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Palavra do leitor

Ande com ele duas, 3, 4, 70 vezes 7, tooooda viiiida

Quando eu era “précriança”, quase “exbebê”, contam as boas línguas que eu era muito chorão [choro muito até hoje], derramava lágrimas, a todo momento, por quaisquer motivos; alguém tinha que me acalentar, doce mãe, saudosa mamãe.

Então, quase parando de chorar, de fazer manha, eu dizia “limpa a laga” [lágrima], e ela, carinhosamente, passava a mão na minha face e dizia “pronto, filhinho, limpei” ao que eu respondia, quase que exigia manhosamente: “toooda viiida”, isso ainda choramingando; por isso, talvez, as mãos de mamãe pareciam tão macias, tão suaves, apesar do trabalho ir tornando ásperas as mãos das mães.

Por que isso agora, qual o motivo de estar eu me lembrando de coisas de mais de 70 anos atrás?

É que me lembrei do meu mano, recém-falecido, Eduardo Luiz; nunca briguei com ele, nem ele comigo! Dizia mamãe, ei-la de novo, “quando um não quer dois não brigam”, e eu, ou ele, sim ambos, nunca queríamos; as nossas diferenças sempre foram resolvidas pelo respeito mútuo, pelo diálogo calmo, sereno, tranquilo de duas pessoas adultas, maduras e de boa formação cristã.

Oh! Como é triste ouvir alguém gritando com outrem, xingando, baixando o nível do relacionamento, levando-o, quem sabe, à destruição!

Deus nos diz, através do salmista, “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Sl 133 1), e, apesar da distância geográfica, 400 km, vivíamos unidos em um só propósito, qual seja obedecer ao “ide”, à grande comissão do Senhor Jesus para nós, para todos os cristãos: “fazer discípulos/ensinar (Mt 28 19), pregar a toda criatura (Mc 16 15), testemunhar até aos confins da terra” (At 1 8).

E como ficou tão fácil alcançar os confins da terra, hodiernamente, com os recursos que Deus nos deu: a internet, os torpedos [mensagens escritas no celular], e que vão ficando cada vez mais sofisticados, mais oferecedores de opções de comunicação à distância! Já há um tal de “WatsApp” que ainda não conheço, mas sou novo e aprendo fácil.

E, vez por outra, conversávamos a respeito de corações machucados, machucados mas não magoados, apenas feridos, sangrando por ofensas alheias; então eu dizia: “perdoe, esqueça, jogue no fundo do mar, as ofensas (Mq 7 19), como Deus faz”, e ele dizia “perdoar, é o que eu mais faço na minha vida!” E reconhecia: “é, temos que viver o que pregamos,” e no seu último leito, a cama de uma UTI hospitalar, tivemos que repetir esse “papo” cristão. Hoje compreendo o seu quase “robinsoncrusoetismo”.

Se não perdoarmos os que nos ofendem, se não perdoarmos os que nos prejudicam, se não perdoarmos os que nos devem, se não perdoarmos os que nos agridem com palavras ásperas, e até de baixo calão [torpes], se não perdoarmos os geniosos, se não perdoarmos os petulantes, se não perdoarmos os de “nariz em pé”, se não perdoarmos os que nos traem, se não perdoarmos os arrogantes, se não perdoarmos o nosso irmão [o nosso próximo] Deus não vai perdoar a nossa insolência, as nossas faltas, as nossas mazelas, as nossas deselegâncias, enfim os nossos pecados, nossas ofensas a Ele e ao próximo, quando o desobedecemos.

Isso não é palavra ou invenção minha ou de uma igreja; foi o Senhor Jesus quem ensinou, na “Oração do Senhor” [o Pai nosso]: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como NÓS TEMOS (*) perdoado aos nossos devedores” (Mt 6 12), e reiterou nos versículos 14 e 15 :

“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], TAMPOUCO VOSSO PAI VOS PERDOARÁ AS VOSSAS OFENSAS” [o destaque é meu, como sempre foi feito pelo meu mano, quando enviávamos, diariamente, textos devocionais, pela internet para milhares de pessoas, inclusive para outros países].

(*) Se não perdoamos, o modo certo de orarmos teria que ser: “e não nos perdoe as nossas dívidas, assim como não temos perdoado aos nossos devedores.”

O perdão, pois, é condicional! [perdoar COMO NÓS TEMOS PERDOADO, mas, se não perdoamos, não seremos perdoados. Simples assim!]

Temos que enxugar a “laga” do próximo ofendido, e até a do ofensor “toooda a viiida!”

Não adianta dizer perdoo mas não esqueço, ou esqueço mas não perdoo porque a ofensa foi muito grave, muito forte, muito agressiva!

Temos que andar a segunda milha, a terceira, a quarta, todas quantas forem necessárias, e por mais doloridas e dolorosas que sejam; temos que dar a capa também, quando nos pedem a túnica, foi isso que o Senhor Jesus nos ensinou: “dar a outra face”, não uma, não duas, não 70 vezes sete, mas infinitamente, mas por “toooda a viiida”, como a “laga” do bebê chorão!

E, finalmente, não temos que ser inimigos dos inimigos dos nossos amigos, pois o Senhor Jesus nos ensinou a amar os que são nossos inimigos, e a orar pelos que nos perseguem; e disse eu, em artigo recente e, agora, reitero: não tenho que obedecer a esse mandamento do Senhor Jesus, pois não tenho inimigos e nem perseguidores.

Ao nosso Deus toda a honra, todo o louvor e toda a glória. Amém!
São Paulo - SP
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