Palavra do leitor
- 09 de março de 2015
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A vida cristã autêntica
Autenticidade cristã tem a ver com a própria autenticidade do SER. Não há como analisar a autenticidade da vida cristã, sem a análise da própria autenticidade do SER. Segundo o filósofo existencialista Heidegger, em seu livro Ser e Tempo, toda tentativa de definição do ser é fracassada. Então como podemos analisar a autenticidade do Ser e em seguida a autenticidade da vida cristã? Em princípio, deve se ter em mente que o ser-humano se realiza através da fala, através de ouvir o mundo em volta de si. Sem o silêncio, sem a contemplação e a audição do externo, o próprio Ser se perde e se dilui nos conceitos.
O SER se concretiza no tempo, absorvendo e sendo absorvido pelo mundo em volta. O ser-humano é mais um ser entre muitos, porém sua autenticidade se realiza na distinção dos outros seres. Somente o ser-humano existe, porque é o único ser que tem consciência. A existência propicia a autenticidade do ser humano em sua integridade: espiritualidade e corporeidade. Dizer que “o ser-em um mundo é uma propriedade espiritual [enquanto que] a espacialidade do homem é uma qualidade de seu corpo, fundada sempre em uma corporeidade” [1] empobrece a definição do SER.
Fragmentar o ser-humano em espiritualidade e corporeidade lhe tira a sua autenticidade porque o fragmenta em uma agremiação de seres. Enquanto ser existente, o homem se autentica como consciente e determinante de sua existência pela sua pré-sença integralmente, espiritual e corporal.
O ser-humano se define e não pode ser definido, porque é autoconsciente e se transforma no tempo. O próprio tempo autentica a existência humana. Um dos problemas do ser-humano moderno é o empobrecimento do pensamento na definição do SER: tudo se define pela técnica, pelo uso que se faz de cada ente. O retorno à conscientização da espiritualidade e da corporeidade do ser-humano, em sua integralidade, pode ser a cura às frustrações contemporâneas.
SER CRISTÃO
Sendo SER existente, o ser-humano não apenas é, mas interage com o mundo em sua volta, influencia e é influenciado por ele. Não é fruto do meio, mas construtor do próprio meio em que vive. A esse respeito Paulo exorta: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Ser cristão é viver o ser-humano em sua completude, ter consciência que pode e deve, em todo tempo, transformar-se a si mesmo e, consequentemente, transformar o mundo. Pois somos o “sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5.13-16).
Ter uma vida cristã autêntica implica participar do sofrimento de Deus e de seu desejo de salvar o mundo. Somente a mudança da mente autentica o SER-CRISTÃO. Frequentar uma igreja cristã, buscar a proteção e as bênçãos de Deus, praticar o amor ao próximo, ainda que tudo isso faça parte da vida cristã autêntica, não representa a autenticidade da vida cristã. O SER-CRISTÃO existe enquanto consciente e seguidor de Cristo, engajado em sua missão, participante do seu Reino de justiça, paz e alegria (Rm 14.17). Somente o SER-IMITADOR-DE-CRISTO, integralmente, em todo tempo, torna o SER-CRISTÃO autêntico. A cruz é o início da vida cristã, mas não é tudo. É caminhando com Cristo, em-o mundo que o ser-cristão se autentica. Por participarmos de sua morte, de sua ressurreição e de seu Reino, dia-a-dia, nos tornamos cristãos autênticos. “Se morremos com ele, com ele também viveremos” (2 Tm 2.11).
A vida cristã autêntica se concretiza na existência do SER-CRISTÃO, da conscientização do SER em si mesmo. Isso não se dá por si só, mas do “ser-em” o espaço-tempo. Como cristãos existimos para cuidar e ser cuidado. No compartilhamento do eu com o outro a autenticidade do ser-humano é restaurada porque torna o outro igual o eu, participantes da mesma benção, sustentados pelo mesmo Deus.
A Igreja é o espaço onde a vida cristã se torna autêntica, é a comunidade onde os dons e as dores são compartilhadas. Ser Igreja é ser a comunidade do compartilhamento. A igreja precisa ter cuidado para não institucionalizar-se e perder a sua autenticidade. Deve ser o lugar em que a alegria e o choro são compartilhados (Rm 12.15). Isto é viver a vida cristã autêntica, viver a espiritualidade humana no corpo, ser pré-sença, existir enquanto SER-CRISTÃO.
Amar e servir ao outro, nisso se resume os mandamentos de Deus (Mt 22.37-40). Quem ama se ocupa com a alegria de compartilhar os dons de Deus, de sofrer com os que sofrem. Somos todos limitados e compartilhamos da carência e da possibilidade de completar o outro. Cuidar do outro e ser cuidado, são esses os dois grandes mandamentos: primeiro se permitindo ser cuidado por Deus através do outro, isso demonstra nossa aceitação de seu amor, segundo cuidando do outro, amando-o como a nós mesmos, nisso demonstramos o amor de Deus através de nós. “Meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo 15.12).
