Palavra do leitor
- 09 de janeiro de 2009
- Visualizações: 6397
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Aba Pai
"Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estáis nos céus, santificado seja o teu nome" (Mateus 6.9)
A oração do Pai nosso se encontra na porção do sermão da montanha por uma razão bastante interessante, pois nesse conjunto de ensinos, Cristo nos mostra o caminho do desprendimento da vida e nos mostra o quão incompetentes somos, principalmente quando fala sobre o que a lei diz, mas que na visão de Deus a coisa é bem mais séria. Quando leio esse trecho, me sinto um infeliz, pois vejo que pelas minhas forças não há como se livrar do mal.
O grande paradoxo vem, quando Jesus diz para não nos preocuparmos com coisa alguma, antes depositar nossas ansiedades em Deus e devemos buscar o reino de Deus e sua justiça acima de qualquer coisa. Mas como fazer isso? A oração do Pai nosso é uma resposta.
Através da oração o ser humano deve procurar se desprender de si mesmo, em busca de algo que é maior, e iniciar chamando Deus de pai, essa é a maior ousadia que Jesus nos proporcionou. Nunca havia parado para imaginar nesse sentido, pois, a nossa religiosidade não nos permite enxergar Deus como pai, mas como simplesmente Deus baseado numa visão muito e profundamente distanciada do homem, mas Cristo através da simplicidade mostrou que o caminho para o esconderijo do Altíssimo é chamá-lo de Pai, ou melhor, Aba Pai.
Há muito, o homem se esqueceu que no passado caminhava com Deus no jardim, não como igual, mas como aquele a quem Deus chama de filho. E vemos muitos exemplos onde os homens não tratam Deus como um ser inalcançável, mas próximo, Abraão, Davi e Jó. O exemplo de Jó talvez pra mim seja o mais fantástico, pois vejo nele a luta entre o que a sua religiosidade dizia o que era viver com Deus e a que a sua vivência fez ver o que era chamar Deus de Aba.
Outro exemplo disso, é a parábola do filho pródigo, esta estória, tem muitas formas de ser encarada, mas podemos ver também ali a crise entre a nossa existência em Deus e o legalismo da religiosidade, é como se os dois filhos fossem a mesma representação de Jó, o filho que fica é o Jó rico, abastado e vivendo agarrado no dogma dos seus conceitos sobre Deus e o outro, o filho pródigo, que para conhecer realmente o Pai, teve que perder tudo, se desnudar, tornar-se um pobre de espírito, ser um perdedor e após isso o Pai o chama novamente e ele vai e descobre que não conhecia verdadeiramente o pai, mas agora pode chamá-lo Aba.
Deus se manifesta constantemente nesses paradoxos, por exemplo, quando o Apóstolo Paulo diz que na fraqueza somos fortes e que no sermão do monte encontramos apenas uma demonstração do perfil das pessoas para quem Cristo veio, ou seja, os piores, os fracos, os pobres, os derrotados pela vida, e os chamou não para torná-los vitoriosos conforme as vitórias do mundo, pois como a história mostra, eles continuaram sendo os derrotados, segundo o mundo, logo, foram perseguidos, aprisionados e mortos, por uma justiça que o mundo não pode compreender, justamente porque é uma loucura.
A revolução de Jesus era essa, a partir do amor, derrotar o ódio e a partir da misericórdia, derrotar a injustiça. Essa revolução é tão profunda e esta é marcada pela desconstrução. Como em leito de morte pode-se dizer a um ladrão e assassino "hoje estarás comigo no paraíso"? Isso é um absurdo aos nossos olhos, pois nossa justiça é baseada na vingança, mas a de Deus é no amor e misericórdia, por isso, esses, os perdedores, podem chamá-lo de Aba, pois são estes a quem Deus convida para seu Reino. Lembram da parábola do homem que fez uma festa e todos os "ilustres" convidados não quiseram comparecer? O que ele fez? Chamou a todos a quem encontrava, e foram o que de pior existia, prostitutas, mendigos e publicanos.
Devemos nos fazer de piores na terra para ser o melhor no céu, não é esse o caminho? Aba pai, só é possível se caminharmos por essa estrada, ela é a estreita. O sucesso segundo o mundo é o caminho largo, devemos ser o fracasso do mundo, para alcançarmos o descanso de Deus e dizer com convicção "Pai nosso que estais no céu."
Esse é o viver pela fé, caminhar confiando em Deus, e a melhor forma de se crer na providência de Deus é não sendo nada na terra, a não ser pecador, para isso serve a lei, para nos mostrar cada vez mais incompetentes e com isso, se agarrar mais forte nessa graça, não como algo que se conquiste por suas forças, mas justamente porque não tem forças para alcançá-la e assim, desfrutar do presente do Pai e deixar que ele te vista e te ponha um anel e te chame de Filho. Que Deus nos abençoe.
www.descansodaalma.blogspot.com
A oração do Pai nosso se encontra na porção do sermão da montanha por uma razão bastante interessante, pois nesse conjunto de ensinos, Cristo nos mostra o caminho do desprendimento da vida e nos mostra o quão incompetentes somos, principalmente quando fala sobre o que a lei diz, mas que na visão de Deus a coisa é bem mais séria. Quando leio esse trecho, me sinto um infeliz, pois vejo que pelas minhas forças não há como se livrar do mal.
