Palavra do leitor
- 30 de junho de 2011
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A volta de Deus na teologia contemporânea - Parte final
O dogma, à medida que o racionalismo foi sendo adotado como critério epistemológico, foi se enfraquecendo. A idéia de Deus, até então, considerada fundamento da realidade e posicionada no centro do significado da existência humana (teocentrismo), foi sendo deslocada para a periferia. O homem foi para o centro (antropocentrismo). Com a força e as possibilidades da razão, o homem se assenhorear de si e do seu destino, produzindo, inclusive, toda uma euforia e um otimismo em suas expectativas. As Escrituras Sagradas, fonte epistemológica da era pré-moderna, passou a ser questionada à luz da Alta Crítica e teólogos influenciados pelo racionalismo revisaram os textos neotestamentários, negando seu caráter divino e até mesmo pondo em dúvidas relatos, como os milagres de Jesus, por exemplo.
Na modernidade a Teologia deixou de ser a “Rainha das Ciências”, o discurso teológico foi questionado, a própria existência de Deus foi posta em dúvida e tentativas de explicar a realidade divina surgiram, enfraquecendo a compreensão acerca de Deus. Finalmente, a teologia se rendeu, oferecendo propostas, em sua expressão liberal, que mais prejudicou do que ajudou a sociedade entender a realidade de Deus e de sua relação com os homens.
O Retorno de Deus na Teologia Contemporânea:
O fracasso do homem no século XX; a derrota da Teologia Liberal; a influência de Karl Barth; o fim da compreensão da história como um esquema linear, mas sim como constituída idas e vindas ou “de desvios e labirintos e interrupções radicais” ; a decepção com as máximas da modernidade que privilegiaram a civilização européia ocidental, marginalizando, ao mesmo tempo, outros saberes e contribuições; o declínio das utopias; o fim das trincheiras; a globalização.; o fim do comunismo. Todas estas expressões contemporâneas, de alguma maneira, resgataram o discurso teológico. A realidade de Deus volta a ser motivo de interesse. E a realidade de Deus vem na pós-modernidade para consolar, libertar, oferecer esperança, superar a crise. Ou seja, Deus é novamente “descoberto” para erguer o homem desiludido consigo próprio. As duas Grandes Guerras provaram o quão longe o homem pode chegar de sua humanidade quando este perde Deus de vista. O Racionalismo demoveu o teocêntismo. Os resultados foram avassaladores. A raça conheceu o pior de si. Sua face mais bizarra foi revelada. O fantástico conhecimento humano não foi capaz de impedir à monstruosidade do próprio. Ficou provado que o homem não pode ficar sozinho. Ele não é apto a ser senhor de sua história. Teve sua chance, mas, terrivelmente, fracassou.
Obviamente, o retorno de Deus não significa na pós-modernidade o uso e emprego de categorias tradicionais que explicam a realidade divina. A Teologia Relacional é uma prova. Ao mesmo tempo esta proposta teológica rejeita o assenhoreamento da história por parte do homem (como na modernidade), assim como o controle absoluto de Deus sobre o mesmo (como na pré-modernidade). Prefere uma parceria em que o homem e Deus são os agentes. O homem é chamado por Deus a construir uma história, sendo parceiro de Deus.
As diferentes explicações da realidade de Deus é uma das características mais claras da pós-modernidade. Ela rejeita os esquemas fixos da pré-modernidade e da própria modernidade e sugere alternativas na busca pela espiritualidade. Esta postura pós-moderna tem, nas palavras de Tracy, como proposta a certeza de que “não é o momento de prorromper em novas proposições sobre a realidade de Deus. É antes o momento de permitir novamente admirar-se do irresistível mistério de Deus” .
O retorno do interesse da realidade de Deus; a busca pela espiritualidade. A rejeição da dogmática tanto religiosa como racionalista, são evidências de que um novo tempo chegou para todos. Qual será o resultado disso? A teologia tem diante de si o desafio de tentar responder.
Conclusão
Não se pode negar a influência da pós-modernidade na teologia. Mas, diferentemente do que se apregoa que esta tendência é empecilho ao discurso cristão, pois este é fixo e centrado em Cristo, enquanto que o relativismo típico da pós-modernidade exige que se exclua a exclusividade cristã, é, salutar, que a teologia Cristã se afirme sim, porquanto tem ao seu lado o Cristo que é eterno e sendo eterno é pré-moderno, moderno e contemporâneo. Jesus Cristo resistiu aos questionamentos quanto à verdade em seus dias de encarnação (João 18.38). Tais questionamentos sempre aparecem na história com uma nova roupagem, sob a égide de alguém. Mas, a boa notícia de Apocalipse é que o Cordeiro vence! Cristo sempre vence. Venceu em seus dias de encarnação na Cruz. Venceu as controvérsias cristológicas nos primeiros séculos após seu retorno ao Pai. Venceu usando os reformadores. Venceu o racionalismo. Venceu o liberalismo. Vencerá também a pós-modernidade. Sendo ou não o fim da história da atual era, a boa notícia, é que o Cordeiro vence!
