Palavra do leitor
- 24 de fevereiro de 2011
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Coisas sem nexo
Nexo rima com sexo, amplexo, desconexo... Mas é só uma rima, não é uma solução, como já dizia Drummond.
Podemos rimar e tanta coisa inventar dentro do verso, do texto e do seu contexto, mas nem sempre encontramos sentido naquilo que propomos ou fazemos. Sempre fica faltando algo, e esse algo flutua e depois desaparece como que por encanto. O que será? Por que será? Onde estará?
É a velha luta com as palavras que caprichosamente vêm e depois desaparecem e nos deixam sonâmbulos a vagar por aí. As esquinas continuam no mesmo lugar. Elas, que já foram tantas vezes quebradas, ainda teimam em permanecer intactas. O homem vive sempre procurando algo nas esquinas, além das meninas e dos bares quase sempre sujos e cheios.
Mas ele nunca encontra - e se algum dia encontrar começará de novo a sua longa procura. É a busca pelo pleno, pelo denso, pelo imenso... A insatisfação prolongada, a fome que nunca é saciada e a sede que nunca é mitigada.
A vida parece não ter nexo. A cada dia surgem novas perguntas, e não é feio perguntar. Quem pergunta geralmente quer saber ou talvez só queira nos aborrecer. Mas todos têm o direito de perguntar. E o homem pergunta sempre. Nem que seja apenas para testar o nosso conhecimento ou a nossa paciência. "Quantas horas são?". As horas não são: elas já foram ou ainda serão. Elas passam seguindo a sombra que segue o sol... E queremos sempre saber aquilo que já julgamos saber, mas temos dúvidas. Daí surgem as intermináveis perguntas. Parece que estamos sempre andando em círculo. Quando pensamos ter chegado ao nosso destino, na verdade estamos começando ou recomeçando para nunca chegar. Ficamos cansados e irritados, mas quando o sol nasce começa um novo dia e surge uma nova esperança.
Se a vida fosse uma rima não haveria poetas nem poesias. Ninguém se importaria com a rima dentro da poesia refletindo a sua beleza e a sua alegria. Afinal, tudo seria muito comum e sem tempero. A vida é um processo de aprendizado que muitas vezes nos sufoca, machuca e dói. Uma doença que corrói, uma dor que vem no vento e se instala no peito num momento querendo arrancar com a mão o sofrido coração. Não tem nexo, não tem prazer. Brincadeira sem graça de crianças na praça. Casais de namorados que não se falam, mas se quedam abraçados. Nesta hora as palavras soam inúteis e desnecessárias. Deixe-os sonhar enquanto podem! Mais tarde virá o pesadelo - e ninguém conseguirá dete-lo.
Não vamos lamentar, não vale a pena. A vida é tão pequena e nós só temos uma. Vamos procurar abrigo, talvez num ombro amigo ou sob uma marquise. Há coisas sem nexo como a rima entre sexo, amplexo, desconexo... Mas é só uma rima, não é uma solução, como já dizia Drummond, mas podemos e devemos esperar um tempo melhor, uma brisa, talvez um vento. Quem sabe a vida nos dê o seu amplexo e nos envolva e nos devolva um renovado prazer de viver. Nunca é tarde para acreditar.
Podemos rimar e tanta coisa inventar dentro do verso, do texto e do seu contexto, mas nem sempre encontramos sentido naquilo que propomos ou fazemos. Sempre fica faltando algo, e esse algo flutua e depois desaparece como que por encanto. O que será? Por que será? Onde estará?
É a velha luta com as palavras que caprichosamente vêm e depois desaparecem e nos deixam sonâmbulos a vagar por aí. As esquinas continuam no mesmo lugar. Elas, que já foram tantas vezes quebradas, ainda teimam em permanecer intactas. O homem vive sempre procurando algo nas esquinas, além das meninas e dos bares quase sempre sujos e cheios.
Mas ele nunca encontra - e se algum dia encontrar começará de novo a sua longa procura. É a busca pelo pleno, pelo denso, pelo imenso... A insatisfação prolongada, a fome que nunca é saciada e a sede que nunca é mitigada.
A vida parece não ter nexo. A cada dia surgem novas perguntas, e não é feio perguntar. Quem pergunta geralmente quer saber ou talvez só queira nos aborrecer. Mas todos têm o direito de perguntar. E o homem pergunta sempre. Nem que seja apenas para testar o nosso conhecimento ou a nossa paciência. "Quantas horas são?". As horas não são: elas já foram ou ainda serão. Elas passam seguindo a sombra que segue o sol... E queremos sempre saber aquilo que já julgamos saber, mas temos dúvidas. Daí surgem as intermináveis perguntas. Parece que estamos sempre andando em círculo. Quando pensamos ter chegado ao nosso destino, na verdade estamos começando ou recomeçando para nunca chegar. Ficamos cansados e irritados, mas quando o sol nasce começa um novo dia e surge uma nova esperança.
Se a vida fosse uma rima não haveria poetas nem poesias. Ninguém se importaria com a rima dentro da poesia refletindo a sua beleza e a sua alegria. Afinal, tudo seria muito comum e sem tempero. A vida é um processo de aprendizado que muitas vezes nos sufoca, machuca e dói. Uma doença que corrói, uma dor que vem no vento e se instala no peito num momento querendo arrancar com a mão o sofrido coração. Não tem nexo, não tem prazer. Brincadeira sem graça de crianças na praça. Casais de namorados que não se falam, mas se quedam abraçados. Nesta hora as palavras soam inúteis e desnecessárias. Deixe-os sonhar enquanto podem! Mais tarde virá o pesadelo - e ninguém conseguirá dete-lo.
Não vamos lamentar, não vale a pena. A vida é tão pequena e nós só temos uma. Vamos procurar abrigo, talvez num ombro amigo ou sob uma marquise. Há coisas sem nexo como a rima entre sexo, amplexo, desconexo... Mas é só uma rima, não é uma solução, como já dizia Drummond, mas podemos e devemos esperar um tempo melhor, uma brisa, talvez um vento. Quem sabe a vida nos dê o seu amplexo e nos envolva e nos devolva um renovado prazer de viver. Nunca é tarde para acreditar.
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