Palavra do leitor
- 21 de janeiro de 2010
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Carta de um Haitiano a Deus
"Nada pode ser mais contraditória e ao mesmo tempo vital do que a fé."
A noite exprimia mais um capítulo de insossa monotonia. Enquanto podia ouvir, muito embora dentro de casa, solitários ecos, talvez, de aventureiros sem conceder nenhum valor real as suas vidas.
Afinal de contas, percorrer pelas periferias de Porto Principe, por esses recônditos de sonhos improvisados, de lágrimas petrificadas, de desejos manipulados, de almas hostilizadas e, enfim, nesses mosaicos de inumanidades, pode ser o convite ao término.
Mesmo assim, não importa!
Acostumei-me com a violência pelos restolhos de uma história, por demais, espezinhada e espoliada pelos algozes do poder. Ao debulhar essas idéias imiscuídas pelo conformismo e pela sanha de uma tola e anódina capacidade de ser o protagonista de uma guinada.
Tão somente, posso firmar a insidiosa maneira pela qual a catástrofe veio. Tudo parecia submetido a uma erupção caótica, a uma hecatombe apocalíptica.
Sentia-me num navio na eminência de se lacerado e pulverizado pelas garras inexorávies do oceano. Num reles instante, a terra encetava a sepultar uma multidão de vítimas, reflexos das sandices dos colonizadores e da cupidez dos mais afortunados.
Novamente ouso destacar, numa lúgubre ironia do destino, ou sei lá mais o quê, os maiores atingidos estavam nos seus escaninhos de barro, madeira, concreto e marfim.
De repente, as lágrimas ressoavam entremadas aos esbravejos e mantos de sangue da mais abissal certeza, ou seja, a fugacidade das conquistas, a fugidia sensação de sermos, lá no fundo, uma incógnita para nós mesmo.
Confesso indispor de uma razão do por qual motivo fui poupado e parecia um alienígena, um ser indiferente diante dos mosaicos macabros e tétricos, ao meu redor.
Porventura, cogitava, não teria sido nomeado a ser uma testemunha ocular de pessoas nos escombros, de corpos espraiados nas ruas, de valas improvisadas para uma despedida célere e silenciosa, de irmãos engalfinhando-se do patrimônio dos ratos.
Sem sombra de dúvida, a ajuda virá e, em hipótese alguma, poderei deixar de ser bem vindo. Agora, o porque amodamo-nos a ser uma espécie sui generis para as ilações e elucubrações dos estudiosos. Não bastasse, acabamos palco de comentáiros vituperáveis e estúpidos de sermos depositários de uma maldição africana.
No momento em que estava engolfado pela névoa fuliginosa de areia, tão somente, consegui observar para uma bíblia. Nada mais, nada menos!
De início, demonstrei uma vontade incomensurável de cuspir nela, regurgitar, uma vez por todas, Deus e aceita os fatos sobre a égide da razão. Até argui em deixá-la nos escombros, nos monturos de corpos e seguir como um proscrito.
Simplesmente, não sei o motivo de ter estendido as mãos e a tirei dali. De imediato, passei a embever-me de uma esperança não tola, idlílica e sim que pudesse resgatar a minha humanidade. A Cruz, sem qualquer leviandade, passou a ser o lenitivo, o ânimo para recomeçar a ser alma, coração, sangue, lágrimas, riso e algúem.
De certo, as lembranças dos sobreviventes não serão mais as mesmas. As vezes indago:
"Porventura, conseguirei fechar os olhos dos meus parentes, na minha alma?"
Por enquanto, decido por perfazer a caminhada, em meio as mazelas pintadas a sangue e vísceras cobertas por papeis, com Cristo. Noto que, ao meu lado, nada ainda disse; mesmo assim, tudo demonstra, cada vez mais, estar mais voltado a abraçar-nos.
A noite exprimia mais um capítulo de insossa monotonia. Enquanto podia ouvir, muito embora dentro de casa, solitários ecos, talvez, de aventureiros sem conceder nenhum valor real as suas vidas.
Afinal de contas, percorrer pelas periferias de Porto Principe, por esses recônditos de sonhos improvisados, de lágrimas petrificadas, de desejos manipulados, de almas hostilizadas e, enfim, nesses mosaicos de inumanidades, pode ser o convite ao término.
Mesmo assim, não importa!
Acostumei-me com a violência pelos restolhos de uma história, por demais, espezinhada e espoliada pelos algozes do poder. Ao debulhar essas idéias imiscuídas pelo conformismo e pela sanha de uma tola e anódina capacidade de ser o protagonista de uma guinada.
Tão somente, posso firmar a insidiosa maneira pela qual a catástrofe veio. Tudo parecia submetido a uma erupção caótica, a uma hecatombe apocalíptica.
Sentia-me num navio na eminência de se lacerado e pulverizado pelas garras inexorávies do oceano. Num reles instante, a terra encetava a sepultar uma multidão de vítimas, reflexos das sandices dos colonizadores e da cupidez dos mais afortunados.
Novamente ouso destacar, numa lúgubre ironia do destino, ou sei lá mais o quê, os maiores atingidos estavam nos seus escaninhos de barro, madeira, concreto e marfim.
De repente, as lágrimas ressoavam entremadas aos esbravejos e mantos de sangue da mais abissal certeza, ou seja, a fugacidade das conquistas, a fugidia sensação de sermos, lá no fundo, uma incógnita para nós mesmo.
Confesso indispor de uma razão do por qual motivo fui poupado e parecia um alienígena, um ser indiferente diante dos mosaicos macabros e tétricos, ao meu redor.
Porventura, cogitava, não teria sido nomeado a ser uma testemunha ocular de pessoas nos escombros, de corpos espraiados nas ruas, de valas improvisadas para uma despedida célere e silenciosa, de irmãos engalfinhando-se do patrimônio dos ratos.
Sem sombra de dúvida, a ajuda virá e, em hipótese alguma, poderei deixar de ser bem vindo. Agora, o porque amodamo-nos a ser uma espécie sui generis para as ilações e elucubrações dos estudiosos. Não bastasse, acabamos palco de comentáiros vituperáveis e estúpidos de sermos depositários de uma maldição africana.
No momento em que estava engolfado pela névoa fuliginosa de areia, tão somente, consegui observar para uma bíblia. Nada mais, nada menos!
De início, demonstrei uma vontade incomensurável de cuspir nela, regurgitar, uma vez por todas, Deus e aceita os fatos sobre a égide da razão. Até argui em deixá-la nos escombros, nos monturos de corpos e seguir como um proscrito.
Simplesmente, não sei o motivo de ter estendido as mãos e a tirei dali. De imediato, passei a embever-me de uma esperança não tola, idlílica e sim que pudesse resgatar a minha humanidade. A Cruz, sem qualquer leviandade, passou a ser o lenitivo, o ânimo para recomeçar a ser alma, coração, sangue, lágrimas, riso e algúem.
De certo, as lembranças dos sobreviventes não serão mais as mesmas. As vezes indago:
"Porventura, conseguirei fechar os olhos dos meus parentes, na minha alma?"
Por enquanto, decido por perfazer a caminhada, em meio as mazelas pintadas a sangue e vísceras cobertas por papeis, com Cristo. Noto que, ao meu lado, nada ainda disse; mesmo assim, tudo demonstra, cada vez mais, estar mais voltado a abraçar-nos.
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