Palavra do leitor
- 13 de junho de 2009
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As margens do "Velho Chico" o ouvi...
Uma das grandes vantagens que tenho encontrado em realizar minha pesquisa de campo em Penedo- AL, é o fato dessa cidade estar as margens do rio São Francisco, ou "Velho Chico"... Não que devamos esquecer, mas nesse momento não quero gerar uma discussão sobre as problemáticas do qual esse gigante horizontal se encontra – a questão da transposição. Tudo isso é importante e nós, na compreensão de que o Senhor, apesar da nossa queda, continua nos outorgando a maravilhosa função de jardineiros desse mundo..., devemos compreender nossa responsabilidade... Mas hoje gostaria de compartilhar de algumas verdades espirituais sobre as quais refleti quando resolvi parar pouco mais de uma hora diante da paisagem do São Francisco.
Ao entardecer, andava eu a ermo, entrando em uma rua, saindo em outra, por alguns bairros que ainda nem sei ao certo o nome... Resolvi ir próximo do "Rochedo" – uma grande formação rochosa as margens do rio que é uma das atrações turísticas da cidade. Não quis parar ali, apenas vi um pai ensinando seu filho a pescar... Continuei a caminhar... vendo as pessoas olharem para mim com estranheza, provavelmente por saberem que eu era um “forasteiro”... Num dado momento, tendo passado por um tipo de pequeno porto ou vila de pescadores... resolvi descer até próximo de uma pequena embarcação, uma espécie de canoa com velas. Sentei-me num “matinho”... e fiquei ali, curtindo o pôr-do-sol. Apesar de tentarem, as nuvens, obviamente, não conseguiam esconder seu brilho... Assim como não davam fim ao espetáculo de cores comum nesse momento do dia... Num dado instante percebi que não parará de tirar fotos... e resolvi simplesmente me dedicar a contemplação sem o auxilio de qualquer tecnologia extra-corpórea, a não ser meus olhos, meus ouvidos... Comecei a falar com Deus, de como queria aprender a depender dEle a cada dia, mais e mais, que somente com sua ajuda seria um vitorioso em tudo, mesmo que as vezes pudesse achar que havia perdido alguma coisa... confiando na Sua soberana vontade, em sua infinita graça e misericórdia. Depois disso resolvi me calar, talvez Ele estivesse querendo falar, mas por educação não quis me interromper.
Vi uma pequena ave pousada em cima do leme da embarcação a minha frente... lembrei-me de quando Jesus falou: “olhem as aves do céu”. Certamente aquela ave não planta, nem mesmo acumula riquezas em celeiros, mas Deus certamente é quem lhes deu todo o instinto para sobreviver nesse mundo. Pude pensar sobre muitas coisas que no final das contas apontavam para uma só: a necessidade de entregar todos os meus planos diante do Pai, sabendo que ele fará o melhor sempre. Teremos ansiedades? Certamente que sim, mas nEle desenvolveremos o fruto do Espírito, e dentre as suas partes o domínio próprio, especialmente num mundo que tem verbalizado aos quatro ventos uma libertinagem travestida de liberdade, onde não se há controle sobre os desejos, sejam ele quais forem.
Ainda ali, diante de tanta água, diante daquela pequenina embarcação olhei para a margem e seu trêmulo reflexo ali... O espelho d’água refletia a imagem real, mas bastava uma pequena brisa que este já ficava turvo. Ainda podia perceber que se tratava do reflexo da mesma embarcação, mas já distorcido. Se, por um acaso, batesse um vento forte o bastante que formasse grandes ondas, as águas já não me mostrariam aquele reflexo.
Comecei, então, a refletir, sobre a nossa condição humana, feitos a imagem e semelhança do criador, somos, hoje, uma imagem distorcida do que Ele quer que sejamos. Philip Yancey, em seu livro “O Jesus que eu nunca conheci”, vai-nos dizer que Cristo é o retrato do que deveríamos ser, de um passado há muito esquecido desde a tragédia humana – pecado. Isso seria o que faz com que todos os seres humanos buscassem por algo, mas que, muitas vezes não conseguem perceber, mas que se trata de saudades da Eternidade (ou imortalidade, como quiserem), como bem falou Rubem Alves. Ele é o ser - humano perfeito que andou entre nós nos fazendo, de alguma forma, perceber como deveríamos ser, e como estamos distantes do ideal divino. Não fez isso para que nos sentíssemos mal, mas para que tivéssemos esperança de, entregando-nos ao Pai, conhecendo-o, em uma busca de total dependência dEle.
