Ariano Suassuna - sabedoria e humildade

Tweetar

"Se eu não acreditasse em Deus, seria um desesperado", disse certa vez este grande poeta e escritor nordestino, para mim, um dos homens mais inteligentes que já passaram por nossa terra. Um dos muitos grandes representantes do povo simples e honesto do Nordeste do Brasil. Ele foi a voz de milhões de brasileiros, sempre com muita alegria, sinceridade e sensatez.

Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 16 de junho de 1927 e faleceu em Recife, Pernambuco, em 23 de julho de 2014, aos 87 anos. Ele foi um intelectual, escritor, filósofo, dramaturgo, professor, romancista, artista plástico, ensaísta, poeta, político e advogado brasileiro. Um homem que parece ter vindo de outro mundo.

Autor de obras como Auto da Compadecida (1955) e Romance d"A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971), Ariano Suassuna foi um preeminente defensor da cultura nordestina, um dos maiores expoentes da literatura brasileira, tendo sido, em 2012, indicado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal como representante do Brasil na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura. Infelizmente não foi daquela vez que nosso poeta paraibano ficaria mundialmente conhecido. Naquele ano, o prêmio acabou sendo dado ao escritor chinês Guan Moye.

Como um autor de renome internacional, as obras de Suassuna já foram traduzidas para diversos idiomas, incluindo inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês, tendo sido também objeto de inúmeros trabalhos acadêmicos em universidades brasileiras e estrangeiras. Sua literatura é caracterizada por leveza e beleza, ao mesmo tempo. Sua voz rouca dava um tom de serenidade e cadência às suas palavras.

Numa certa entrevista, Ariano se diz ser um crente em Deus, embora não tenha levantado a bandeira de nenhuma religião formalmente conhecida. Apesar de sua intelectualidade muito acima do padrão, ele demonstrava sempre humildade diante dos mistérios da vida e muita sabedoria na sua fala. Sabia e sentia que existia Alguém totalmente soberano e poderoso que dava sentido à existência humana. Era um intelectual humanista, porém, ao mesmo tempo um filósofo deísta que não se envergonhava de defender as maravilhas criadas e mantidas por Deus.

Enfim, Ariano nos deixou um grande legado e é um grande exemplo para todos nós que continuamos nessa terra lutando por dias melhores e tentando mostrar que é possível viver de maneira plena a existência que nos foi confiada, ou melhor, presenteada por Alguém muito especial e amoroso: o Deus gracioso que, do nada, criou e sustenta todas as coisas, pessoas e mundos ainda a serem conhecidos.

Num país onde, atualmente, podemos citar tão poucos exemplos positivos, especialmente na Cultura e na Política, lembrar e celebrar a obra de Ariano Suassuna não somente nos traz boas lembranças, mas nos renova a esperança numa nação que, embora vilipendiada há décadas por "assaltantes palacianos", se destaca como celeiro do mundo e fábrica de grandes e brilhantes mentes.

Tony Oliveira - Autor dos livros "Pingos da Graça" e "Cartas do Atlântico".
Para outros textos do autor, acesse: https://pingosdagraca.wordpress.com/
Contato: faos.ead@gmail.com INSTAGRAM: @tonyoliveira_69

Tweetar

Opinião do leitor