Palavra do leitor
- 22 de dezembro de 2011
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Alguma filosofia sobre o Natal
Nesses dias próximos ao Natal, deve ter muita gente questionando essas convenções de fim de ano que nos impõem sem muita reflexão... Não sei qual consideram pior, se a do "nascimento de Jesus", a do papai noel, ou a que mistura os dois dizendo que o "nascimento de Jesus" é a garantia dos melhores presentes e de bons fluídos para um "próspero ano novo"... O problema disso é a espetacularização imaginária de uma realidade muito mais profunda do que nossa parca visão das coisas... E, por isso, realmente devemos questionar algumas "crenças"... Neste sentido, o questionamento que eu levantaria aqui não seria tanto sobre a comercialização espetacular do natal. Mas sobre o que chamam de "o sentido do natal": o nascimento de Jesus. Isso tem algum sentido mesmo? Ou é mais uma historinha inventada pelo fenômeno da religião? Não que eu desconfie dos registros bíblicos (assim como não desconfio dos registros de Newton sobre a Lei da Gravidade). Mas que sentido tem aqueles relatos de que Jesus era o próprio Deus que veio à terra? Aliás... Deus existe? E se sim, pra que ele veio? Por que Cristianismo? É difícil responder às questões num pequeno texto de blog. E se você espera que eu responda, desista da leitura e não volte antes que esteja disposto a encontrar suas próprias respostas. Mas nunca desista de encontrar uma resposta que faça sentido aos seus questionamentos.
Sobre a existência de Deus, nossas argumentações humanas nunca serão capazes de descrever ou comprová-la. Isso porque ele é justamente aquilo que está além da nossa capacidade de entendimento (e não compreendemos tudo!). Mas é curioso notar que esta existência inintendível está bem diante de nós, marcando cada pulso do coração e dando misteriosos sentidos à nossa racionalidade... Não numa forma mística, paranormal, numa realidade alheia à nossa. O espaço infinito acima da minha cabeça, a eternidade do tempo (no futuro e no passado), a harmonia da natureza e os mistérios da razão, que é muito mais inteligível do que as meras reações físico-químicas que ocorrem no meu cérebro, revelam assombrosamene a existência desta divindade, e em constante relação com minha materialidade. Mais do que isso, revelam a insignificância da nossa condição material (afinal, do que é feita a nossa matéria?). E é justamente por esta incapacidade de entendimento da "existência" é que sou levado a crer. Não como um covarde que desista de pensar. Crer, na verdade, é um ato de humildade do que pensa e reconhece seus próprios limites. Pensar nessas coisas nos causa um confronto que reduz nossa "enorme" existência à uma miserabilidade desgraçada... E reconhecer-nos esta condição nos aproxima do Deus que é, ele próprio, a Existência. Pense bem: a partir do reconhecimento desta condição pífia da nossa humanidade é que nos relacionamos com Deus. Não reconhecer isso é orgulho insano, do qual se originam os maiores males da humanidade. É como se esse computador que você usa agora se rebelasse contra você e resolvesse pensar por conta própria, querendo produzir seus próprios textos, criar ideologias próprias, buscar seus próprios prazeres e suas próprias fontes de energia... tudo para a exaltação de sí mesmo, pobre computador... Pois esta é a nossa pobre condição humana, sem aceitar nossa miserabilidade... Nesta condição, o questionamento maior seria: o que será de nós? E a partir disso podemos pensar em alguma verdade sobre o cristianismo.
O que será de mim nessa vida esfumaçada, num universo tão limitado, com um tempo tão curto que me faz sentir-me dissolvendo como um castelinho de areia sob uma garoa constante...? E tendo eu uma tendência tão rebelde...? O que seria daquele computador se não pudesse voltar atrás em sua rebeldia?... Nos voltamos, então, aos registros históricos onde se relata a materialização daquela "Coisa Eterna" e incompreensível, a encarnação daquele Ser de onde vem o sentido das nossas "razões". A Existência, em sua plenitude, manifestou-se em forma humana para nos mostrar em nossa própria linguagem o que é a esperança, o bem, ou o que é o amor que nos move... É isso que ocorreu na concepção sobrenatural de Jesus, o Cristo. E isso é celebrado no Natal. A Eternidade que se materializou para nos mostrar quão pobre é a nossa noção de "bem", e, portanto, quão insaciáveis nós somos, em nós mesmos... Não acredito que isso seja apenas mais uma doutrina religiosa, ou uma filosofia qualquer, inventada por algum homem, algum dia, que o permitisse se sobre-afirmar numa estratégia engenhosa de dominação... Na verdade, o cristianismo é a maior afronta à dominação humana, uma vez que diante dele somos todos duramente confrontados por nossa incapacidade, e chamados ao serviço, à rendição e à subordinação (por mais que os homens insistam em deturpá-lo). E esta condição de subordinação é que dá sentido à nossa existência, sem que possamos fazer qualquer esforço pra isso, sem mérito humano algum.
