Palavra do leitor
- 17 de fevereiro de 2011
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Ao lado da minha igreja tem um lixão
O lixão que está ao lado da minha igreja tem criaturas que vivem no lixo e do lixo. Mas não são bichos, são pessoas com corpo, alma e espírito.
A minha igreja que está ao lado do lixão está cheia de pessoas bem vestidas, cultas, com ótimos empregos e excelente condição de vida.
O lixão que está ao lado da minha igreja tem crianças descalças e com as roupas rasgadas. Algumas sozinhas, outras, ao lado dos pais, trabalham para extrair do lixo o necessário para a vida. Elas não sabem nem escrever.
A igreja que está ao lado do lixão tem crianças limpas, bem cuidadas e felizes. Freqüentam boas escolas, sabem o inglês e acessam a internet.
O lixão que está ao lado da minha igreja tem pessoas destruídas pela miséria, vítimas da injustiça, da corrupção e da desigualdade. Algumas, sem esperança, se envolvem com violência, drogas e prostituição.
A minha igreja que está ao lado do lixão tem gente de influência, que desfruta de elevado prestígio social, atuando em várias áreas da sociedade. Gente que tem bom nome e brilhante reputação.
Nós membros dessa igreja somos obrigados a passar em frente ao lixão para chegarmos ao santo edifício, onde nos reunimos para adorar ao Deus que nos provê com as Suas riquezas. Alguns viram o rosto, preferindo não ver a realidade e, até mesmo, enraivecidos por aquele lugar feio existir bem perto da igreja (lugar bonito e de gente de bem). Outros, talvez dois ou três, já se aproximaram para entregar aos famintos e analfabetos alguns folhetos evangelísticos que dizem: “Jesus te ama... Visite a nossa igreja... Cultos: terças, quintas e domingos”. Outros lamentam: “Coitados”. E por dentro pensam: “Graças a Deus por eu não ser e não estar como esses. Sou abençoado”.
A minha igreja que está ao lado do lixão cresce a cada dia. Ela está cheia de almas piedosas que oram, jejuam, pagam o dízimo, vivem honestamente, não traem o seu cônjuge. Tem pessoas generosas que fazem importantes doações para a compra disso e daquilo e para as reformas que poderão comportar com mais conforto um maior número de fiéis. O projeto agora é comprar um sítio para retiro espiritual, um imóvel no centro da cidade para funcionar um curso teológico e outros bens.
O lixão que está ao lado da minha igreja também cresce. Ontem tinha menos crianças sujas e rasgadas no meio do lixo que hoje.
Até quando a minha igreja estará tão longe do lixão que existe ao lado? Até quando continuaremos cantando os nossos hinos, pregando e ensinando a nossa fé, cumprindo os nossos rituais de devoção, orando ao nosso Deus por nossas necessidades (muitas vezes supérfluas) sem percebermos o lixão? Até quando iremos a caminho da igreja, passando pelo direto pelo lixão, assim como o sacerdote e o levita passaram pelo moribundo à beira da estrada?
Ao lado da minha igreja tem um lixão. Mas a distância entre essas duas realidades é tão grande que parecem existir em mundos diferentes.
A minha igreja que está ao lado do lixão está cheia de pessoas bem vestidas, cultas, com ótimos empregos e excelente condição de vida.
O lixão que está ao lado da minha igreja tem crianças descalças e com as roupas rasgadas. Algumas sozinhas, outras, ao lado dos pais, trabalham para extrair do lixo o necessário para a vida. Elas não sabem nem escrever.
A igreja que está ao lado do lixão tem crianças limpas, bem cuidadas e felizes. Freqüentam boas escolas, sabem o inglês e acessam a internet.
O lixão que está ao lado da minha igreja tem pessoas destruídas pela miséria, vítimas da injustiça, da corrupção e da desigualdade. Algumas, sem esperança, se envolvem com violência, drogas e prostituição.
A minha igreja que está ao lado do lixão tem gente de influência, que desfruta de elevado prestígio social, atuando em várias áreas da sociedade. Gente que tem bom nome e brilhante reputação.
Nós membros dessa igreja somos obrigados a passar em frente ao lixão para chegarmos ao santo edifício, onde nos reunimos para adorar ao Deus que nos provê com as Suas riquezas. Alguns viram o rosto, preferindo não ver a realidade e, até mesmo, enraivecidos por aquele lugar feio existir bem perto da igreja (lugar bonito e de gente de bem). Outros, talvez dois ou três, já se aproximaram para entregar aos famintos e analfabetos alguns folhetos evangelísticos que dizem: “Jesus te ama... Visite a nossa igreja... Cultos: terças, quintas e domingos”. Outros lamentam: “Coitados”. E por dentro pensam: “Graças a Deus por eu não ser e não estar como esses. Sou abençoado”.
A minha igreja que está ao lado do lixão cresce a cada dia. Ela está cheia de almas piedosas que oram, jejuam, pagam o dízimo, vivem honestamente, não traem o seu cônjuge. Tem pessoas generosas que fazem importantes doações para a compra disso e daquilo e para as reformas que poderão comportar com mais conforto um maior número de fiéis. O projeto agora é comprar um sítio para retiro espiritual, um imóvel no centro da cidade para funcionar um curso teológico e outros bens.
O lixão que está ao lado da minha igreja também cresce. Ontem tinha menos crianças sujas e rasgadas no meio do lixo que hoje.
Até quando a minha igreja estará tão longe do lixão que existe ao lado? Até quando continuaremos cantando os nossos hinos, pregando e ensinando a nossa fé, cumprindo os nossos rituais de devoção, orando ao nosso Deus por nossas necessidades (muitas vezes supérfluas) sem percebermos o lixão? Até quando iremos a caminho da igreja, passando pelo direto pelo lixão, assim como o sacerdote e o levita passaram pelo moribundo à beira da estrada?
Ao lado da minha igreja tem um lixão. Mas a distância entre essas duas realidades é tão grande que parecem existir em mundos diferentes.
São Bernardo Do Campo - SP
Textos publicados: 43 [ver]
Site: http://www.crencaevivencia.blogspot.com.br
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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