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Palavra do leitor

Celebremos as diferenças, celebremos as diversidades

'As diferenças tornam as diversidades numa realidade’’.

1 Coríntios 11:23-29 (Pois aquele que come e bebe de maneira indigna come e bebe juízo para si próprio, não discernindo o corpo do Senhor.).

Ao olhar para as variedades das cores, percebo uma pletora ou uma abundância de diversidades e diferenças, de uma para outra. Ao olhar para o cosmo, o universo, encontro infindáveis sistemas estelares, estrelas das mais diversas e diferenciadas formas. Ao olhar para a natureza selvagem, são muitos os predadores. Ao olhar para os pássaros, fico estarrecido com tamanhas diferenças e diversidades. Ao olhar para o seu, o meu, o corpo humano, a complexidade de órgãos e suas idiossincrasias, cada um destinado a cumprir uma papel necessário e fundamental. Então, o por qual motivo vilipendiamos as diferenças e as diversidades, como um dos atributos da criação e faz com que a vida seja um espaço sagrado, um espaço útil, um espaço benéfico, um espaço criativo, um espaço de inovações e de mudanças? Sem isso, nada existiria, não existiríamos, não haveria a intensidade dos ritmos, não haveria a transcendência das palavras, não haveria a beleza das nuvens, o espertar da primavera, o silêncio do inverno, o espreguiçar em cada manhã, o saborear das frutas, a conjugação de um coral (com seus tenores, com seus baixos, com seus sopranos, com seus solistas), o temperamento dos filhos e afins. Ora, como cristãos, a qual me considero, não encontro, conforme relatado nos pergaminhos da bíblia, da tradição judaico cristã, a referência da Trindade (Daquele que Tudo Precede, do Deus Pai, do Logos Preexistente, do impulso criativo, do Logos Prolífico ou fecundo, de Jesus Cristo, e, o Parácleto, o Espírito Santo), com suas características especificas e nos oferece uma amplitude, ou seja, com diferenças e diversidades que imprimiu para sermos sua imagem e semelhança? Por consequência, como posso desprezar alguém por sua pigmentação, por sua raça, por seu credo, por sua condição socioeconômica, por sua situação sociopolítica, por sua pouca ou vastíssima educação, por sua posição geográfica e urbana, por sua fé (se pentecostal, se reformada, se ortodoxa, se liberal, se neopentecostal), por suas habilidades e vocações, em função de que todos, todos nós, somos considerados com a importância, com a estima e com o respeito imensurável, eterno, além e acima de tudo pelo Deus ser Humano Jesus Cristo, que derrama o viver em toda a vida, em toda a existência e em todas as realidades. Sempre é de bom parecer destacar, somos e fomos criados ou gerados a imagem e semelhança do Deus das diferenças e das diversidades, do Deus Ubuntu ou do pertencimento e, por consequência, a nossa importância se encontra em cada um de nós, a nossa liberdade idem, o nosso respeito idem, a nossa dignidade idem, a nossa integridade idem, independentemente dos eventos, por mais adversos, por mais contraditórios, por mais controvertidos, por mais desfavoráveis possamos estar. Basta observar para cada um de nós, somos a expressão mais concreta da diversidade e da diferença (tanto subjetiva quanto emotiva, tanto concreta quanto racional, tanto espiritual quanto afetiva) e tais detalhes para vivermos e convivermos em interdependência, em partilha, em reciprocidade, em cuidado, em decência, em compromisso, com comprometimento e isto, de certo, aponta para sentar e estar ao redor da mesa, da mesa da Ceia do Senhor. Sim e sim, examine-se o homem a si mesmo, examine-se, seja eu ou você, para discernir de que as diferenças são a complementaridade não para hostilizar, não para rebaixar, não para diminuir, não para depreciar, não para desmerecer e, em direção oposta, dialogar, escutar, amparar, acreditar, refazer, abraçar, dissertar com lágrimas, reger com sorrisos, interpretar a vida com significado e com o lúdico. Vale dizer, o Senhor Jesus Cristo parte o pão para nos aproximarmos e nos percebermos como iguais, em nossa humanidade, para ousar e seguir o mandamento do companheirismo, da amizade, de não fazer do outro um objetivo para nossos apetites, para nossos instintos e para nossos impulsos egoístas.

Atentemos, a Cruz de Cristo não veio para uns, mas para todos, porque no fruir das diferenças, há o fluir das diversidades, não há a paralisação e a morte. É bem verdade, estamos em períodos de turbações e conturbações, em períodos de desesperança e confusão, de uma aparente ideia de aceitar e acatar paradigmas pré-formatados e incólumes ou intactos, como mandamentos imperativos divinos. Tristemente, o efeito dessas tendências tem sido uma geração receosa em caminhar com o outro, de se humanizar com o outro, de ousar a viver e conviver com o outro. Dou mais uma pinçada, ao redor da mesa, as diferenças e as diversidades faziam, ali, parte do momento e eis a revelação de, apesar de discordar de determinados pontos, mas não abro mão do direito e do dever de participarmos e compartilharmos as notícias boas.
São Paulo - SP
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