Palavra do leitor
- 03 de março de 2012
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Caro bispo Robinson...
Ouvi falar de você ainda quando era menina em Cristo. Os seus artigos me atraiam, mas a leitura dos textos sagrados hipnotizavam-me e isso não permitia que eu fizesse incursões para fora da minha escola original.
Passados os primeiros anos, com muito estudo, algumas experiências sagradas e uma teologia conformada aos escritos bíblicos, inconformada com as construções e abusos das igrejas cristãs, comecei a aventurar-me nos campos do Senhor com o objetivo de chamar a atenção para os descaminhos dos que estavam no Caminho e atrair parceiros para a nova empreitada. Principiei buscando apoio de homens de Deus que possuiam um discurso mais próximo do Caminho, mas todos, sem exceção, estavam de alguma forma presos nas redes clericais ou trabalhando como apêndices delas e, por defesa, consciente ou inconsciente, não viam como ser igreja sem depender de suas armações estratégicas e muito rápido descartavam a possibilidade de avanço em nossos diálogos.
Por um tempo voltei-me mais inteiramente para a compatibilização de minha própria evolução espiritual e o meu posicionamento no mundo: família, trabalho, amigos, com resultados tremendos no avanço do que seja a vontade do nosso Salvador.
Uma força interior, que talvez fosse apelidada por você de “mediunidade evangélica” (esse seu traço cômico descontraiu muita gente e possibilitou um contato menos formal com as questões do Reino), me impulsionava a chamar a atenção do pessoal que reergueu os templos que Jesus queria desconstruídos. Foi aí que, reencontrei você, agora em vídeo.
Assisti todos os que estavam disponibilizados na internet, li tudo o que escrevia em sites e percebi que ali estava mais uma esperança de transformação das igrejas. Amigos comuns, sabendo de minha admiração e intenção de conhecê-lo, propunham um encontro para apresentação de minhas teses e propostas. Não esperei por isso, minha urgência era maior, graças a Deus!
Contatei-o por email, arriscando a não receber resposta devido a sua agenda lotada, uma produção intelectual intensa e um “cargo pomposo”. Estava enganada. A resposta veio pouco tempo depois e, por mais de cinco meses trocamos ideias, aproximando-nos ou afastando-nos teologicamente, apontando os nossos erros, defendendo nossos pontos de vista. Foram conversas profícuas. Aos poucos, as barreiras estavam sendo derrubadas de ambos os lados (será?). Havia respeito entre nós, havia afeto profundo de irmãos em Cristo. Quatro dias antes do brutal acontecimento enviei-lhe minha última resposta.
Agora que você partiu, voltei a ler nossos diálogos (salvei uma parte deles) e fico me perguntando se não poderia ter feito alguma coisa. Em um dos emails você compara a igreja a uma família disfuncional e da sua luta para torná-la funcional. Eu não consegui perceber o que estava implícito, caro bispo, e sinto muito por isto.
Tenha certeza que eu não sou mais a mesma, acreditando ainda, agora mais, que de dentro não podemos tornar o que é disfuncional em funcional, pelo menos sem ajuda externa (importância dos profetas) e/ou proposição de novos modelos.
Em você encontrei o campo fértil do verdadeiro sacerdote do Senhor, comprometido com a sua missão, igrejeiro sem deixar de ser humano, humilde e esperançoso. Você vai fazer muita falta, mas Deus sabe o que faz.
Descanse em paz caro bispo Robinson. Espero que nossas conversas continuem do lado de lá!
Passados os primeiros anos, com muito estudo, algumas experiências sagradas e uma teologia conformada aos escritos bíblicos, inconformada com as construções e abusos das igrejas cristãs, comecei a aventurar-me nos campos do Senhor com o objetivo de chamar a atenção para os descaminhos dos que estavam no Caminho e atrair parceiros para a nova empreitada. Principiei buscando apoio de homens de Deus que possuiam um discurso mais próximo do Caminho, mas todos, sem exceção, estavam de alguma forma presos nas redes clericais ou trabalhando como apêndices delas e, por defesa, consciente ou inconsciente, não viam como ser igreja sem depender de suas armações estratégicas e muito rápido descartavam a possibilidade de avanço em nossos diálogos.
Por um tempo voltei-me mais inteiramente para a compatibilização de minha própria evolução espiritual e o meu posicionamento no mundo: família, trabalho, amigos, com resultados tremendos no avanço do que seja a vontade do nosso Salvador.
Uma força interior, que talvez fosse apelidada por você de “mediunidade evangélica” (esse seu traço cômico descontraiu muita gente e possibilitou um contato menos formal com as questões do Reino), me impulsionava a chamar a atenção do pessoal que reergueu os templos que Jesus queria desconstruídos. Foi aí que, reencontrei você, agora em vídeo.
Assisti todos os que estavam disponibilizados na internet, li tudo o que escrevia em sites e percebi que ali estava mais uma esperança de transformação das igrejas. Amigos comuns, sabendo de minha admiração e intenção de conhecê-lo, propunham um encontro para apresentação de minhas teses e propostas. Não esperei por isso, minha urgência era maior, graças a Deus!
Contatei-o por email, arriscando a não receber resposta devido a sua agenda lotada, uma produção intelectual intensa e um “cargo pomposo”. Estava enganada. A resposta veio pouco tempo depois e, por mais de cinco meses trocamos ideias, aproximando-nos ou afastando-nos teologicamente, apontando os nossos erros, defendendo nossos pontos de vista. Foram conversas profícuas. Aos poucos, as barreiras estavam sendo derrubadas de ambos os lados (será?). Havia respeito entre nós, havia afeto profundo de irmãos em Cristo. Quatro dias antes do brutal acontecimento enviei-lhe minha última resposta.
Agora que você partiu, voltei a ler nossos diálogos (salvei uma parte deles) e fico me perguntando se não poderia ter feito alguma coisa. Em um dos emails você compara a igreja a uma família disfuncional e da sua luta para torná-la funcional. Eu não consegui perceber o que estava implícito, caro bispo, e sinto muito por isto.
Tenha certeza que eu não sou mais a mesma, acreditando ainda, agora mais, que de dentro não podemos tornar o que é disfuncional em funcional, pelo menos sem ajuda externa (importância dos profetas) e/ou proposição de novos modelos.
Em você encontrei o campo fértil do verdadeiro sacerdote do Senhor, comprometido com a sua missão, igrejeiro sem deixar de ser humano, humilde e esperançoso. Você vai fazer muita falta, mas Deus sabe o que faz.
Descanse em paz caro bispo Robinson. Espero que nossas conversas continuem do lado de lá!
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- 03 de março de 2012
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