Palavra do leitor
- 15 de junho de 2020
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A soberania divina e a evangelização (parte 2)
Parte 1
Agora, como proposto, abordasse-a a evangelização ou evangelismo. Segundo Packer (2011, p.39), "evangelizar significa simplesmente pregar o evangelho, as boas novas. Trata-se de um ministério de comunicação, no qual os cristãos tornam-se porta-vozes da mensagem de misericórdia de Deus aos pecadores. Assim, observando as Escrituras em Gênesis 3:15 o próprio Deus evangeliza, ao anunciar a promessa de remissão através da semente da mulher e a destruição da serpente, aqui foi a primeira proclamação ou comunicação das boas novas em Cristo, a semente da mulher. Isto está em conformidade ao Catecismo de Heidelbeg (URSINUS, 2017), uma das três formas de unidade das Igrejas Reformadas, que em sua resposta a pergunta 19 diz que Deus revelou pela primeira vez o evangelho no Paraiso, e depois ele o proclamou pelos patriarcas e profetas. Assim, Wright(2012), demonstra que primeiramente e estritamente a missão é a missão de Deus, e desta maneira a missão da Igreja é uma missão derivada ou uma missão comissionada, e um dos muitos aspectos desta missão é o evangelismo, de modo que o a evangelização é o cumprimento da missão do próprio Deus e uma obrigação do povo eleito. A percepção de Wright está totalmente de acordo com a visão Reformada, como é expresso na Confissão de Fé de Westminster:
"VI. Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo." (ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER, 2008, p.39)
Destarte, encontra-se aqui os dois aspectos que abordados, a soberania divina na salvação e a responsabilidade humana na evangelização. O primeiro em Deus de maneira soberana não decretar somente os fins, mas também os meios para a salvação, como diz a Confissão ele "preordenou todos os meios conducentes a esse fim" (ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER, 2008, p.39). Dentre estes meios que conduzem a salvação em Cristo, agradou a Deus incluir a proclamação do santo evangelho, não que o homem pode de algum modo impedir a salvação daqueles que Deus escolheu ao não evangelizar, pois isso fugiria a soberania de Deus, de forma que Ele ao incluir a evangelização nos meios conducentes, também decretou que seus eleitos seriam alcançados pela proclamação das boas novas.
Em resumo, a questão se torna mais compreensiva quando entendemos que Deus dentro da sua soberana vontade, não revelou todas as coisas, mas somente a sua vontade preceptiva e que esta deve ser a vontade que guia e dirige o seu povo. Assim, Deus ser soberano na salvação do homem e escolher aqueles que são salvos, não é uma contradição ou um fato que exima o homem de sua responsabilidade em evangelizar. Aquilo que Deus decretou secretamente e está se concretizando no tempo pertence unicamente a Ele, de modo que todos os homens devem ouvir a proclamação da palavra.
Portanto a soberania divina não é um empecilho para evangelização, muito menos uma doutrina que desestimule tal prática. Ao contrário disto, a doutrina bíblica da soberania de Deus, quando bem entendida, deve conduzir seu povo a uma reverente obra de evangelização, sabendo que os resultados não dependem de seus esforços, capacidades e estratégias, mas que eles são unicamente dependentes de Deus. Isto implica dizer, que não há fracasso evangelístico onde a boa semente é plantada, pois a missão é esta, anunciar com fidelidade as boas novas e não converter pessoas.
REFERÊNCIAS
ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER. Confissão de Fé de Westminster – 17º ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
BEEKE, Joel R. SMALLEY, Paul M. Teologia Sistemática Reformada, volume 1; tradução Paulo César dos Santos, Samuel Fernandes do Nascimento Jr. – São Paulo: Cultura Cristã, 2020.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática; tradução Odaiyr Olivetti. – 3ª Ed. Revisada – São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
EDWARDS, Jonathan. A Soberania de Deus na Salvação. São Paulo: PES, 2018.
PACKER, J. J. Evangelização e a Soberania de Deus; tradução Gabriele Greggersen – São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
URSINUS, Zacarias. As Três Formas de Unidade das Igrejas Reformadas: Confissão Belga, O catecismo de Heidelberg, Os Cânones de Dort; tradução Marcos Vasconcelos – Pernambuco: CLIRE, 2017.
WRIGHT, Christopher J. H. A Missão do Povo de Deus: Uma Teologia Bíblica da Missão da Igreja; tradução Waléria Coicev – São Paulo: Vida Nova, 2012.