[1] [3] HEIDEGGER, M. “Ser e Tempo” (p. 94).
O SER se concretiza no tempo, absorvendo e sendo absorvido pelo mundo em volta. O ser-humano é mais um ser entre muitos, porém sua autenticidade se realiza na distinção dos outros seres. Somente o ser-humano existe, porque é o único ser que tem consciência. A existência propicia a autenticidade do ser humano em sua integridade: espiritualidade e corporeidade. Dizer que “o ser-em um mundo é uma propriedade espiritual [enquanto que] a espacialidade do homem é uma qualidade de seu corpo, fundada sempre em uma corporeidade” [1] empobrece a definição do SER.
Fragmentar o ser-humano em espiritualidade e corporeidade lhe tira a sua autenticidade porque o fragmenta em uma agremiação de seres. Enquanto ser existente, o homem se autentica como consciente e determinante de sua existência pela sua pré-sença integralmente, espiritual e corporal.
O ser-humano se define e não pode ser definido, porque é autoconsciente e se transforma no tempo. O próprio tempo autentica a existência humana. Um dos problemas do ser-humano moderno é o empobrecimento do pensamento na definição do SER: tudo se define pela técnica, pelo uso que se faz de cada ente. O retorno à conscientização da espiritualidade e da corporeidade do ser-humano, em sua integralidade, pode ser a cura às frustrações contemporâneas.
SER CRISTÃO
Sendo SER existente, o ser-humano não apenas é, mas interage com o mundo em sua volta, influencia e é influenciado por ele. Não é fruto do meio, mas construtor do próprio meio em que vive. A esse respeito Paulo exorta: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Ser cristão é viver o ser-humano em sua completude, ter consciência que pode e deve, em todo tempo, transformar-se a si mesmo e, consequentemente, transformar o mundo. Pois somos o “sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5.13-16).
Ter uma vida cristã autêntica implica participar do sofrimento de Deus e de seu desejo de salvar o mundo. Somente a mudança da mente autentica o SER-CRISTÃO. Frequentar uma igreja cristã, buscar a proteção e as bênçãos de Deus, praticar o amor ao próximo, ainda que tudo isso faça parte da vida cristã autêntica, não representa a autenticidade da vida cristã. O SER-CRISTÃO existe enquanto consciente e seguidor de Cristo, engajado em sua missão, participante do seu Reino de justiça, paz e alegria (Rm 14.17). Somente o SER-IMITADOR-DE-CRISTO, integralmente, em todo tempo, torna o SER-CRISTÃO autêntico. A cruz é o início da vida cristã, mas não é tudo. É caminhando com Cristo, em-o mundo que o ser-cristão se autentica. Por participarmos de sua morte, de sua ressurreição e de seu Reino, dia-a-dia, nos tornamos cristãos autênticos. “Se morremos com ele, com ele também viveremos” (2 Tm 2.11).
A vida cristã autêntica se concretiza na existência do SER-CRISTÃO, da conscientização do SER em si mesmo. Isso não se dá por si só, mas do “ser-em” o espaço-tempo. Como cristãos existimos para cuidar e ser cuidado. No compartilhamento do eu com o outro a autenticidade do ser-humano é restaurada porque torna o outro igual o eu, participantes da mesma benção, sustentados pelo mesmo Deus.
A Igreja é o espaço onde a vida cristã se torna autêntica, é a comunidade onde os dons e as dores são compartilhadas. Ser Igreja é ser a comunidade do compartilhamento. A igreja precisa ter cuidado para não institucionalizar-se e perder a sua autenticidade. Deve ser o lugar em que a alegria e o choro são compartilhados (Rm 12.15). Isto é viver a vida cristã autêntica, viver a espiritualidade humana no corpo, ser pré-sença, existir enquanto SER-CRISTÃO.
Amar e servir ao outro, nisso se resume os mandamentos de Deus (Mt 22.37-40). Quem ama se ocupa com a alegria de compartilhar os dons de Deus, de sofrer com os que sofrem. Somos todos limitados e compartilhamos da carência e da possibilidade de completar o outro. Cuidar do outro e ser cuidado, são esses os dois grandes mandamentos: primeiro se permitindo ser cuidado por Deus através do outro, isso demonstra nossa aceitação de seu amor, segundo cuidando do outro, amando-o como a nós mesmos, nisso demonstramos o amor de Deus através de nós. “Meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo 15.12).
[1] [3] HEIDEGGER, M. “Ser e Tempo” (p. 94).
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