Palavra do leitor
- 13 de maio de 2008
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A voz do povo é a voz de Deus
Assisti, há uns três anos atrás, a uma bela conferência sobre a Reforma Luterana. Um dos palestrantes chamou a atenção para o fato das igrejas estarem calando a voz de Deus.
Ele se referia ao fato dos cultos terem se tornado shows de música, dança e teatro, que a cada dia roubavam tempo da pregação. As pessoas não tinham mais paciência para ouvir a voz de Deus e os seus pastores estavam se calando, dizia ele. Aquilo me impactou profundamente. Cheguei a ir a uma congregação deste pastor missionário, num subúrbio do Recife, para ver como se fazia diferente do que eu estava me acostumando a ver como recém convertida. Fiquei surpresa com o modo de se apresentar a palavra de Deus. Nessa congregação, após a pregação era dada a palavra as pessoas para que falassem sobre o que entenderam do que lhes foi anunciado. Instalava-se um debate, tiravam-se dúvidas e se alinhavam pensamentos. Eu ainda estava engatinhando nas letras sagradas, mesmo assim, já percebia ali uma grande diferença do cristianismo que estava se praticando em nossas igrejas e uma grande semelhança com o cristianismo da igreja primitiva, em termos de estudo e aprendizado da palavra de Deus.
Hoje, três anos depois, observo, e questiono cada vez mais, o crescimento deste fenômeno. As pessoas estão sendo caladas nas igrejas da reforma como o foram na igreja Romana e também no Judaísmo. Quase não vejo mais diferenças entre as missas e os cultos. A assembléia só executa o que está determinado: senta, levanta, canta, ora, escuta a pregação (será que ouve?) e vai embora. Transforma-se a oportunidade de aprender sobre a vida cristã e conhecer mais do Reino de Deus num ritual religioso de anestesiamento de consciências, estímulo ao descompromisso, a uma imobilidade psicológica e distanciamento entre vida cristã e vida secular. Vida cristã passa então a ser “ideal” a ser alcançado. Cada vez mais ideal e menos “real”, comprime-se no imaginário do povo que dizemos serem filhos de Deus. Esse fenômeno não se restringe ao culto, está presente também, nos congressos, nos seminários, nos retiros espirituais. A cada dia só abre-se a oportunidade do crente participar na hora de dizimar, de cantar e de dançar e fazer teatro nos palcos em que se transformam os cultos, ou nos bastidores da igreja, em horários em que a maioria não tem disponibilidade para tal. De forma nenhuma, quero aqui dizer que esse processo seja consciente. Claro que não, pelo menos acredito que a grande maioria está seguindo o ritmo do mundo, num processo de acomodação inconsciente. Sei que existem também os espertos, mas o julgamento destes cabe ao Senhor, no dia de sua ira.
É preciso abrir os olhos e o coração para esta questão. Os cultos precisam ser realizados no sentido de serem espaços de ensino e aprendizagem, através do diálogo, do que é ser cristão, e do que é ter uma vida cristã. Os nossos irmãos podem e devem falar, dizer de suas experiências com Deus, seus aprendizados, suas perspectivas, é a assembléia de nossa comunidade.
É preciso estimular que cada crente exercite e desenvolva sua própria teologia centrada na Verdade Divina.
É preciso libertá-los da ignorância, da sensação de dependência e fragilidade imposta por estes mecanismos de manipulação de massas.
É preciso que se estimule e se discuta o que é viver em comunidade cristã, que seria o espelho do reino de Deus aqui na terra.
É preciso fazer a passagem do que é ideal para o real.
É preciso fazer a diferença aqui e agora.
O objetivo é promover a reflexão sobre o que é “Vida Cristã” e os entraves que são criados pelos líderes desta comunidade. O que estamos fazendo com isso? Nós que deveríamos estar influenciando o modelo de comportamento do mundo, estamos nos deixando levar por ele?
É preciso pensar e pensar coletivamente. Cristianismo exige educação, a educação mais integral e completa que possa existir para o mundo. A educação que nos preparará para a vida eterna.
Chega de ser “Igreja Ópio do Povo”, essa não é a igreja de Cristo, deixemos Deus falar!
Ele se referia ao fato dos cultos terem se tornado shows de música, dança e teatro, que a cada dia roubavam tempo da pregação. As pessoas não tinham mais paciência para ouvir a voz de Deus e os seus pastores estavam se calando, dizia ele. Aquilo me impactou profundamente. Cheguei a ir a uma congregação deste pastor missionário, num subúrbio do Recife, para ver como se fazia diferente do que eu estava me acostumando a ver como recém convertida. Fiquei surpresa com o modo de se apresentar a palavra de Deus. Nessa congregação, após a pregação era dada a palavra as pessoas para que falassem sobre o que entenderam do que lhes foi anunciado. Instalava-se um debate, tiravam-se dúvidas e se alinhavam pensamentos. Eu ainda estava engatinhando nas letras sagradas, mesmo assim, já percebia ali uma grande diferença do cristianismo que estava se praticando em nossas igrejas e uma grande semelhança com o cristianismo da igreja primitiva, em termos de estudo e aprendizado da palavra de Deus.
Hoje, três anos depois, observo, e questiono cada vez mais, o crescimento deste fenômeno. As pessoas estão sendo caladas nas igrejas da reforma como o foram na igreja Romana e também no Judaísmo. Quase não vejo mais diferenças entre as missas e os cultos. A assembléia só executa o que está determinado: senta, levanta, canta, ora, escuta a pregação (será que ouve?) e vai embora. Transforma-se a oportunidade de aprender sobre a vida cristã e conhecer mais do Reino de Deus num ritual religioso de anestesiamento de consciências, estímulo ao descompromisso, a uma imobilidade psicológica e distanciamento entre vida cristã e vida secular. Vida cristã passa então a ser “ideal” a ser alcançado. Cada vez mais ideal e menos “real”, comprime-se no imaginário do povo que dizemos serem filhos de Deus. Esse fenômeno não se restringe ao culto, está presente também, nos congressos, nos seminários, nos retiros espirituais. A cada dia só abre-se a oportunidade do crente participar na hora de dizimar, de cantar e de dançar e fazer teatro nos palcos em que se transformam os cultos, ou nos bastidores da igreja, em horários em que a maioria não tem disponibilidade para tal. De forma nenhuma, quero aqui dizer que esse processo seja consciente. Claro que não, pelo menos acredito que a grande maioria está seguindo o ritmo do mundo, num processo de acomodação inconsciente. Sei que existem também os espertos, mas o julgamento destes cabe ao Senhor, no dia de sua ira.
É preciso abrir os olhos e o coração para esta questão. Os cultos precisam ser realizados no sentido de serem espaços de ensino e aprendizagem, através do diálogo, do que é ser cristão, e do que é ter uma vida cristã. Os nossos irmãos podem e devem falar, dizer de suas experiências com Deus, seus aprendizados, suas perspectivas, é a assembléia de nossa comunidade.
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É preciso que se estimule e se discuta o que é viver em comunidade cristã, que seria o espelho do reino de Deus aqui na terra.
É preciso fazer a passagem do que é ideal para o real.
É preciso fazer a diferença aqui e agora.
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