Palavra do leitor
- 17 de março de 2009
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A síndrome da arena
"... Por que não buscamos a pujança de uma fé de criança? A fé imbuída de alegria; a fé de cores, desenhos, palavras e personagens dando a pigmentação de eternidade. A felicidade e o amor são factíveis, admissíveis e palpáveis?"
A multidão entusiasmada no apoteótico coliseu. A poeira de barro soprada pelo vento seco não adulterava o foco, a expectativa e o anseio por mais uma tarde de boas lutas. Indo ao centro daquele evento, no qual interrompia a rotina de suor e luta pela subsistência, o imperador adornado de reluzência.
A arena até então parecia um buraco e num piscar de olhos os portões de ferro se abriam para a entrada dos heróis ou vitimados pelas sandices dos homens. A multidão balbuciando gozava num adoecido prazer os corpos mutilados, o sangue jorrando, o choque estridente das espadas e da respiração ofegante dos convalidos.
O quadro ali instaurado tinha um odor de resignação e alienação. Uma espécie de catarse coletiva! Eis o instante de glória dos gladiadores pulverizados no inconsciente de um povo acostumado a canalizar os seus infortúnios ao destino. Diz a história imiscuída a fatos e ficções, quando um gladiador conseguia lograr uma seqüência concomitante de êxitos, recebia a liberdade e um símbolo de reconhecimento por sua bravura, destemor e honradez concedida pelo imperador.
Certa feita, um produtor de oliveiras encontrou um ex-gladiador e interpelou: qual foi o segredo para não ter sido consumido dentro da arena pelos adversários e predadores?
O corpo do ex-gladiador ou personagem do imaginário de um povo não escondia as cicatrizes dos combates e então, após inspirar e respirar, disse: nunca me esqueci de que era gente, sujeito a ilusão dos aplausos!
Bem, você pode se perguntar: qual a correlação do presente texto, abordando os fragmentos da história de um gladiador, com os meandros (enredos) em consonância a vida cristã ou mais especificamente ao exercício do pastorado?
Em poucas palavras, semelhante àquele gladiador ciente de sua finitude e vulnerabilidade e tal discernimento acabou sendo a tônica de suas vitórias, culminando na liberdade.
Opostamente observo muitos cristãos não adotando a verdade inquestionável de que são humanos. Lastimavelmente, tenho constatado com perniciosidade a postura de pastores, expressamente, caindo do cavalo. Em função disso, vidas, comunidades e expectativas sucumbindo.
De uma maneira triste, o púlpito pode ser cotejado como uma arena, os inimigos são constituídos pelo nosso próprio eu facilmente manipulado, fomentado ou estimulado e ofuscado pelos aplausos. Por conseqüência, perdendo a concepção e valendo – me de um termo psicológico (o insight ou a percepção profunda) de que são pessoas, não imunes as vicissitudes ou alternâncias do cotidiano; resumidamente, de que no trilhar desta vida, os erros, equívocos e falhas nos acompanharão. Quer queiramos ou não!
E catastróficamente, o Séc. XXI irradia a síndrome de púlpitos, de líderes evangelicos persuadidos por um discurso artificial e enraizado às coisas deste mundo. Tal situação sendo constatada ao girarmos alguns programas de teor evangélico, exibidos via TV e rádio. Sem querer tripudiar ou execrar ninguém, mas a escassez por um evangelho de inter-relação aberta e franca com Deus se torna patente! Neste ínterim, a comunhão, a adoração, a palavra – pedagógica da Graça são relegadas, postas como matérias fortuitas ou ocasionais. Afinal de contas, o carro – chefe passa por mirabolantes estratégias de capitalização de números e mais números.
Enquanto isso, muitos lutam por um evangelho a procura de diálogo, interdependência, influência recíproca e reiterando um termo dito acima ‘’insight ou percepção profunda’’ de que somos gente. Aliás, sermos gente ao lado de um Deus que se encarnou em gente, ouviu gente, andou com gente e transcendeu com o desígnio de um sacrifício em favor de gente. Malgrado o crescimento exponencial do evangelho na Terra de Vera Cruz ou no Brasil, acredito, com peremptória ou categórica certeza, de que Deus busca pastores sonhadores, homens e mulheres dispostos a ser um alforje de ideais em favor da vida e de gente.
Enfim, o evangelho munido de palavras, substantivos, verbos, pronomes, adjetivos e artigos desencadeadores não apenas de libertação. Indo além, cultivando e confirmando um processo de restauração integral. Isto implica histórias individuais, comunitárias, coletivas e por que não atestar globais. Destarte ou assim sendo, a hombridade e sinceridade a fim de reconhecermos o quão propensos somos a sermos infectados pelo vírus da síndrome da arena ou do púlpito. Partindo deste diagnóstico, sem qualquer discurso fatalista e comiserativo, conseguiremos bailar e submergir numa relação aberta, franca e as claras com Deus, gente e sem a fobia de ser gente dentro da eklesia.
