Palavra do leitor
- 05 de outubro de 2009
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Amor de crente
Participava de uma dessas adoráveis conversas após o culto, quando um velho amigo missionário dos tempos em que eu estreava no amor de Jesus se lembrou de uma conversa que tivemos; essa por sua vez bem antiga. Em frente a uma escola onde eu falaria a centenas de jovens; era a turma da noite, sempre mais assediada por vendedores de drogas.
Naquela noite enquanto esperávamos, ele me perguntou sobre como eu entendia a Nova Vida em Jesus, e porque um sujeito como eu era sempre tão risonho; a saúde frágil, a abstinência das drogas que me rendera entre outras coisas, os movimentos involuntários além da perseguição implacável por parte de policiais e de ex-comparsas; respondi como responderia qualquer recém-convertido cuja vida foi virada pelo avesso pela superabundante graça do Senhor.
"Não ligo pra polícia, não ligo pra ex-amigos que me param nas ruas e às vezes me surram por eu não carregar mais uma arma, mas queria muito entender é o motivo dessa gente toda gostar de mim." Ele franziu a testa.
"É difícil pra minha cabeça ver esse povo me tratando como se eu fosse um deles, fosse alguma coisa que prestasse, tivesse importância!"
Davi sorriu, concordando, afinal eu era só um garoto crescido e acostumado desde cedo a ações e reações violentas, a lidar com dor, solidão e desprezo com absurda indiferença. Gente como eu antes de Jesus, não pára pra sentir dor, sente dor enquanto foge; foge sempre.
Ainda se lembrou que me perguntara sobre a minha expectativa quanto ao Céu, morar com Deus... Respondi com a ingenuidade de um deslumbrado com Jesus, mas que ainda não entendia a razão do amor dos crentes: “Missionário, vai me desculpando, mas querer pensar que existe um lugar melhor que a igreja, é viagem. Viver no meio dos irmãos, ir a casa deles, até almoçar com eles, até ir pra igreja de carro com eles; querer mais que isso é abuso.”
Comoveu-se e sorriu ciente de que aquele que respondia era só um ex-viciado e ex- um monte de coisas que andava as voltas com as delícias do primeiro amor. Naquele tempo eu morava numa sala da escola dominical da Igreja Presbiteriana de Montes Claros – MG. Aos domingos eu ficava sem casa. Aquele amor genuíno, aquela maneira carinhosa no tratar eram mais que tudo que alguém como eu conhecera até então.
Hoje penso nisso tudo e causa-me desconforto, a pergunta vem seca: Aonde foi parar aquele inigualável amor com o qual nos amávamos? Sei lá, fomos nos tornando crentes estressados, paranóicos e não é exagero, tem segurança na porta das igrejas; leão de chácara.
A Igreja é refém daqueles com os quais deveria estar, aos quais deveria anunciar a boa notícia da cruz. Somos uma sociedade violenta de alto a baixo, verticalmente.
Por não sermos mais uma “Igreja evangelizadora” passamos a criar departamentos, setorizamos a pregação do evangelho; Não sabemos o endereço da cadeia nem da favela, mas já distribuímos milhares de panfletinhos na porta da igreja, ali mesmo; o chão ficou um caos.
Levar as boas-novas e estarmos preparados pra receber gente que se converte, pois se tem uma coisa que sempre acontece é gente se converter quando pregamos o evangelho de Jesus Cristo! Falar desse amor, demonstrar esse amor pelas pessoas, ver mãos erguidas no meio da multidão, crente sem nome nem rosto, só crente.
Gostamos do show gospel da TV; claro que a banda séria da Igreja tem que fazer ouvidos moucos pra tanta parvoíce e canalhice veiculada.
Nós os crentes estamos perdendo o jeito de amar como amavam os crentes de tempos atrás; estamos sendo esvaziados do “amor de crente” que tem esse nome porque só crente dá amor assim, sem medida nem tempo. Amor de crente.
Derrotados surgem aos montes nas portas das igrejas, mas já não vêem em nós aquele amor que arde no olhar do crente; uma geração sem forças pra amar de novo. Mesmo com todo amor que recebi ao chegar à igreja eu fracassei muitas vezes, quase desisti de vencer; hoje em dia eu não duraria um mês. Era ódio demais e dor e tristeza; todo aquele amor foi antídoto, me curou.
Literalmente eu me envergonhava de ser tão amado, era muito pra minha cabeça quente e meu coração frio; indigno de receber amor daquele jeito, mas Deus sabia o quanto eu precisava ser amado “sem medida”! Deus me amou sendo eu ainda pecador, isso era mais que a minha consciência podia apreender, mas foi o amor dos crentes que o Pai usou como referência.
Será que a igreja não consegue mais produzir crentes apaixonados? Apaixonados por gente que aos olhos humanos não valem uma pipoca, mas que pra Deus, o nosso Deus, vale muito, valeu a cruz.
Saia do seu lugar e passeie pelos corredores, entre os bancos e responda uma coisa: há quanto tempo você não depara com um rosto novo de olhar brilhante e sorriso fácil na sua igreja? Crente novo ri à-toa.
