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Palavra do leitor

Ainda que a vida não floresça

O livro de Habacuque foi escrito, muito provavelmente, entre 605 e 597 antes de Cristo. Podemos dizer que essa obra, retrata o sentimento de um profeta que viu a queda de Judá, ocasionada pela invasão dos caldeus.

A sua mensagem aponta para necessidade da espera paciente, que aguarda a salvação divina durante a crise, mesmo que ela pareça terrivelmente interminável.

O silêncio de Deus diante da idolatria, injustiça social e corrupção, estava incomodando esse profeta, o qual interrogou a Deus clamando por socorro, porque estava cansado de ver o seu povo sofrendo uma opressão violenta, causada pela decadência moral e religiosa de sua época.

Mas a resposta de Deus mostrou-lhe que a intervenção de um grande império executaria o Seu juízo. Em outras palavras, aquilo que já estava ruim, ficaria ainda pior. Observe que as pessoas fiéis de Judá, também seriam afetadas por essa ação divina.

Quando olho para essa narrativa histórica, sou levado a pensar que, enquanto sofrem as consequências dos tempos difíceis, as pessoas verdadeiramente fiéis a Deus não são apenas chamadas, mas sim desafiadas a serem agentes na história, através de um testemunho que se fundamenta em uma fé inabalável de que Ele está no controle.

O profeta conhecia a fidelidade absoluta de Deus e, por esse motivo, decidiu confiar Nele diante da tragédia que assolaria sua nação, quando afirmou "nós não morreremos", e isso está registrado no capítulo 1 verso 12 de seu livro.

No capítulo 2 verso 4 de Habacuque está escrito: "A alma do ímpio se orgulha e seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela fé." Analisando o contexto, entendemos que a promessa de Deus, afirmava que o justo sobreviveria pela sua fidelidade a ele, apesar da invasão dos babilônios.

As circunstâncias eram muito desfavoráveis e, até certo ponto, desesperadoras. No entanto, aquele homem estava determinado, a colocar sua confiança no Senhor e na sua misericórdia.

Vejo que a ideia do amadurecimento da fé por meio das tribulações é essencial, para que possamos aprender com a profecia de Habacuque, uma vez que, confiar nos propósitos de Deus em meio às percepções confusas, está no âmago do pensamento desse profeta.

Todos nós enfrentamos tempos difíceis, mas o importante é a maneira como reagimos a eles, porque isso faz toda diferença. Aliás, penso que as dificuldades deveriam gerar fé em nós, ao invés de perguntas que muitas vezes alimentam a nossa incredulidade.

Habacuque olhou para os atos salvíficos de Deus no passado e, naquele momento, isso trouxe-lhe ânimo ao coração, para que pudesse enfrentar um futuro assustador.

A sua oração na forma de um hino, encerra o livro da sua profecia com a declaração de fé tão conhecida que diz:

"Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas do aprisco sejam arrebatadas, e nos estábulos não haja gado; todavia, eu alegrarei-me no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação." (Habacuque 3:17-18)

A narrativa da experiência de transformação na vida desse profeta é muito oportuna para os nossos dias, tendo em vista que, os noticiários espalham o medo, e anunciam um futuro que aponta para tribulações ainda muito piores, as quais, verdadeiramente acontecerão, pois assim dizem as Sagradas Escrituras.

Mas será que de fato, temos clareza do que Deus está fazendo hoje em nossas vidas, ou estamos vendo somente uma pandemia?

Habacuque confronta a nossa fé, na perspectiva do enfrentamento das crises, e isso diz respeito não apenas à Covid-19, mas a tudo que assolará a humanidade até o Dia do Senhor.

Admito que nem sempre é simples, mas creio que devemos vivenciar nossa fidelidade a Deus de forma plena, porque isso convém aos que foram justificados pelo sangue derramado na Cruz. Sim, pois importa que o justo viva pela fé.

Que o Senhor Jesus nos ajude a mantê-la viva até que ele venha, ainda que a vida não floresça, amém.
Santo André - SP
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