Baruch Há Shem!
Texto Áureo: 2 Crônicas 26. 1 a 7, 16 a 21
A multidão entusiasmada no apoteótico coliseu. A poeira de barro soprada pelo vento seco não adulterava o foco, a expectativa e o anseio por mais uma tarde de boas lutas. Indo ao centro daquele evento, no qual interrompia a rotina de suor e luta pela subsistência, o imperador adornado de reluzência.
A arena até então parecia um buraco e num piscar de olhos os portões de ferro se abriam para a entrada dos heróis ou vitimados pelas sandices dos homens. A multidão balbuciando gozava num adoecido prazer os corpos mutilados, o sangue jorrando, o choque estridente das espadas e da respiração ofegante dos convalidos.
O quadro ali instaurado tinha um odor de resignação e alienação. Uma espécie de catarse coletiva! Eis o instante de glória dos gladiadores pulverizados no inconsciente de um povo acostumado a canalizar os seus infortúnios ao destino. Diz a história imiscuída a fatos e ficções, quando um gladiador conseguia lograr uma seqüência concomitante de êxitos, recebia a liberdade e um símbolo de reconhecimento por sua bravura, destemor e honradez concedida pelo imperador.
Certa feita, um produtor de oliveiras encontrou um ex-gladiador e interpelou: qual foi o segredo para não ter sido consumido dentro da arena pelos adversários e predadores?
O corpo do ex-gladiador ou personagem do imaginário de um povo não escondia as cicatrizes dos combates e então, após inspirar e respirar, disse: nunca me esqueci de que era gente, sujeito a ilusão dos aplausos!
Bem, você pode se perguntar: qual a correlação do presente texto, abordando os fragmentos da história de um gladiador, com os meandros (enredos) em consonância a vida cristã ou mais especificamente ao exercício do pastorado?
Em poucas palavras, semelhante àquele gladiador ciente de sua finitude e vulnerabilidade e tal discernimento acabou sendo a tônica de suas vitórias, culminando na liberdade.
Opostamente observo muitos cristãos não adotando a verdade inquestionável de que são humanos. Lastimavelmente, tenho constatado com perniciosidade a postura de pastores, expressamente, caindo do cavalo. Em função disso, vidas, comunidades e expectativas sucumbindo.
De uma maneira triste, o púlpito pode ser cotejado como uma arena, os inimigos são constituídos pelo nosso próprio eu facilmente manipulado, fomentado ou estimulado e ofuscado pelos aplausos. Por conseqüência, perdendo a concepção e valendo – me de um termo psicológico (o insight ou a percepção profunda) de que são pessoas, não imunes as vicissitudes ou alternâncias do cotidiano; resumidamente, de que no trilhar desta vida, os erros, equívocos e falhas nos acompanharão. Quer queiramos ou não!
E catastróficamente, o Séc. XXI irradia a síndrome de púlpitos, de líderes evangelicos persuadidos por um discurso artificial e enraizado às coisas deste mundo. Tal situação sendo constatada ao girarmos alguns programas de teor evangélico, exibidos via TV e rádio. Sem querer tripudiar ou execrar ninguém, mas a escassez por um evangelho de inter-relação aberta e franca com Deus se torna patente! Neste ínterim, a comunhão, a adoração, a palavra – pedagógica da Graça são relegadas, postas como matérias fortuitas ou ocasionais. Afinal de contas, o carro – chefe passa por mirabolantes estratégias de capitalização de números e mais números.
Enquanto isso, muitos lutam por um evangelho a procura de diálogo, interdependência, influência recíproca e reiterando um termo dito acima ‘’insight ou percepção profunda’’ de que somos gente. Aliás, sermos gente ao lado de um Deus que se encarnou em gente, ouviu gente, andou com gente e transcendeu com o desígnio de um sacrifício em favor de gente. Malgrado o crescimento exponencial do evangelho na Terra de Vera Cruz ou no Brasil, acredito, com peremptória ou categórica certeza, de que Deus busca pastores sonhadores, homens e mulheres dispostos a ser um alforje de ideais em favor da vida e de gente.
Enfim, o evangelho munido de palavras, substantivos, verbos, pronomes, adjetivos e artigos desencadeadores não apenas de libertação. Indo além, cultivando e confirmando um processo de restauração integral. Isto implica histórias individuais, comunitárias, coletivas e por que não atestar globais. Destarte ou assim sendo, a hombridade e sinceridade a fim de reconhecermos o quão propensos somos a sermos infectados pelo vírus da síndrome da arena ou do púlpito. Partindo deste diagnóstico, sem qualquer discurso fatalista e comiserativo, conseguiremos bailar e submergir numa relação aberta, franca e as claras com Deus, gente e sem a fobia de ser gente dentro da eklesia.
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Texto Áureo: 2 Crônicas 26. 1 a 7, 16 a 21
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