A simplicidade do Evangelho – Parte 3

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Além das questões da linguagem do próprio Evangelho bem como outras coisas que simbolizam a fé como o pão da Ceia, enfim, muitas coisas da fé cristã são, por sua simplicidade, contrastantes com a prática cristã dos nossos dias. Os agentes da fé cristã, pastores, padres, religiosos, etc., no decorrer da caminhada da história da própria fé, incrementaram na fé elementos que tornam o Evangelho de difícil compreensão e vivência. Colocaram uma moldura enorme, com muitas cores e texturas que acabaram tomando conta daquilo que deveriam estampar, ou seja, os elementos básicos da fé, como a própria fé em si, perderam espaço para muitas coisas que na verdade destoam do crer em Cristo.

Certa vez, Jesus Cristo nas suas andanças por esta terra, dirigia-se saindo da Judéia em direção à Galiléia, no entanto, entre essas duas regiões havia um território chamado Samaria, e “era necessário passar por Samaria”. Pois bem, entrou em Samaria, e depois de uma longa caminha, como homem que é, teve sede. E a sede o fez aproximar-se de uma pequena vila chamada de Sicar, nessa vila, havia um poço conhecido como o “poço de Jacó”. Para não ser um intrometido aguarda que alguém venha buscar água, logo, surge uma mulher samaritana onde na qual ele pede um pouco de água para beber. Para quem conhece essa passagem bíblica, narrada no Evangelho de João (4.1-30), muitos conflitos são apresentados nesse fato: o conflito político entre judeus e samaritanos, o conflito social entre Jesus e uma mulher que já tivera cinco maridos, e por fim o conflito espiritual, onde a questão central era onde realmente se deveria fazer um culto a Deus, no monte em Samaria ou em Jerusalém?

A simplicidade do Evangelho mais uma vez é tornada conhecida na resposta de Jesus: “Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.”(21) “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.”(23) “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”(24).

Não necessitamos de muitas letras para tentar tornar claras as palavras de Cristo, de forma muito sintética Ele está dizendo que não existe um lugar geográfico para cultuar a Deus. A simplicidade disso é que não precisamos ir até Jerusalém, Roma, Aparecida do Norte, Templo de Salomão em São Paulo, Meca na Arábia Saudita, ou qualquer outro local, pois o Pai não se prende ao local em si, mas na posição do coração de quem o adora como Deus que é espírito, e de maneira verdadeira distinta de qualquer hipocrisia.

Os ornamentos de um templo na desculpa de agradar a Deus, na verdade servem para encher os olhos de brilho humano e o coração de orgulho, pois a época em que a Igreja esteve mais repleta de milagres era no momento em que não tinham um local oficial para cultuar a Deus. Não estou dizendo que o templo é desnecessário, mas estou dizendo que muitas coisas que existem em nossos templos cristãos não servem para nada, pelo contrário, roubam o foco impedindo que a simplicidade do evangelho se manifeste alcançando vidas e produzindo a necessária transformação.

As muletas de nossos cultos a título de fazer o melhor para Deus são verdadeiros produtores de incredulidade ou de muitas crendices que nada tem a ver com fé, pois como disse o próprio Deus encarnado, Jesus Cristo: “Deus é espírito, e importa que os verdadeiros adoradores O adorem em espírito e em verdade.”

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Opinião do leitor