Se não nos dermos conta disso, continuaremos a ser um reflexo distorcido dEle. Quanto mais fortes forem os ventos do relativismo extremado, que vê tudo como algo normal (por isso tenho dito que a normalidade é uma doença), do imediatismo de termos só coisas boas do ponto de vista humano, da entrega irrefletida aos prazeres, fazendo deste nosso deus – hedonismo -, ignorando que o Senhor nos criou para sermos seres equilibrados em tudo.
Se não buscarmos a Ele “enquanto se pode achar” chegará um momento em que as ondas serão tão fortes que já não mais se perceberá em nós o reflexo, mesmo que ainda distorcido do Criador. O que não quer dizer que ao termos uma vida de adoração constante, refletida nos mínimos detalhes de tudo que fazemos as ondas não virão. De modo algum! A Palavra deixa clara que ‘no mundo passaremos por aflições’, sejamos pecadores acomodados ao pecado ou inconformados com ele. Essas ondas virão, cedo ou tarde, a diferença será onde estaremos alicerçados quando isso acontecer: se na areia ou na Rocha... a pedra angular rejeitada pelos construtores, a saber, o Cristo.
O “inimigo de nossas almas” estará sempre ao derredor tentando nos derrotar... pois ele só veio “para matar, roubar e destruir”, mas é a entrega total e constante de nossas vidas ao senhorio do Senhor, gerando em nós amor sincero pelas coisas que Ele ama, e uma aversão a tudo aquilo que Ele odeia, que nos fará “mais que vencedores”
Diante do vento que tocava nas águas do Velho Chico Deus trouxe a tona essas verdades preciosas, as quais muitas vezes são esquecidas quando não paramos para ouvi-lo, falando conosco em secreto. Que possamos aprender a descansar nEle, adquirindo assim, um caráter cristão cada dia mais aperfeiçoado em nossas vidas. E aquele reflexo, antes distorcido se tornará cada vez mais parecido com o real, com o Cristo vivo, ressurreto, que há de voltar para nos glorificar, tornando-nos perfeito como Ele é, vivendo em harmonia com tudo e com todos.
Desejo ouvir Deus falar, não só as margens desse belo rio, mas em meu quarto, no ônibus, em meio ao louco transito de Recife, enfim, em qualquer lugar, fazendo de mim um ser em processo de aperfeiçoamento, isto é, em processo de santificação. Este é meu “sonho-desejo”, como escreveu uma vez um grande amigo, para cada um de nós.
Deus nos ajude a não perdermos esses ideais de vista nunca! Que aprendamos a trilhar o caminho do Evangelho juntos e em amor!!
Ao entardecer, andava eu a ermo, entrando em uma rua, saindo em outra, por alguns bairros que ainda nem sei ao certo o nome... Resolvi ir próximo do "Rochedo" – uma grande formação rochosa as margens do rio que é uma das atrações turísticas da cidade. Não quis parar ali, apenas vi um pai ensinando seu filho a pescar... Continuei a caminhar... vendo as pessoas olharem para mim com estranheza, provavelmente por saberem que eu era um “forasteiro”... Num dado momento, tendo passado por um tipo de pequeno porto ou vila de pescadores... resolvi descer até próximo de uma pequena embarcação, uma espécie de canoa com velas. Sentei-me num “matinho”... e fiquei ali, curtindo o pôr-do-sol. Apesar de tentarem, as nuvens, obviamente, não conseguiam esconder seu brilho... Assim como não davam fim ao espetáculo de cores comum nesse momento do dia... Num dado instante percebi que não parará de tirar fotos... e resolvi simplesmente me dedicar a contemplação sem o auxilio de qualquer tecnologia extra-corpórea, a não ser meus olhos, meus ouvidos... Comecei a falar com Deus, de como queria aprender a depender dEle a cada dia, mais e mais, que somente com sua ajuda seria um vitorioso em tudo, mesmo que as vezes pudesse achar que havia perdido alguma coisa... confiando na Sua soberana vontade, em sua infinita graça e misericórdia. Depois disso resolvi me calar, talvez Ele estivesse querendo falar, mas por educação não quis me interromper.