Soli Deo Gloria!!!
Na modernidade a Teologia deixou de ser a “Rainha das Ciências”, o discurso teológico foi questionado, a própria existência de Deus foi posta em dúvida e tentativas de explicar a realidade divina surgiram, enfraquecendo a compreensão acerca de Deus. Finalmente, a teologia se rendeu, oferecendo propostas, em sua expressão liberal, que mais prejudicou do que ajudou a sociedade entender a realidade de Deus e de sua relação com os homens.
O Retorno de Deus na Teologia Contemporânea:
O fracasso do homem no século XX; a derrota da Teologia Liberal; a influência de Karl Barth; o fim da compreensão da história como um esquema linear, mas sim como constituída idas e vindas ou “de desvios e labirintos e interrupções radicais” ; a decepção com as máximas da modernidade que privilegiaram a civilização européia ocidental, marginalizando, ao mesmo tempo, outros saberes e contribuições; o declínio das utopias; o fim das trincheiras; a globalização.; o fim do comunismo. Todas estas expressões contemporâneas, de alguma maneira, resgataram o discurso teológico. A realidade de Deus volta a ser motivo de interesse. E a realidade de Deus vem na pós-modernidade para consolar, libertar, oferecer esperança, superar a crise. Ou seja, Deus é novamente “descoberto” para erguer o homem desiludido consigo próprio. As duas Grandes Guerras provaram o quão longe o homem pode chegar de sua humanidade quando este perde Deus de vista. O Racionalismo demoveu o teocêntismo. Os resultados foram avassaladores. A raça conheceu o pior de si. Sua face mais bizarra foi revelada. O fantástico conhecimento humano não foi capaz de impedir à monstruosidade do próprio. Ficou provado que o homem não pode ficar sozinho. Ele não é apto a ser senhor de sua história. Teve sua chance, mas, terrivelmente, fracassou.
Obviamente, o retorno de Deus não significa na pós-modernidade o uso e emprego de categorias tradicionais que explicam a realidade divina. A Teologia Relacional é uma prova. Ao mesmo tempo esta proposta teológica rejeita o assenhoreamento da história por parte do homem (como na modernidade), assim como o controle absoluto de Deus sobre o mesmo (como na pré-modernidade). Prefere uma parceria em que o homem e Deus são os agentes. O homem é chamado por Deus a construir uma história, sendo parceiro de Deus.
As diferentes explicações da realidade de Deus é uma das características mais claras da pós-modernidade. Ela rejeita os esquemas fixos da pré-modernidade e da própria modernidade e sugere alternativas na busca pela espiritualidade. Esta postura pós-moderna tem, nas palavras de Tracy, como proposta a certeza de que “não é o momento de prorromper em novas proposições sobre a realidade de Deus. É antes o momento de permitir novamente admirar-se do irresistível mistério de Deus” .
O retorno do interesse da realidade de Deus; a busca pela espiritualidade. A rejeição da dogmática tanto religiosa como racionalista, são evidências de que um novo tempo chegou para todos. Qual será o resultado disso? A teologia tem diante de si o desafio de tentar responder.
Conclusão
Não se pode negar a influência da pós-modernidade na teologia. Mas, diferentemente do que se apregoa que esta tendência é empecilho ao discurso cristão, pois este é fixo e centrado em Cristo, enquanto que o relativismo típico da pós-modernidade exige que se exclua a exclusividade cristã, é, salutar, que a teologia Cristã se afirme sim, porquanto tem ao seu lado o Cristo que é eterno e sendo eterno é pré-moderno, moderno e contemporâneo. Jesus Cristo resistiu aos questionamentos quanto à verdade em seus dias de encarnação (João 18.38). Tais questionamentos sempre aparecem na história com uma nova roupagem, sob a égide de alguém. Mas, a boa notícia de Apocalipse é que o Cordeiro vence! Cristo sempre vence. Venceu em seus dias de encarnação na Cruz. Venceu as controvérsias cristológicas nos primeiros séculos após seu retorno ao Pai. Venceu usando os reformadores. Venceu o racionalismo. Venceu o liberalismo. Vencerá também a pós-modernidade. Sendo ou não o fim da história da atual era, a boa notícia, é que o Cordeiro vence!
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