aceitou a possibilidade uma tragédia a caminho. Infelizmente, as rusgas da face não apagam as hemorragias da alma.
Não demorou muito, a notícia veio a galope. Nem bateu na porta. O vento sinistro e gélido envolveu Davi. Ninguém ousava encarar o olhar do Monarca. A certeza já tinha dado o veredicto implacável:
- Amon está morto, morto, morto!
O episódio ocorrido desencadeou uma névoa de culpa e ódio, sentenças e castigos na mente de Davi. A solução encontrada para respectiva catástrofe, foi destinar Absalão ao exílio, ao banimento, a mesma válvula de escape de apagar as luzes e deixar o tempo cuidar da situação. É bem verdade, o tempo passou e trouxe Absalão de volta ao cenário da convivência diária de Davi. Em função disso, acabou por estremecer a sua relação com Betsaiba. Aqui focamos uma personagem carregando o fardo de ter virado as costas para o seu falecido esposo, Urias. Isto sem falar na mácula petrificada entre Aquitofel e Davi. Afinal de contas, as decisões assumidas por este culminaram em conseqüências de vergonha e desonra sem precedentes para a família daquele.
Ambos floresciam sedução, viçosidade no olhar, exalavam um perfume aromático da mais intensa e efervescente liberdade. Faz-se notar, ao debulharmos Absalão, diagnosticamos o teor selvagem, desbravador, a flecha certeira, as espada afiada. Em linhas gerais, a genética de um Davi alforriado dos protocolos e das formalidades da monarquia. O dilema de Davi! Entre a cruz e espada! De um lado, o amor voluntário, descompromissado e em ebulição alentado com relação a Absalão. De outro lado, o amor de ressalvas, atrelado as tradições e ao esperado por Amnon. Para piorar a situação de Davi, Amnon caía nas graças da ala sacerdotal e Absalão da bélica e de boa parte do povo. Mais um embate a ser resolvido ou protelado.
No entanto, a teoria de colocar panos quentes em tudo prevalecia e dava as cartas. A decisão de delegar ao tempo a cura das rusgas e perda da força das conchavos. Lamentavelmente, nada foi tratado com a devida franqueza, fidelidade, lealdade e transparência. Não houve em Davi a sensibilidade no que toca a diferenciar as peculiaridades e habilidades distintas dos filhos. Não havia espaço para o diálogo, o bom papo, a valorização de cada um. Nem sequer os desejos mordazes de Amnon por Tamar sofreram a necessária intervenção. O deixa pra lá perdurou e culminou numa ferida exposta e incicatrizável. A obsessão de Amnon não cessava e ganhava volume e densidade. Não demorou muito, o sagaz Jonadab o ajudou a forjar uma cilada.
Tudo bem preparado. A doença com todos os pseudo-diagnósticos. O álibi de que desejava experimentar os bolinhos de amêndoas feitos por Tamar. Enfim, prontamente, levou os bolinhos e, tetricamente, terminou violentada no corpo e a na alma. Além de ter sido desonrada e repudiada pelo próprio irmão. Daquele episódio, escorraçada da presença de Amnon, as notícias alcançaram Absalão e um desejo de morte passou verter dos seus lábios. Diante de todo esse cenário, Davi viu um problema a ser desatado, ou tolerado. Optou pela tolerância, pelos panos quentes, pelo teoria de que o tempo cura tudo. Novamente, Davi entre a cruz e a espada. Ora, Absalão pleiteava a justiça. Em contrapartida, Amnon, como sucessor direto, deveria ser poupado. Caso a lei mosaica fosse aplicada, nem Amnon nem Tamar seriam poupados do vexame público. Por ora, Absalão freou o ímpeto, mas não lidou com a vingança.
A ebulição desses acontecimentos dinamitaram a alma de Tamar. Não conseguiu mais ser a mesma. Não obteve a necessária restauração. Não encontrou apoio em ninguém. As suas lembranças e memórias tornaram-se em palcos de culpas e culpas. Não mais conseguia fitar os olhos em Davi. Os seus sonhos sucumbiram, adentrou numa espécie de vulgarização do corpo. Certa feita, encontram-na rua se oferecendo aos homens e não houve outra alternativa a ser tomada por Davi, ou quem sabe não quis. Mais um processo de banimento, mais uma farsa, mais um confinamento.
A prática mais do que moldada, pulverizar os problemas com o banimento, colocar a sujeira debaixo do tapete. Na intenção de baixar a poeira, Amnon permaneceu em prisão domiciliar. Enquanto Amnon era um personagem fora de cena, tornou-se imprescindível dissuadir as águas envoltas, resfriar o coração de Absalão. Não havia como objetar. As feridas estavam abertas, a mágoa na espreita e a sede virulenta por vingança nutria a alma de Absalão.
Muitos advogavam o banimento definitivo de Amnon e apoiavam Absalão. Os ponteiros do tempo não pararam. A poeira havia baixado e num gesto inusitado e sobre a sombra da suspeita, Absalão convida o algoz de sua irmã para restabelecer a paz, uma parcimônia na convivência. De início, Davi relutou e, no fim das contas, aceitou a solicitação. Não aceitou a possibilidade uma tragédia a caminho. Infelizmente, as rusgas da face não apagam as hemorragias da alma.
Não demorou muito, a notícia veio a galope. Nem bateu na porta. O vento sinistro e gélido envolveu Davi. Ninguém ousava encarar o olhar do Monarca. A certeza já tinha dado o veredicto implacável:
- Amon está morto, morto, morto!
O episódio ocorrido desencadeou uma névoa de culpa e ódio, sentenças e castigos na mente de Davi. A solução encontrada para respectiva catástrofe, foi destinar Absalão ao exílio, ao banimento, a mesma válvula de escape de apagar as luzes e deixar o tempo cuidar da situação. É bem verdade, o tempo passou e trouxe Absalão de volta ao cenário da convivência diária de Davi. Em função disso, acabou por estremecer a sua relação com Betsaiba. Aqui focamos uma personagem carregando o fardo de ter virado as costas para o seu falecido esposo, Urias. Isto sem falar na mácula petrificada entre Aquitofel e Davi. Afinal de contas, as decisões assumidas por este culminaram em conseqüências de vergonha e desonra sem precedentes para a família daquele.
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