Palavra do leitor
- 05 de agosto de 2012
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Alguns são culpados, todos são responsáveis
“Não há nenhum justo, nem um sequer”
Romanos 3:10
James Holmes 24 anos é o nome de mais um tímido e solitário americano, como foram também todos os outros americanos que mataram em Columbine, Virginia Tech, Chardon. Já nos habituamos a ouvirmos essas histórias das bandas de lá. Parece que é questão de tempo até que tenhamos notícias de um novo massacre do tipo. Será que são apenas coincidências? Os jornais dizem nas manchetes que o sucedido reabre um debate sobre o acesso fácil que os americanos têm as armas. As pesquisas revelam que o americano médio, fica chocado com as mortes, mas não muda convicção nenhuma em razão delas. Se quisessem evitar que a mesma história continuasse a se repetir como tem sido, a reflexão deveria ser diferente. Em razão da indústria da notícia, que ganha muito com reproduções cinematográficas a atenção acaba sempre se voltando para as vidas dos assassinos e os detalhes sobre a sociopatia deles.
O raciocínio individualista e os interesses econômicos acabam destruindo a capacidade de diagnóstico preciso. O problema é dele, não é nosso é o que se pensa. Cômodo, mas não honesto. O fato é que não se pode isolar o problema de um homem do contexto onde ele vive. Quando vejo esses crimes em série penso que é incrível que se passe por alto essa violência brutal que um adolescente é exposto desde cedo na sociedade americana. Pelos enlatados televisivos que recebemos de lá podemos perceber o quanto um jovem precisa ser competitivo, popular, enquadrado em certo tipo específico de beleza para conseguir ter dignidade entre seus pares. Não é de estranhar que alguns reajam com outro tipo de violência, especialmente os tímidos que parecem não ter vez por lá. James Holmes será julgado culpado, mas todos são responsáveis.
Em outros tempos da história do Brasil, as famílias condenavam oficialmente as prostitutas chamadas de mulheres de vida fácil e esse moralismo acusatório parecia dar um ar de nobreza aos outros. Na verdade uma olhada na história dessas mulheres revela que não havia nada de fácil na vida que escolhiam, haja visto que em sua maioria esmagadora elas eram órfãs, ou tinham sido abandonadas, quase nenhuma se prostituía por prazer. A hipocrisia era tanta, que o pai de família ao mesmo tempo em que se posicionava a favor da moral e dos bons costumes no discurso politicamente correto, era o mesmo que consumia os serviços carnais prestados pelas prostitutas. As prostitutas tinham culpa, mas todos eram responsáveis.
Dois anos atrás, Davi Silva líder do grupo Casa de Davi, veio a público assumir que durante anos mentiu sobre visões, experiências sobrenaturais e curas que testemunhou em encontros concorridos nos quais falou durante mais de 10 anos. A liderança do ministério apresentou sua confissão e pedido de perdão. Entre pedradas ressentidas e ofertas de perdão, não se ouviu nem se fez uma tentativa de reflexão sobre a responsabilidade da comunidade pentecostal em sua busca pelo sobrenatural como um fim em si mesmo, ou sobre o papel das multidões que honram as visões e as palavras “novas” mais do que a fidelidade e o caráter. Davi Silva foi culpado, mas a espiritualidade pentecostal também é responsável. Poderíamos para sermos justos mencionar os frequentes tropeços de pastores relacionados à sexualidade nas igrejas tradicionais, que embora sejam zelosas e duras ao disciplinar não contabilizam na mesma ordem muitas restaurações.
Assim como não posso desconsiderar que os problemas de caráter e temperamento que os meus filhos evidenciam no dia a dia são de alguma forma minha responsabilidade, não posso deixar de perguntar a mim mesmo quanto dos problemas da universidade, do ambiente de trabalho, da igreja tem em mim um cúmplice seja pela omissão, seja pela ação desastrada. Gostamos de produzir monstros para legitimar nossa própria loucura.
Creio que foi isso que Jesus quis dizer quando confrontou os judeus que desejavam a morte da prostituta, mas que se esqueceram de trazer o adúltero também, em uma atitude machista e discriminatória. Ele não disse que o pecado não era feio, só comprovou que todos eram responsáveis1.
