Palavra do leitor
- 12 de fevereiro de 2015
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Cinquenta Tons de Cinza e Cantares de Salomão
Cinquenta Tons de Cinza e Cantares de Salomão
‘’Não há nada, mais nada mesmo, mais sublimo do que ser humano, mas, infelizmente, insistimos em negar isso!’’
Memórias
ao abrir as memórias,
vasculhei, vasculhei
e não a encontrei;
queria de volta:
a quietude,
perceber o pulsar dos ponteiros
e ainda sentir, mesmo que fosse as sobras,
do encontro entre o tempo e o espaço,
bem aqui:
no meu universo que chamo:
quarto:
essa testemunha de minhas ilusões,
de minhas conquistas que não saíram do papel,
de minhas dissoluções que permaneceram soterradas.
A estréia do filme, inspirado no livro cinqüenta tons de cinza, já tem acarretado um burburinho de comentários. Sem querer levantar a bandeira de um discurso puritanista, longe de qualquer pieguice, parece haver uma perda hemorrágica da docilidade, da alegria, do ser livre na sexualidade. Tristemente, deparamo – nos com a mais completa e inexorável cultura da banalização, do barateamento e da boçalidade do sexo e da sexualidade. Em meio a uma busca por pertencer a uma realidade narcisista, a uma ética utilitária e individualista, vale de tudo para ser aceito e reconhecido. Não importa, numa estampada objetificação do ser, o corpo é meu e faço o que bem entendo. Nada mais e nada menos! Quão estranho representa o badalado Séc. XXI, sugado, a cada dia, pela poluição das imagens, dos sons, das maquiagens e, enfim, sempre a procura de algo, mesmo que seja recondicionado. Sinceramente, cinqüenta tons de cinza, de certo, pinta as linhas e entrelinhas de uma visão do sexo, como uma colossal descoberta. Tudo indica que os cinemas terão um fluxo de pessoas considerável; mesmo assim, acredito numa sexualidade que não esteja presa a essa sede por manipular, usar e depois descartar. Em direção oposta, no encontro dos olhares, no escoar das peles, no encontro intenso e terno dos lábios, em diluir – se na cadência dos cabelos, sentir a pulsação do ente querido, desatar as cordas de uma violência para alcançar uma satisfação hormonal e mais nada. Parto dessas palavras e me reporto a Cantares de Salomão, ao qual exemplifica um tecer de fios voltados a gestar uma alegria, um êxtase, uma inocência que pode ser reencontrada, uma lembrança que proporciona um ânimo, uma condição de vivenciar a descoberta do corpo (e a Graça nos concede essa vertente). Por ora, por qual motivo não ponderarmos num resgate simples, por mais loucura e mais absurdo que seja, de uma visão do sexo e de uma sexualidade alforriada, tanto dos caudilhos ditatoriais de uma narcisismo que submete pessoas a coisas quanto como de uma espiritualidade que, somente, deturpa uma dimensão tão primorosa da Criação?
‘’Não há nada, mais nada mesmo, mais sublimo do que ser humano, mas, infelizmente, insistimos em negar isso!’’
Memórias
ao abrir as memórias,
vasculhei, vasculhei
e não a encontrei;
queria de volta:
a quietude,
perceber o pulsar dos ponteiros
e ainda sentir, mesmo que fosse as sobras,
do encontro entre o tempo e o espaço,
bem aqui:
no meu universo que chamo:
quarto:
essa testemunha de minhas ilusões,
de minhas conquistas que não saíram do papel,
de minhas dissoluções que permaneceram soterradas.
A estréia do filme, inspirado no livro cinqüenta tons de cinza, já tem acarretado um burburinho de comentários. Sem querer levantar a bandeira de um discurso puritanista, longe de qualquer pieguice, parece haver uma perda hemorrágica da docilidade, da alegria, do ser livre na sexualidade. Tristemente, deparamo – nos com a mais completa e inexorável cultura da banalização, do barateamento e da boçalidade do sexo e da sexualidade. Em meio a uma busca por pertencer a uma realidade narcisista, a uma ética utilitária e individualista, vale de tudo para ser aceito e reconhecido. Não importa, numa estampada objetificação do ser, o corpo é meu e faço o que bem entendo. Nada mais e nada menos! Quão estranho representa o badalado Séc. XXI, sugado, a cada dia, pela poluição das imagens, dos sons, das maquiagens e, enfim, sempre a procura de algo, mesmo que seja recondicionado. Sinceramente, cinqüenta tons de cinza, de certo, pinta as linhas e entrelinhas de uma visão do sexo, como uma colossal descoberta. Tudo indica que os cinemas terão um fluxo de pessoas considerável; mesmo assim, acredito numa sexualidade que não esteja presa a essa sede por manipular, usar e depois descartar. Em direção oposta, no encontro dos olhares, no escoar das peles, no encontro intenso e terno dos lábios, em diluir – se na cadência dos cabelos, sentir a pulsação do ente querido, desatar as cordas de uma violência para alcançar uma satisfação hormonal e mais nada. Parto dessas palavras e me reporto a Cantares de Salomão, ao qual exemplifica um tecer de fios voltados a gestar uma alegria, um êxtase, uma inocência que pode ser reencontrada, uma lembrança que proporciona um ânimo, uma condição de vivenciar a descoberta do corpo (e a Graça nos concede essa vertente). Por ora, por qual motivo não ponderarmos num resgate simples, por mais loucura e mais absurdo que seja, de uma visão do sexo e de uma sexualidade alforriada, tanto dos caudilhos ditatoriais de uma narcisismo que submete pessoas a coisas quanto como de uma espiritualidade que, somente, deturpa uma dimensão tão primorosa da Criação?
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