Palavra do leitor
- 27 de setembro de 2024
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Caravanas que se encontram
Era um final de tarde ensolarado. Alguns homens retornavam do campo após um dia de trabalho árduo. A seca daquele ano castigava a população local já tão sofrida. Há meses nem uma gota de chuva caía por lá.
Duas Caravanas se encontraram na saída da pequena cidade de Naim onde morava Chaya, viúva há cerca de um ano, após seu esposo ter sofrido um infarto fulminante. A cidade ficava no sopé do monte Tabor. Era uma vila muito pobre, a cerca de um dia de caminhada da cidade de Cafarnaum, cidade na qual Jesus acabara de curar o servo de um centurião. Naim significa aconchego, tranquilidade, calma, o que nos leva a crer que aquele era um bom lugar de se viver, de criar filhos, enfim, de ser feliz.
Naim é mencionada na Bíblia quando esta relata a ressurreição do filho de uma certa viúva. Na época de Jesus, o vilarejo era um assentamento pequeno e pobre, com acesso limitado a uma única estrada. Um dia, num de seus deslocamentos para pregar as Boas Novas do Reino de Deus e após caminhar por cerca de cinquenta quilômetros, portanto, já bem exausto, Jesus se dirigiu a esta cidade. Ao chegar lá, ele se deparou com um cenário triste: um cortejo fúnebre estava se deslocando.
Essa história chegou até nós por meio do historiador Lucas. O diálogo entre o ilustre visitante e Chaya pode ter sido mais longo, porém, o narrador o resumiu neste pequeno trecho:
"Vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela e disse-lhe: — Não chores.
E, chegando-se, tocou o esquife e disse:
— Jovem, levanta-te!
E o defunto assentou-se e começou a falar".
Fico me perguntando o que o jovem teria falado após ter seus olhos abertos. Arrisco dizer que de seus lábios deve ter saído um verdadeiro e lindo louvor, quem sabe como este: "Cantarei ao Senhor toda a minha vida; louvarei ao meu Deus enquanto eu viver".
Certamente, esse milagre da ressurreição não é tão famoso quanto o relato sobre Lázaro. Porém, assim como no caso do irmão de Marta e Maria, nos traz reflexões e ensinos memoráveis.
Apesar de bastante cansado e tendo que dar atenção às muitas demandas da multidão que o seguia, Jesus parou diante daquele cortejo. Tristeza e lágrimas eram o sinal visível de quanto aquelas pessoas sentiam pela família enlutada. Jesus não apenas parou, mas se envolveu, se compadeceu daquela mulher que já havia perdido o marido e, portanto, agora ficaria de vez desamparada. Não apenas se compadeceu, mas deu ordens aos céus revertendo aquele cenário de desilusão.
Uma caravana com cheiro de morte e uma com cheiro de vida. Jesus vinha à frente de uma pequena multidão que havia encontrado nele a esperança que há muito depositavam num suposto líder ou profeta que os livraria da dominação política e da pobreza profunda em que se encontravam há tempos. Aquele galileu trazia consigo o remédio que livraria aquele corpo inerte no esquife, trazendo-o de volta ao seio de sua família e amigos ao ordenar que o mesmo se levantasse e novamente sentisse o fluxo do ar sendo soprado pelos seus pulmões.
De repente, as duas caravanas se transformaram em apenas uma. A caravana da esperança. A morte foi vencida pela vida. O horror, pela alegria. As lágrimas, pelo sorriso. A casa da viúva voltaria a ter gente; mãe e filho poderiam novamente preparar e comer um gostoso chalá (pão simbólico do povo judeu consumido durante o Shabat) regado com chá de hortelã durante as próximas festividades de seu povo. A mãe poderia ver seus netos um dia correndo pelas ruas e vielas.
O Filho de Deus encarnado como homem de Nazaré mais uma vez subjugou a morte e, mostrando seu poder sobre a natureza criada, trouxe à existência um corpo já destituído de vida. Sua voz poderosa fora ouvida e obedecida pela mais terrível inimiga do ser humano quando ecoou no mundo dos mortos e ordenou que o filho da viúva retornasse ao mundo dos viventes.
Que possamos estar com ouvidos e coração abertos e atentos para esta voz alvissareira que, desde a eternidade, não somente traz à existência todas as coisas, mas as mantém e as controla com autoridade. Estejamos atentos à caravana que passa ao nosso lado espalhando esperança de vida abundante e eterna. Abramos os olhos da fé para um Deus que nos alcança na nossa caminhada, se compadece da nossa dor e como o sol que brilha a cada manhã, renova-nos e enche-nos com sua boa e surpreendente visita graciosa.