1João 8:1-11 e Levítico 20:10
Romanos 3:10
James Holmes 24 anos é o nome de mais um tímido e solitário americano, como foram também todos os outros americanos que mataram em Columbine, Virginia Tech, Chardon. Já nos habituamos a ouvirmos essas histórias das bandas de lá. Parece que é questão de tempo até que tenhamos notícias de um novo massacre do tipo. Será que são apenas coincidências? Os jornais dizem nas manchetes que o sucedido reabre um debate sobre o acesso fácil que os americanos têm as armas. As pesquisas revelam que o americano médio, fica chocado com as mortes, mas não muda convicção nenhuma em razão delas. Se quisessem evitar que a mesma história continuasse a se repetir como tem sido, a reflexão deveria ser diferente. Em razão da indústria da notícia, que ganha muito com reproduções cinematográficas a atenção acaba sempre se voltando para as vidas dos assassinos e os detalhes sobre a sociopatia deles.
O raciocínio individualista e os interesses econômicos acabam destruindo a capacidade de diagnóstico preciso. O problema é dele, não é nosso é o que se pensa. Cômodo, mas não honesto. O fato é que não se pode isolar o problema de um homem do contexto onde ele vive. Quando vejo esses crimes em série penso que é incrível que se passe por alto essa violência brutal que um adolescente é exposto desde cedo na sociedade americana. Pelos enlatados televisivos que recebemos de lá podemos perceber o quanto um jovem precisa ser competitivo, popular, enquadrado em certo tipo específico de beleza para conseguir ter dignidade entre seus pares. Não é de estranhar que alguns reajam com outro tipo de violência, especialmente os tímidos que parecem não ter vez por lá. James Holmes será julgado culpado, mas todos são responsáveis.
Em outros tempos da história do Brasil, as famílias condenavam oficialmente as prostitutas chamadas de mulheres de vida fácil e esse moralismo acusatório parecia dar um ar de nobreza aos outros. Na verdade uma olhada na história dessas mulheres revela que não havia nada de fácil na vida que escolhiam, haja visto que em sua maioria esmagadora elas eram órfãs, ou tinham sido abandonadas, quase nenhuma se prostituía por prazer. A hipocrisia era tanta, que o pai de família ao mesmo tempo em que se posicionava a favor da moral e dos bons costumes no discurso politicamente correto, era o mesmo que consumia os serviços carnais prestados pelas prostitutas. As prostitutas tinham culpa, mas todos eram responsáveis.
Dois anos atrás, Davi Silva líder do grupo Casa de Davi, veio a público assumir que durante anos mentiu sobre visões, experiências sobrenaturais e curas que testemunhou em encontros concorridos nos quais falou durante mais de 10 anos. A liderança do ministério apresentou sua confissão e pedido de perdão. Entre pedradas ressentidas e ofertas de perdão, não se ouviu nem se fez uma tentativa de reflexão sobre a responsabilidade da comunidade pentecostal em sua busca pelo sobrenatural como um fim em si mesmo, ou sobre o papel das multidões que honram as visões e as palavras “novas” mais do que a fidelidade e o caráter. Davi Silva foi culpado, mas a espiritualidade pentecostal também é responsável. Poderíamos para sermos justos mencionar os frequentes tropeços de pastores relacionados à sexualidade nas igrejas tradicionais, que embora sejam zelosas e duras ao disciplinar não contabilizam na mesma ordem muitas restaurações.
Assim como não posso desconsiderar que os problemas de caráter e temperamento que os meus filhos evidenciam no dia a dia são de alguma forma minha responsabilidade, não posso deixar de perguntar a mim mesmo quanto dos problemas da universidade, do ambiente de trabalho, da igreja tem em mim um cúmplice seja pela omissão, seja pela ação desastrada. Gostamos de produzir monstros para legitimar nossa própria loucura.
Creio que foi isso que Jesus quis dizer quando confrontou os judeus que desejavam a morte da prostituta, mas que se esqueceram de trazer o adúltero também, em uma atitude machista e discriminatória. Ele não disse que o pecado não era feio, só comprovou que todos eram responsáveis1.
1João 8:1-11 e Levítico 20:10
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