Agora, como proposto, abordasse-a a evangelização ou evangelismo. Segundo Packer (2011, p.39), "evangelizar significa simplesmente pregar o evangelho, as boas novas. Trata-se de um ministério de comunicação, no qual os cristãos tornam-se porta-vozes da mensagem de misericórdia de Deus aos pecadores. Assim, observando as Escrituras em Gênesis 3:15 o próprio Deus evangeliza, ao anunciar a promessa de remissão através da semente da mulher e a destruição da serpente, aqui foi a primeira proclamação ou comunicação das boas novas em Cristo, a semente da mulher. Isto está em conformidade ao Catecismo de Heidelbeg (URSINUS, 2017), uma das três formas de unidade das Igrejas Reformadas, que em sua resposta a pergunta 19 diz que Deus revelou pela primeira vez o evangelho no Paraiso, e depois ele o proclamou pelos patriarcas e profetas. Assim, Wright(2012), demonstra que primeiramente e estritamente a missão é a missão de Deus, e desta maneira a missão da Igreja é uma missão derivada ou uma missão comissionada, e um dos muitos aspectos desta missão é o evangelismo, de modo que o a evangelização é o cumprimento da missão do próprio Deus e uma obrigação do povo eleito. A percepção de Wright está totalmente de acordo com a visão Reformada, como é expresso na Confissão de Fé de Westminster:
"VI. Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo." (ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER, 2008, p.39)
Destarte, encontra-se aqui os dois aspectos que abordados, a soberania divina na salvação e a responsabilidade humana na evangelização. O primeiro em Deus de maneira soberana não decretar somente os fins, mas também os meios para a salvação, como diz a Confissão ele "preordenou todos os meios conducentes a esse fim" (ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER, 2008, p.39). Dentre estes meios que conduzem a salvação em Cristo, agradou a Deus incluir a proclamação do santo evangelho, não que o homem pode de algum modo impedir a salvação daqueles que Deus escolheu ao não evangelizar, pois isso fugiria a soberania de Deus, de forma que Ele ao incluir a evangelização nos meios conducentes, também decretou que seus eleitos seriam alcançados pela proclamação das boas novas.
Em resumo, a questão se torna mais compreensiva quando entendemos que Deus dentro da sua soberana vontade, não revelou todas as coisas, mas somente a sua vontade preceptiva e que esta deve ser a vontade que guia e dirige o seu povo. Assim, Deus ser soberano na salvação do homem e escolher aqueles que são salvos, não é uma contradição ou um fato que exima o homem de sua responsabilidade em evangelizar. Aquilo que Deus decretou secretamente e está se concretizando no tempo pertence unicamente a Ele, de modo que todos os homens devem ouvir a proclamação da palavra.
Portanto a soberania divina não é um empecilho para evangelização, muito menos uma doutrina que desestimule tal prática. Ao contrário disto, a doutrina bíblica da soberania de Deus, quando bem entendida, deve conduzir seu povo a uma reverente obra de evangelização, sabendo que os resultados não dependem de seus esforços, capacidades e estratégias, mas que eles são unicamente dependentes de Deus. Isto implica dizer, que não há fracasso evangelístico onde a boa semente é plantada, pois a missão é esta, anunciar com fidelidade as boas novas e não converter pessoas.
REFERÊNCIAS
ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER. Confissão de Fé de Westminster – 17º ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
BEEKE, Joel R. SMALLEY, Paul M. Teologia Sistemática Reformada, volume 1; tradução Paulo César dos Santos, Samuel Fernandes do Nascimento Jr. – São Paulo: Cultura Cristã, 2020.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática; tradução Odaiyr Olivetti. – 3ª Ed. Revisada – São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
EDWARDS, Jonathan. A Soberania de Deus na Salvação. São Paulo: PES, 2018.
PACKER, J. J. Evangelização e a Soberania de Deus; tradução Gabriele Greggersen – São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
URSINUS, Zacarias. As Três Formas de Unidade das Igrejas Reformadas: Confissão Belga, O catecismo de Heidelberg, Os Cânones de Dort; tradução Marcos Vasconcelos – Pernambuco: CLIRE, 2017.
WRIGHT, Christopher J. H. A Missão do Povo de Deus: Uma Teologia Bíblica da Missão da Igreja; tradução Waléria Coicev – São Paulo: Vida Nova, 2012.
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