Vi uma pequena ave pousada em cima do leme da embarcação a minha frente... lembrei-me de quando Jesus falou: “olhem as aves do céu”. Certamente aquela ave não planta, nem mesmo acumula riquezas em celeiros, mas Deus certamente é quem lhes deu todo o instinto para sobreviver nesse mundo. Pude pensar sobre muitas coisas que no final das contas apontavam para uma só: a necessidade de entregar todos os meus planos diante do Pai, sabendo que ele fará o melhor sempre. Teremos ansiedades? Certamente que sim, mas nEle desenvolveremos o fruto do Espírito, e dentre as suas partes o domínio próprio, especialmente num mundo que tem verbalizado aos quatro ventos uma libertinagem travestida de liberdade, onde não se há controle sobre os desejos, sejam ele quais forem.
Ainda ali, diante de tanta água, diante daquela pequenina embarcação olhei para a margem e seu trêmulo reflexo ali... O espelho d’água refletia a imagem real, mas bastava uma pequena brisa que este já ficava turvo. Ainda podia perceber que se tratava do reflexo da mesma embarcação, mas já distorcido. Se, por um acaso, batesse um vento forte o bastante que formasse grandes ondas, as águas já não me mostrariam aquele reflexo.
Comecei, então, a refletir, sobre a nossa condição humana, feitos a imagem e semelhança do criador, somos, hoje, uma imagem distorcida do que Ele quer que sejamos. Philip Yancey, em seu livro “O Jesus que eu nunca conheci”, vai-nos dizer que Cristo é o retrato do que deveríamos ser, de um passado há muito esquecido desde a tragédia humana – pecado. Isso seria o que faz com que todos os seres humanos buscassem por algo, mas que, muitas vezes não conseguem perceber, mas que se trata de saudades da Eternidade (ou imortalidade, como quiserem), como bem falou Rubem Alves. Ele é o ser - humano perfeito que andou entre nós nos fazendo, de alguma forma, perceber como deveríamos ser, e como estamos distantes do ideal divino. Não fez isso para que nos sentíssemos mal, mas para que tivéssemos esperança de, entregando-nos ao Pai, conhecendo-o, em uma busca de total dependência dEle.
Se não nos dermos conta disso, continuaremos a ser um reflexo distorcido dEle. Quanto mais fortes forem os ventos do relativismo extremado, que vê tudo como algo normal (por isso tenho dito que a normalidade é uma doença), do imediatismo de termos só coisas boas do ponto de vista humano, da entrega irrefletida aos prazeres, fazendo deste nosso deus – hedonismo -, ignorando que o Senhor nos criou para sermos seres equilibrados em tudo.
Se não buscarmos a Ele “enquanto se pode achar” chegará um momento em que as ondas serão tão fortes que já não mais se perceberá em nós o reflexo, mesmo que ainda distorcido do Criador. O que não quer dizer que ao termos uma vida de adoração constante, refletida nos mínimos detalhes de tudo que fazemos as ondas não virão. De modo algum! A Palavra deixa clara que ‘no mundo passaremos por aflições’, sejamos pecadores acomodados ao pecado ou inconformados com ele. Essas ondas virão, cedo ou tarde, a diferença será onde estaremos alicerçados quando isso acontecer: se na areia ou na Rocha... a pedra angular rejeitada pelos construtores, a saber, o Cristo.
O “inimigo de nossas almas” estará sempre ao derredor tentando nos derrotar... pois ele só veio “para matar, roubar e destruir”, mas é a entrega total e constante de nossas vidas ao senhorio do Senhor, gerando em nós amor sincero pelas coisas que Ele ama, e uma aversão a tudo aquilo que Ele odeia, que nos fará “mais que vencedores”
Diante do vento que tocava nas águas do Velho Chico Deus trouxe a tona essas verdades preciosas, as quais muitas vezes são esquecidas quando não paramos para ouvi-lo, falando conosco em secreto. Que possamos aprender a descansar nEle, adquirindo assim, um caráter cristão cada dia mais aperfeiçoado em nossas vidas. E aquele reflexo, antes distorcido se tornará cada vez mais parecido com o real, com o Cristo vivo, ressurreto, que há de voltar para nos glorificar, tornando-nos perfeito como Ele é, vivendo em harmonia com tudo e com todos.
Desejo ouvir Deus falar, não só as margens desse belo rio, mas em meu quarto, no ônibus, em meio ao louco transito de Recife, enfim, em qualquer lugar, fazendo de mim um ser em processo de aperfeiçoamento, isto é, em processo de santificação. Este é meu “sonho-desejo”, como escreveu uma vez um grande amigo, para cada um de nós.
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