Sobre a existência de Deus, nossas argumentações humanas nunca serão capazes de descrever ou comprová-la. Isso porque ele é justamente aquilo que está além da nossa capacidade de entendimento (e não compreendemos tudo!). Mas é curioso notar que esta existência inintendível está bem diante de nós, marcando cada pulso do coração e dando misteriosos sentidos à nossa racionalidade... Não numa forma mística, paranormal, numa realidade alheia à nossa. O espaço infinito acima da minha cabeça, a eternidade do tempo (no futuro e no passado), a harmonia da natureza e os mistérios da razão, que é muito mais inteligível do que as meras reações físico-químicas que ocorrem no meu cérebro, revelam assombrosamene a existência desta divindade, e em constante relação com minha materialidade. Mais do que isso, revelam a insignificância da nossa condição material (afinal, do que é feita a nossa matéria?). E é justamente por esta incapacidade de entendimento da "existência" é que sou levado a crer. Não como um covarde que desista de pensar. Crer, na verdade, é um ato de humildade do que pensa e reconhece seus próprios limites. Pensar nessas coisas nos causa um confronto que reduz nossa "enorme" existência à uma miserabilidade desgraçada... E reconhecer-nos esta condição nos aproxima do Deus que é, ele próprio, a Existência. Pense bem: a partir do reconhecimento desta condição pífia da nossa humanidade é que nos relacionamos com Deus. Não reconhecer isso é orgulho insano, do qual se originam os maiores males da humanidade. É como se esse computador que você usa agora se rebelasse contra você e resolvesse pensar por conta própria, querendo produzir seus próprios textos, criar ideologias próprias, buscar seus próprios prazeres e suas próprias fontes de energia... tudo para a exaltação de sí mesmo, pobre computador... Pois esta é a nossa pobre condição humana, sem aceitar nossa miserabilidade... Nesta condição, o questionamento maior seria: o que será de nós? E a partir disso podemos pensar em alguma verdade sobre o cristianismo.
O que será de mim nessa vida esfumaçada, num universo tão limitado, com um tempo tão curto que me faz sentir-me dissolvendo como um castelinho de areia sob uma garoa constante...? E tendo eu uma tendência tão rebelde...? O que seria daquele computador se não pudesse voltar atrás em sua rebeldia?... Nos voltamos, então, aos registros históricos onde se relata a materialização daquela "Coisa Eterna" e incompreensível, a encarnação daquele Ser de onde vem o sentido das nossas "razões". A Existência, em sua plenitude, manifestou-se em forma humana para nos mostrar em nossa própria linguagem o que é a esperança, o bem, ou o que é o amor que nos move... É isso que ocorreu na concepção sobrenatural de Jesus, o Cristo. E isso é celebrado no Natal. A Eternidade que se materializou para nos mostrar quão pobre é a nossa noção de "bem", e, portanto, quão insaciáveis nós somos, em nós mesmos... Não acredito que isso seja apenas mais uma doutrina religiosa, ou uma filosofia qualquer, inventada por algum homem, algum dia, que o permitisse se sobre-afirmar numa estratégia engenhosa de dominação... Na verdade, o cristianismo é a maior afronta à dominação humana, uma vez que diante dele somos todos duramente confrontados por nossa incapacidade, e chamados ao serviço, à rendição e à subordinação (por mais que os homens insistam em deturpá-lo). E esta condição de subordinação é que dá sentido à nossa existência, sem que possamos fazer qualquer esforço pra isso, sem mérito humano algum.
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