Carpe Diem

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"Portanto, não se preocupem..." (Mt 6.31)

"A vida é um mistério a ser vivido, não um problema a ser resolvido". Com este pensamento procuro desafiar irmãos e irmãs a viverem a vida de fé com mais leveza e tranqüilidade. Não busco uma conotação enigmática para o termo "mistério", como aparece nos livros de Agatha Christie, pois esta palavra simplesmente se refere a um segredo, doutrina ou verdade, anteriormente escondido que agora é revelado (veja 1 Co 2.7; Ef 3.3-4; Rm 16.25). É com este significado que entendo ser "a vida como um mistério a ser vivido e não um problema a ser resolvido". Viver requer uma fé viva e confiante naquele que conhece o futuro. Só uma fé verdadeira é capaz de fortalecer uma pessoa para que viva o presente sem se deixar abater nem pelo que se passou, nem pelo que ainda virá a ocorrer. Porque a fé sabe que o Senhor Jesus "sustenta todas as coisas por sua palavra poderosa" (Hb 1.3). 

No filme, "A sociedade dos poetas mortos" estrelado por Robin Willians, a expressão "carpe diem" ficou famosa. Carpe diem é uma declaração em latim que significa "colha o dia" ou "aproveita o momento". Quem cunhou a frase foi Horácio, poeta romano (65 – 8 a.C), de quem se lê: "carpe diem quam minimum crédula postero" (colha o dia, confia o mínimo no amanhã). Em síntese esta frase significa: "aproveite as oportunidades que a vida lhe oferece no momento em que elas se apresentam", porque, na verdade, ninguém sabe o que lhe está reservado nem o que lhe assegura o amanhã. Deste modo então, devemos aproveitar ao máximo o que a vida nos oferece no presente, parar de sofrer pelo passado, e evitar se preocupar em demasia com o futuro porque Jesus reiteradas vezes advertiu: "não se preocupem com o amanhã" (Mt 6.34). 

Uma fábula interessante ilustra esse princípio: "Um sábio resolveu passar algumas semanas num mosteiro do Nepal. Certa tarde, entrou num dos muitos templos do mosteiro e encontrou um monge sorrindo, sentado no altar. — Por que o senhor sorri? Perguntou ao monge. — Porque entendo o significado das bananas! Disse o monge, abrindo a bolsa que carregava e tirando uma banana podre de dentro. — Esta é a vida que passou e não foi aproveitada no momento certo, agora é tarde demais. Em seguida, tirou da bolsa uma banana ainda verde. Mostrou-a e tornou a guardá-la. — Esta é a vida que ainda não aconteceu, é preciso esperar o momento certo, ele disse.
Finalmente, tirou uma banana madura, descascou-a e dividiu-a com o sábio, dizendo: — Este é o momento presente. Saiba vivê-lo sem medo". 

A pessoa preocupada ou ansiosa vive dividida (literalmente rasgada) entre o passado (que virou história) e o futuro (que ainda não existe), mas não se deleita no presente (que é um dom de Deus). Como cristãos devemos ser gratos a Deus porque não só existimos, mas estamos vivos. A vida é um dom divino e, por isso, deve ser desfrutada com intensidade e com responsabilidade, "não se deixem enganar, de Deus não se zomba. Pois o que alguém semear, isto também colherá" (Gl 6.7). 

Convoco os irmãos e irmãs para que, juntamente comigo, tornemo-nos pessoas mais leves e tranqüilas na caminhada com Cristo. Vamos fazer a nossa vida valer a pena. Talvez seja necessário se desvencilhar do passado, e, depois, soltar as rédeas do futuro para que possamos viver o presente. Rubem Alves escreveu sobre Carpe Diem: "Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente". Portanto, não coma o que está podre nem o que está verde, mas o que está maduro. Termino citando o ensino de Jesus: "basta a cada dia o seu próprio mal" (Mt 6.34).

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Opinião do leitor