Palavra do leitor
- 04 de janeiro de 2015
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"Até aqui, o Senhor nos ajudou."
Contemplando o verde do gramado em frente de casa e a imensidão de azul, por onde passeiam araras e tucanos; Palmelo é uma pequena vila do interior do Goiás, quase três mil habitantes, onde a Natureza está... Ao alcance das mãos, quase...
Primeiro domingo de 2015... Não pensei que chegasse a vivenciá-lo.
No final de 2002 minha saúde entrou num processo complicado, que médico algum identificava. Em junho de 2007, após quatro anos e meio do caos absoluto, finalmente, o diagnóstico: hanseníase neural pura, lepra no sistema nervoso periférico. Um sistema nervoso então totalmente destroçado, em razão da demora em ser descoberto o mal.
Junto com a prescrição do tratamento, um quase veredito: é provável que, antes de matar o bacilo, o tratamento mate você; dificilmente você sobreviva mais que três dias, após a primeira dose.
A poliquimioterapia, de 12 meses, agride todo o organismo, muito fortemente; minha saúde sempre foi frágil e meu neurologista tinha razões para se preocupar. Mas iniciar o tratamento era uma oportunidade que me era dada; e eu nunca fui covarde, ousei.
Só eu sei o que foi esse processo e o que são as sequelas dele e da enfermidade; eu e meus filhos, que foram guardiões do meu sofrimento.
Durante aquele ano, e mais quatro meses de corticoide suplementar, a dúvida era se os rins aguentariam, principalmente quando a função renal foi a 30%.
Quando um exame deu esse resultado, saí do consultório, às sete da noite, rua deserta. E no auge da minha angústia, pois eu não suportaria a hemodiálise, meus pulmões explodiram num grito: DEUS!
“Está angustiada por quê, não sabe que Eu lhe conheço desde o ventre da sua mãe e por isso lhe dei três rins? “. Pois é... Fiquei perplexa com o que ouvia... Mas, e os 30%?
Estou aqui, contemplando o verde, o azul, deixando minha emoção voar com tucanos e araras.
A saúde está ainda bem mais delicada do que sempre foi, minha vida é de muitos cuidados. Mas já não peso 90 quilos (resultado do corticoide), consigo andar sem bengala (João Carlos, meu filho, comprou uma cor-de-rosa, pra eu ficar chique! rsrs), as dores infernais diminuíram. Se são muitas as limitações, 2014 foi um ano em que conheci uma vida até que amena, quase normal!
“Até aqui, o Senhor nos ajudou.” (1 Samuel 7:12).
Olho pra trás e vejo as grandes bênçãos, os imensos milagres que me foram oferecidos, para que eu já tenha ultrapassado, em muito, os dois tempos de quarenta e cinco minutos, a prorrogação...
Hoje, no primeiro domingo de 20015... “Só levo o sorriso, porque já chorei demais”, enquanto ando devagar e sem bengala.
E posso sorrir por ter o entendimento de que tudo é aprendizado, para que, no final da estrada, eu possa me apresentar mais refinada, mais bem forjada, a mim mesma... E ao Deus, no qual eu creio.
2015... Ôxe, to chegando longe.
Paz em Deus.
Primeiro domingo de 2015... Não pensei que chegasse a vivenciá-lo.
No final de 2002 minha saúde entrou num processo complicado, que médico algum identificava. Em junho de 2007, após quatro anos e meio do caos absoluto, finalmente, o diagnóstico: hanseníase neural pura, lepra no sistema nervoso periférico. Um sistema nervoso então totalmente destroçado, em razão da demora em ser descoberto o mal.
Junto com a prescrição do tratamento, um quase veredito: é provável que, antes de matar o bacilo, o tratamento mate você; dificilmente você sobreviva mais que três dias, após a primeira dose.
A poliquimioterapia, de 12 meses, agride todo o organismo, muito fortemente; minha saúde sempre foi frágil e meu neurologista tinha razões para se preocupar. Mas iniciar o tratamento era uma oportunidade que me era dada; e eu nunca fui covarde, ousei.
Só eu sei o que foi esse processo e o que são as sequelas dele e da enfermidade; eu e meus filhos, que foram guardiões do meu sofrimento.
Durante aquele ano, e mais quatro meses de corticoide suplementar, a dúvida era se os rins aguentariam, principalmente quando a função renal foi a 30%.
Quando um exame deu esse resultado, saí do consultório, às sete da noite, rua deserta. E no auge da minha angústia, pois eu não suportaria a hemodiálise, meus pulmões explodiram num grito: DEUS!
“Está angustiada por quê, não sabe que Eu lhe conheço desde o ventre da sua mãe e por isso lhe dei três rins? “. Pois é... Fiquei perplexa com o que ouvia... Mas, e os 30%?
Estou aqui, contemplando o verde, o azul, deixando minha emoção voar com tucanos e araras.
A saúde está ainda bem mais delicada do que sempre foi, minha vida é de muitos cuidados. Mas já não peso 90 quilos (resultado do corticoide), consigo andar sem bengala (João Carlos, meu filho, comprou uma cor-de-rosa, pra eu ficar chique! rsrs), as dores infernais diminuíram. Se são muitas as limitações, 2014 foi um ano em que conheci uma vida até que amena, quase normal!
“Até aqui, o Senhor nos ajudou.” (1 Samuel 7:12).
Olho pra trás e vejo as grandes bênçãos, os imensos milagres que me foram oferecidos, para que eu já tenha ultrapassado, em muito, os dois tempos de quarenta e cinco minutos, a prorrogação...
Hoje, no primeiro domingo de 20015... “Só levo o sorriso, porque já chorei demais”, enquanto ando devagar e sem bengala.
E posso sorrir por ter o entendimento de que tudo é aprendizado, para que, no final da estrada, eu possa me apresentar mais refinada, mais bem forjada, a mim mesma... E ao Deus, no qual eu creio.
2015... Ôxe, to chegando longe.
Paz em Deus.
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