Palavra do leitor
- 24 de março de 2014
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Apoio à vacinação anti-HPV
Como médico cristão, sinto-me compelido, pelas reações à campanha governamental de vacinação anti-HPV(1), a colocar os pontos abaixo para discussão com todos aqueles interessados.
Entendo que o governo da sociedade civil tem origem divina, com a missão de zelar pelo interesse comum, buscando as melhores condições de vida, saúde, educação e recreação a todos os cidadãos, sem nenhuma distinção que não seja originada de preceito legal.
Entendo que, mesmo sendo de origem divina, o governo da sociedade civil não deve ser tributário de nenhuma confissão religiosa – tal subordinação implicaria em elevar uma à condição superior às demais.
Entendo que quando um governo deixa de tomar uma medida, dentro do estatuto legal que o rege, que reduz o número de pessoas doentes e impede o sofrimento desnecessário é negligente com seus deveres.
A vacinação anti-HPV deve ser entendida neste contexto.
Não é a única medida efetiva contra a infecção por este vírus. Mas ao pensar nas possibilidades de contaminação e transmissão no meio de quase 200 milhões de pessoas é, sem dúvida, a mais realista e eficaz.
Por isso, como cristão, entendo ser imperativo ético, do qual não posso me furtar, apoiar a campanha de vacinação anti-HPV. Este mesmo me constrange a apontar, se necessário, desvios indesejáveis e propor correções.
Entendo que os irmãos que a ela se opõem o fazem levando em consideração situações particulares de vida, que não são o retrato da maioria da população brasileira. O mesmo imperativo ético nos impõe a fidelidade conjugal, dentro da qual não há o que temer qualquer doença sexualmente transmissível.
O amor à verdade força-me a não fechar os olhos ao que presencio no labor profissional cotidianamente: que cristãos frequentemente não praticam aquilo que suas denominações religiosas ensinam como vontade de Deus para suas vidas.
Qualquer metodologia de pesquisa tem suas falhas inevitáveis, o que não invalida, necessariamente, suas conclusões. O que vejo enquanto profissional da saúde, pelo menos uma pesquisa aponta como fato(2). Quase 2% dos homens evangélicos já mantiveram relações sexuais com travestis; mais que 50% de homens e mulheres evangélicos mantiveram relações sexuais com seus esposo(a)s antes do matrimônio; quase 12% das evangélicas e 25% dos evangélicos admitem terem traído seus cônjuges.
Portanto, tenho que apontar aos irmãos contrários à campanha, que o ideal defendido ainda não é o real, e a campanha tem o potencial de proteger a todos.
Discordo que a vacinação seja um incentivo à prática sexual precoce. Se assim o fosse, também seria um incentivo a informação da existência de preservativos e anticoncepcionais; a não separação entre os sexos nos momentos de culto e estudo bíblico; a própria sexualidade individual, que somente pode ser reprimida ao preço alto de doenças psicológicas.
1Por exemplo, http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/maes-evangelicas-boicotam-vacinacao-de-filhas-contra-hpv.html
2 http://www.genizahvirtual.com/2011/05/o-crente-e-o-sexo-pesquisa-parte-1.html
Entendo que o governo da sociedade civil tem origem divina, com a missão de zelar pelo interesse comum, buscando as melhores condições de vida, saúde, educação e recreação a todos os cidadãos, sem nenhuma distinção que não seja originada de preceito legal.
Entendo que, mesmo sendo de origem divina, o governo da sociedade civil não deve ser tributário de nenhuma confissão religiosa – tal subordinação implicaria em elevar uma à condição superior às demais.
Entendo que quando um governo deixa de tomar uma medida, dentro do estatuto legal que o rege, que reduz o número de pessoas doentes e impede o sofrimento desnecessário é negligente com seus deveres.
A vacinação anti-HPV deve ser entendida neste contexto.
Não é a única medida efetiva contra a infecção por este vírus. Mas ao pensar nas possibilidades de contaminação e transmissão no meio de quase 200 milhões de pessoas é, sem dúvida, a mais realista e eficaz.
Por isso, como cristão, entendo ser imperativo ético, do qual não posso me furtar, apoiar a campanha de vacinação anti-HPV. Este mesmo me constrange a apontar, se necessário, desvios indesejáveis e propor correções.
Entendo que os irmãos que a ela se opõem o fazem levando em consideração situações particulares de vida, que não são o retrato da maioria da população brasileira. O mesmo imperativo ético nos impõe a fidelidade conjugal, dentro da qual não há o que temer qualquer doença sexualmente transmissível.
O amor à verdade força-me a não fechar os olhos ao que presencio no labor profissional cotidianamente: que cristãos frequentemente não praticam aquilo que suas denominações religiosas ensinam como vontade de Deus para suas vidas.
Qualquer metodologia de pesquisa tem suas falhas inevitáveis, o que não invalida, necessariamente, suas conclusões. O que vejo enquanto profissional da saúde, pelo menos uma pesquisa aponta como fato(2). Quase 2% dos homens evangélicos já mantiveram relações sexuais com travestis; mais que 50% de homens e mulheres evangélicos mantiveram relações sexuais com seus esposo(a)s antes do matrimônio; quase 12% das evangélicas e 25% dos evangélicos admitem terem traído seus cônjuges.
Portanto, tenho que apontar aos irmãos contrários à campanha, que o ideal defendido ainda não é o real, e a campanha tem o potencial de proteger a todos.
Discordo que a vacinação seja um incentivo à prática sexual precoce. Se assim o fosse, também seria um incentivo a informação da existência de preservativos e anticoncepcionais; a não separação entre os sexos nos momentos de culto e estudo bíblico; a própria sexualidade individual, que somente pode ser reprimida ao preço alto de doenças psicológicas.
1Por exemplo, http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/maes-evangelicas-boicotam-vacinacao-de-filhas-contra-hpv.html
2 http://www.genizahvirtual.com/2011/05/o-crente-e-o-sexo-pesquisa-parte-1.html
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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