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Palavra do leitor

Bolso cheio e coração vazio

Mesmo sendo jovem e muito rico, certo rapaz não estava totalmente tranqüilo. Queria saber o "que fazer para herdar a vida eterna" (Marcos 10.17). Jesus começa lembrando os mandamentos sociais que se resumem em "amarás o teu próximo como a ti mesmo". Porém, o jovem entendeu isso apenas do ponto de vista de um cumprimento formal da lei mosaica. E, isso ele disse cumprir desde a adolescência. Estava se comportando como um bom menino. Papai Noel com certeza ficaria orgulhoso. No entanto, o jovem estava diante de Jesus Cristo. O cumprimento externo e formal da lei pode agradar aqueles que não dão importância às coisas da alma. Diante de Deus a dissimulação não convence. Jesus desejava a libertação real e profunda para a vida daquele jovem.

O rapaz estava certo e orgulhoso quanto ao cumprimento da lei. Jesus vai direto ao ponto: “Falta-lhe uma coisa: vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Ao expressar essas palavras, Jesus olhava o jovem de maneira amorosa.

Hoje é o contrário. O discurso foi distorcido para atender interesses egocêntricos: ‘Vá, ganhe muito dinheiro, possua muitos bens, uma gorda conta bancária, e não precisarás de nenhum tesouro no céu. Depois, venha e suborne-me’. Os olhos não são de amor, mas de cobiça.

Diante das palavras de Jesus, o jovem “ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas”. Diante dos discursos dos falsos profetas de hoje, o povo vem sorridente com um brilho de esperança no olhar. Não saem tristes e cabisbaixos por causa das riquezas. Saem felizes com mais um amuleto na mão e uma convicção na cabeça: ‘Eu também vou ficar rico’. Olhando ao redor, Jesus conclui: “Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus!” Os discípulos ficaram surpresos, admirados... Se as igrejas hoje tivessem a coragem de ler e ensinar essa passagem das Escrituras, com certeza, muita gente se admiraria também.

Sim, o dinheiro pode nos escravizar proporcionando uma falsa segurança. O problema não é a riqueza em si, mas, ganância, cobiça, sede de poder e dominação. Aquele jovem não era dono da sua riqueza. A riqueza é que era dona dele. Somente quem é capaz de dizer ‘não’ é realmente livre. Ao deixarmos que algo nos escravize, abrimos mão de muitas coisas mais importantes. Quando sentimos o desejo de acumular e acumular, algo está errado. Quando acumulamos por pura vaidade, ganância e cobiça, então, Deus não é mais Senhor das nossas vidas. Assim, mais cedo ou mais tarde, descobriremos que aquilo que equivocadamente consideramos algo indispensável para a existência, continua a deixar um sabor de frustração e vazio.
Curitiba - PR
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