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Palavra do leitor

Alguém pode dizer: onde está Cristo?

''o maior entrave a efeito de ser propagar o evangelho, expressamente, se encontra na postura de conformismo dos próprios cristãos.''

As notícias de líderes - ícones espraiados nas reputadas vertentes midiáticas enredados sobre sérias e consideráveis acusações de enriquecimento ilícito, indevida aplicação dos recursos oriundos das contribuições dos fiéis e outras perniciosas situações tem sido uma tônica no cenário ora vivenciado pelo evangelho, em nosso país.

Por muito tempo, aspiramos ser uma voz ressoadora e de impactos na sociedade e, de certo, logramos respectivos anseios. Agora, qual o custo de tudo isso? Deveras, o contingente de pessoas intituladas de evangélicas não pode ser, em hipótese nenhuma, descartado. Basta apenas obsevarmos a ocupação dos debutantes as próximas eleições municiais e patenter - se - á o quanto ensejaram o apoio de representantes evangélicos.

Quem poderia dizer, a uns bons anos atrás, a concessão de um espaço na rede globo para a realização de um evento gospel. Vamos adiante, ser gospel adentrou de vez e profundamente como um estilado a ser seguido, ser legal, ser alguém apetecível e por ai vai.

Não dá para negar, no espertar do Séc. XXI, deparamo - nos com um enxame de opções no badalado mercado evangélico. Sem falar das instituições históricas, encontramos uma pletora de templos para todos os estilos, tendências e ideologias. Ninguém pode dizer não ter a disposição uma igreja para suas convicções e anseios. Nesses meandros aventadores de que todos os caminhos levam a Deus, ouso inquiri e escruintar:

- Onde está Cristo?

Ora, confesso e não escondo o jogo, diante de um multifacetismo ao qual todos se envergam como detentores da verdade, uníssonos canais inclinados a estabelecer a mais pura verdade. Mais recentemente, as digladiações entre os protagonistas da Igreja Universal do Reino de Deus e da Mundial, tão somente, para citar, sedimentam, ainda mais, esse imiscuir de posturas equidistantes das boas - novas preconizadas por Cristo.

Nada de percebermos no esplendor desses retumbante progresso evangélico a trajetória da encarnação, da crucificação e da ressurreição, da comunhão confessional, do discipulado interpessoal e do serviço como normas indispensáveis e imprescindíveis de um genuíno e legítimo cristianismo. Lamentavelmente, essas afirmações pouco acrescentam e demonstram ser uma matéria de relevância.

Para piorar a situação acabamos atulhados por uma felicidade transitória, por uma realidade, cada vez mais, sumbetida ao caudilho ditatorial do individualismo, do hedonismo como regra de fé, do relativismo infiltrado na marca de pessoas perambulando pra lá e cá atrás de uma revelação estupenda, de uma oração forte, de uma saída rápida para resolver seus problemas ou decisões equivocadas, de uma teologia adequada aos seus intentos, de uma doutrina adaptada as suas verdades e por ai vai.

De tudo isso, nunca houve todo um arsenal de opiniões e ponderações sobre os rumos a serem assumidos pela igreja. Mesmo assim, lá no fundo, parece haver uma inquietação sobre, em a tudo isso, onde está Cristo?

Afinal de contas, se o Cristo assaz evocado por nós representa a salvação, porque todo um emaranhado de mazelas e infortúnios acometendo a humanidade? Muitos poderão alegar ser fruto do pecado, da altivez do homem, do fim dos tempos e sei lá mais o quê.

No entanto, acredito estarmos diante de uma inafastavel constatação sobre esse estado de conformismo, com o qual uma parcela dos cristãos se apresentam. Sem sombra dúvida, tornamo – nos mentores e críticos inexoráveis da igreja e nos olvidamos de que somos igreja.

Além do mais, semana após semana derramos o nosso fel de que a igreja deveria ser assim e assado, mas na arriscamos perguntar:

- Onde está Cristo?

Quiçá, não sou hipócrita, nem demagogo e muito menos incauto e as palavras de Jesus e do Apóstolo João verberam atualmente no que se refere aos lobos em pele de cordeiro e anátemas travestidos de enviados do Senhor.

De observar, no afã de toda uma série de pontuações no tocante aos malogros da igreja, não deveríamos analisar se Cristo está no meu ser, num contexto caótico e confuso, nos momentos de dúvida e insegurança?

Por enquanto, para por aqui e lanço essa desalinhava elucubração, sem a pretensão de ser o dono da verdade.
São Paulo - SP
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