O grande paradoxo vem, quando Jesus diz para não nos preocuparmos com coisa alguma, antes depositar nossas ansiedades em Deus e devemos buscar o reino de Deus e sua justiça acima de qualquer coisa. Mas como fazer isso? A oração do Pai nosso é uma resposta.
Através da oração o ser humano deve procurar se desprender de si mesmo, em busca de algo que é maior, e iniciar chamando Deus de pai, essa é a maior ousadia que Jesus nos proporcionou. Nunca havia parado para imaginar nesse sentido, pois, a nossa religiosidade não nos permite enxergar Deus como pai, mas como simplesmente Deus baseado numa visão muito e profundamente distanciada do homem, mas Cristo através da simplicidade mostrou que o caminho para o esconderijo do Altíssimo é chamá-lo de Pai, ou melhor, Aba Pai.
Há muito, o homem se esqueceu que no passado caminhava com Deus no jardim, não como igual, mas como aquele a quem Deus chama de filho. E vemos muitos exemplos onde os homens não tratam Deus como um ser inalcançável, mas próximo, Abraão, Davi e Jó. O exemplo de Jó talvez pra mim seja o mais fantástico, pois vejo nele a luta entre o que a sua religiosidade dizia o que era viver com Deus e a que a sua vivência fez ver o que era chamar Deus de Aba.
Outro exemplo disso, é a parábola do filho pródigo, esta estória, tem muitas formas de ser encarada, mas podemos ver também ali a crise entre a nossa existência em Deus e o legalismo da religiosidade, é como se os dois filhos fossem a mesma representação de Jó, o filho que fica é o Jó rico, abastado e vivendo agarrado no dogma dos seus conceitos sobre Deus e o outro, o filho pródigo, que para conhecer realmente o Pai, teve que perder tudo, se desnudar, tornar-se um pobre de espírito, ser um perdedor e após isso o Pai o chama novamente e ele vai e descobre que não conhecia verdadeiramente o pai, mas agora pode chamá-lo Aba.
Deus se manifesta constantemente nesses paradoxos, por exemplo, quando o Apóstolo Paulo diz que na fraqueza somos fortes e que no sermão do monte encontramos apenas uma demonstração do perfil das pessoas para quem Cristo veio, ou seja, os piores, os fracos, os pobres, os derrotados pela vida, e os chamou não para torná-los vitoriosos conforme as vitórias do mundo, pois como a história mostra, eles continuaram sendo os derrotados, segundo o mundo, logo, foram perseguidos, aprisionados e mortos, por uma justiça que o mundo não pode compreender, justamente porque é uma loucura.
A revolução de Jesus era essa, a partir do amor, derrotar o ódio e a partir da misericórdia, derrotar a injustiça. Essa revolução é tão profunda e esta é marcada pela desconstrução. Como em leito de morte pode-se dizer a um ladrão e assassino "hoje estarás comigo no paraíso"? Isso é um absurdo aos nossos olhos, pois nossa justiça é baseada na vingança, mas a de Deus é no amor e misericórdia, por isso, esses, os perdedores, podem chamá-lo de Aba, pois são estes a quem Deus convida para seu Reino. Lembram da parábola do homem que fez uma festa e todos os "ilustres" convidados não quiseram comparecer? O que ele fez? Chamou a todos a quem encontrava, e foram o que de pior existia, prostitutas, mendigos e publicanos.
Devemos nos fazer de piores na terra para ser o melhor no céu, não é esse o caminho? Aba pai, só é possível se caminharmos por essa estrada, ela é a estreita. O sucesso segundo o mundo é o caminho largo, devemos ser o fracasso do mundo, para alcançarmos o descanso de Deus e dizer com convicção "Pai nosso que estais no céu."
Esse é o viver pela fé, caminhar confiando em Deus, e a melhor forma de se crer na providência de Deus é não sendo nada na terra, a não ser pecador, para isso serve a lei, para nos mostrar cada vez mais incompetentes e com isso, se agarrar mais forte nessa graça, não como algo que se conquiste por suas forças, mas justamente porque não tem forças para alcançá-la e assim, desfrutar do presente do Pai e deixar que ele te vista e te ponha um anel e te chame de Filho. Que Deus nos abençoe.
www.descansodaalma.blogspot.com
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 09 de janeiro de 2009
- Visualizações: 6397
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- Por quê?
- O salário do pecado é a morte, em várias versões!
- Não andeis na roda dos escarnecedores: quais escarnecedores?
- É possível ser cristão e de "esquerda"?
- A democracia [geográfica] da dor!
- Os 24 anciãos e a batalha do Armagedom
- A religião verdadeira é única, e se tornou uma pessoa a ser seguida
- Mergulhados na cultura, mas batizados na santidade (parte 2)
- Não nos iludamos, animal é animal!
- Até aqui ele não me deixou