Amor de Deus tem de sobra, está faltando é amor de crente nesse mundão de meu Deus!
(ex-interno do Centro de Recuperação de Mendigos – missão Vida)
www.mvida.org.br Conheça-nos!
www.sola-scriptura.com Visite-nos!
Naquela noite enquanto esperávamos, ele me perguntou sobre como eu entendia a Nova Vida em Jesus, e porque um sujeito como eu era sempre tão risonho; a saúde frágil, a abstinência das drogas que me rendera entre outras coisas, os movimentos involuntários além da perseguição implacável por parte de policiais e de ex-comparsas; respondi como responderia qualquer recém-convertido cuja vida foi virada pelo avesso pela superabundante graça do Senhor.
"Não ligo pra polícia, não ligo pra ex-amigos que me param nas ruas e às vezes me surram por eu não carregar mais uma arma, mas queria muito entender é o motivo dessa gente toda gostar de mim." Ele franziu a testa.
"É difícil pra minha cabeça ver esse povo me tratando como se eu fosse um deles, fosse alguma coisa que prestasse, tivesse importância!"
Davi sorriu, concordando, afinal eu era só um garoto crescido e acostumado desde cedo a ações e reações violentas, a lidar com dor, solidão e desprezo com absurda indiferença. Gente como eu antes de Jesus, não pára pra sentir dor, sente dor enquanto foge; foge sempre.
Ainda se lembrou que me perguntara sobre a minha expectativa quanto ao Céu, morar com Deus... Respondi com a ingenuidade de um deslumbrado com Jesus, mas que ainda não entendia a razão do amor dos crentes: “Missionário, vai me desculpando, mas querer pensar que existe um lugar melhor que a igreja, é viagem. Viver no meio dos irmãos, ir a casa deles, até almoçar com eles, até ir pra igreja de carro com eles; querer mais que isso é abuso.”
Comoveu-se e sorriu ciente de que aquele que respondia era só um ex-viciado e ex- um monte de coisas que andava as voltas com as delícias do primeiro amor. Naquele tempo eu morava numa sala da escola dominical da Igreja Presbiteriana de Montes Claros – MG. Aos domingos eu ficava sem casa. Aquele amor genuíno, aquela maneira carinhosa no tratar eram mais que tudo que alguém como eu conhecera até então.
Hoje penso nisso tudo e causa-me desconforto, a pergunta vem seca: Aonde foi parar aquele inigualável amor com o qual nos amávamos? Sei lá, fomos nos tornando crentes estressados, paranóicos e não é exagero, tem segurança na porta das igrejas; leão de chácara.
A Igreja é refém daqueles com os quais deveria estar, aos quais deveria anunciar a boa notícia da cruz. Somos uma sociedade violenta de alto a baixo, verticalmente.
Por não sermos mais uma “Igreja evangelizadora” passamos a criar departamentos, setorizamos a pregação do evangelho; Não sabemos o endereço da cadeia nem da favela, mas já distribuímos milhares de panfletinhos na porta da igreja, ali mesmo; o chão ficou um caos.
Levar as boas-novas e estarmos preparados pra receber gente que se converte, pois se tem uma coisa que sempre acontece é gente se converter quando pregamos o evangelho de Jesus Cristo! Falar desse amor, demonstrar esse amor pelas pessoas, ver mãos erguidas no meio da multidão, crente sem nome nem rosto, só crente.
Gostamos do show gospel da TV; claro que a banda séria da Igreja tem que fazer ouvidos moucos pra tanta parvoíce e canalhice veiculada.
Nós os crentes estamos perdendo o jeito de amar como amavam os crentes de tempos atrás; estamos sendo esvaziados do “amor de crente” que tem esse nome porque só crente dá amor assim, sem medida nem tempo. Amor de crente.
Derrotados surgem aos montes nas portas das igrejas, mas já não vêem em nós aquele amor que arde no olhar do crente; uma geração sem forças pra amar de novo. Mesmo com todo amor que recebi ao chegar à igreja eu fracassei muitas vezes, quase desisti de vencer; hoje em dia eu não duraria um mês. Era ódio demais e dor e tristeza; todo aquele amor foi antídoto, me curou.
Literalmente eu me envergonhava de ser tão amado, era muito pra minha cabeça quente e meu coração frio; indigno de receber amor daquele jeito, mas Deus sabia o quanto eu precisava ser amado “sem medida”! Deus me amou sendo eu ainda pecador, isso era mais que a minha consciência podia apreender, mas foi o amor dos crentes que o Pai usou como referência.
Será que a igreja não consegue mais produzir crentes apaixonados? Apaixonados por gente que aos olhos humanos não valem uma pipoca, mas que pra Deus, o nosso Deus, vale muito, valeu a cruz.
Saia do seu lugar e passeie pelos corredores, entre os bancos e responda uma coisa: há quanto tempo você não depara com um rosto novo de olhar brilhante e sorriso fácil na sua igreja? Crente novo ri à-toa.
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