Tony Oliveira - Autor do livro "Pingos da Graça"
Para outros textos do autor, acesse: https://pingosdagraca.wordpress.com/
Contato: faos.ead@gmail.com
Duas Caravanas se encontraram na saída da pequena cidade de Naim onde morava Chaya, viúva há cerca de um ano, após seu esposo ter sofrido um infarto fulminante. A cidade ficava no sopé do monte Tabor. Era uma vila muito pobre, a cerca de um dia de caminhada da cidade de Cafarnaum, cidade na qual Jesus acabara de curar o servo de um centurião. Naim significa aconchego, tranquilidade, calma, o que nos leva a crer que aquele era um bom lugar de se viver, de criar filhos, enfim, de ser feliz.
Naim é mencionada na Bíblia quando esta relata a ressurreição do filho de uma certa viúva. Na época de Jesus, o vilarejo era um assentamento pequeno e pobre, com acesso limitado a uma única estrada. Um dia, num de seus deslocamentos para pregar as Boas Novas do Reino de Deus e após caminhar por cerca de cinquenta quilômetros, portanto, já bem exausto, Jesus se dirigiu a esta cidade. Ao chegar lá, ele se deparou com um cenário triste: um cortejo fúnebre estava se deslocando.
Essa história chegou até nós por meio do historiador Lucas. O diálogo entre o ilustre visitante e Chaya pode ter sido mais longo, porém, o narrador o resumiu neste pequeno trecho:
"Vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela e disse-lhe: — Não chores.
E, chegando-se, tocou o esquife e disse:
— Jovem, levanta-te!
E o defunto assentou-se e começou a falar".
Fico me perguntando o que o jovem teria falado após ter seus olhos abertos. Arrisco dizer que de seus lábios deve ter saído um verdadeiro e lindo louvor, quem sabe como este: "Cantarei ao Senhor toda a minha vida; louvarei ao meu Deus enquanto eu viver".
Certamente, esse milagre da ressurreição não é tão famoso quanto o relato sobre Lázaro. Porém, assim como no caso do irmão de Marta e Maria, nos traz reflexões e ensinos memoráveis.
Apesar de bastante cansado e tendo que dar atenção às muitas demandas da multidão que o seguia, Jesus parou diante daquele cortejo. Tristeza e lágrimas eram o sinal visível de quanto aquelas pessoas sentiam pela família enlutada. Jesus não apenas parou, mas se envolveu, se compadeceu daquela mulher que já havia perdido o marido e, portanto, agora ficaria de vez desamparada. Não apenas se compadeceu, mas deu ordens aos céus revertendo aquele cenário de desilusão.
Uma caravana com cheiro de morte e uma com cheiro de vida. Jesus vinha à frente de uma pequena multidão que havia encontrado nele a esperança que há muito depositavam num suposto líder ou profeta que os livraria da dominação política e da pobreza profunda em que se encontravam há tempos. Aquele galileu trazia consigo o remédio que livraria aquele corpo inerte no esquife, trazendo-o de volta ao seio de sua família e amigos ao ordenar que o mesmo se levantasse e novamente sentisse o fluxo do ar sendo soprado pelos seus pulmões.
De repente, as duas caravanas se transformaram em apenas uma. A caravana da esperança. A morte foi vencida pela vida. O horror, pela alegria. As lágrimas, pelo sorriso. A casa da viúva voltaria a ter gente; mãe e filho poderiam novamente preparar e comer um gostoso chalá (pão simbólico do povo judeu consumido durante o Shabat) regado com chá de hortelã durante as próximas festividades de seu povo. A mãe poderia ver seus netos um dia correndo pelas ruas e vielas.
O Filho de Deus encarnado como homem de Nazaré mais uma vez subjugou a morte e, mostrando seu poder sobre a natureza criada, trouxe à existência um corpo já destituído de vida. Sua voz poderosa fora ouvida e obedecida pela mais terrível inimiga do ser humano quando ecoou no mundo dos mortos e ordenou que o filho da viúva retornasse ao mundo dos viventes.
Que possamos estar com ouvidos e coração abertos e atentos para esta voz alvissareira que, desde a eternidade, não somente traz à existência todas as coisas, mas as mantém e as controla com autoridade. Estejamos atentos à caravana que passa ao nosso lado espalhando esperança de vida abundante e eterna. Abramos os olhos da fé para um Deus que nos alcança na nossa caminhada, se compadece da nossa dor e como o sol que brilha a cada manhã, renova-nos e enche-nos com sua boa e surpreendente visita graciosa.
Tony Oliveira - Autor do livro "Pingos da Graça"
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