Palavra do leitor
- 15 de julho de 2011
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Artigo publicado em resposta a O pessimismo de João Ubaldo Ribeiro e o realismo de Cristo
A simplicidade acolhedora de Ultimato (em Elben) e o reducionismo de exaltação a Jesus (via João Ubaldo)
Uma das belezas de ULTIMATO é a enorme capacidade, sobretudo na forma jornalística, em que elas são expostas. Elben é um exemplo.
Seus livros e artigos estão aí: o jogo com as palavras, a redução de conceitos complexos numa linguagem simples (não simplista), a concatenação das imagens, o linguajar atual.
Elben tem o dom do ‘punch line’ incrível em suas produções. ‘Punch line’ é termo que define o ponto forte de uma história, piada, discurso, conversa ou artigo.
É no ‘punch line’ que se atinge o objetivo, expresso na produção do autor. Um excelente ‘punch line’ produz efeitos! Exemplo?
Quando o então príncipe regente foi contra as ordens das Cortes Portuguesas que exigiam sua volta a Lisboa, ele fica no Brasil. A certa altura D. Pedro I diz, “Diga ao povo que fico!”. O Dia do Fico deu-se em 9 de Janeiro de 1822
Recentemente Marina Silva poderia ter feito a mesma coisa, ficando no PV valendo-se de seus 20 milhões de votos. Mas agora, saindo para criar uma nova modalidade de movimento, atualmente sem partido, seu ‘não fico’ tem cheiro de autoritarismo ideológico verde fatalista. E resolveu não ficar, saindo do Partido Verde.
Essa não é a simplicidade acolhedora que me refiro em o ULTIMATO.
Corre-se, porém, o risco, de reducionismo com simplicidade. Vou dar um exemplo. Nesse caso o reducionismo é meu, e proposital.
Há um texto no evangelho de Marcos sobre a cura do paraplégico. Nove entre 10 sermões erram no entendimento do texto e a prédica acaba por transmitir erradamente o que o evangelista, a meu juízo, tentou transmitir.
Onde o erro? A impressão que se tem é que Jesus está realizando um milagre, e que o objeto da ação é o paralítico; ao final, a força do milagre seria a ‘lição’ a ser extraída do texto. Errado.
Outra hora os sermões enfatizam a questão do pecado, ou o aspecto da fé dos que estavam ali. Errado.
Poucos percebem que o acontecimento em Marcos tem um ponto profundamente cristológico: a divindade de Cristo.
No lugar de uma confissão doutrinária elaborada de fé à moda de um Código de Nicéia, ou mesmo em uma confissão de Westminster, o que se assiste em Marcos capítulo 2 é a declaração de fé de que Jesus era Deus mesmo! O restante é acessório (não necessariamente dispensável, claro).
O reducionismo é perigoso quando usado equivocadamente. Reducionismo, na sua forma mais simples (estou usando o reducionismo para definir reducionismo!) é o nome que se dá à tentativa de reduzir objetos, fenômenos, teorias e significados complexos às suas partes constituintes mais simples.
A ‘navalha de Occam’ (se você é familiarizado em filosofia, Occam é o ponto de partida) é a base deste tipo de reducionismo: a ideia de que todos os fenômenos podem ser reduzidos a explicações tais que através de um método, de uma técnica, o objeto de estudo seja particionado em busca de verdade simples, irredutível.
Elben é um excelente reducionista no melhor sentido do termo. Marcos Botelho não. É ruim de ideias e muito bom de acessórios. Bráulia às vezes reduz, mas nunca fecha as portas para ponderações, ela desafia.
Amorese é muito reducionista, em parte por causa de sua formação. Dom Edward Cavalcanti, por conta de sua formação ampla, não é reducionista, mas sofre da tentação.
As figuras de ‘O tempora! O mores’ do Mackenzie são obrigados academicamente a serem reducionistas. Deixariam de existir se não fossem.
O artigo (AQUI) em PRATELEIRA me chegou a atenção pelo reducionismo: o pessimismo de Ubaldo vis a vis o realismo de Cristo.
Primeiro, as categorias (pessimismo/realismo) se mostram fora do compasso dado o denominador comum: Ubaldo e Cristo. Seria o mesmo que comparar o pessimismo de Chico Anysio em entrevista a VEJA dessa semana com o pessimismo do Cardeal Wojtyla (Papa João Paulo II). Não dá!
Segundo, pessimismo é diferente de melancolia. Veja, por exemplo, as considerações de Luiz Felipe Pondé sobre melancolia, um termo muito especial (vou escrever um artigo sobre isso), com o pessimismo de João Ubaldo no G1 (o artigo de ULTIMATO pinçou só um pedaço). Melancolia não é a mesma coisa que pessimismo.
Finalmente, pessimismo aparece modernamente (século XIX) e foi popularizada. Virou panaceia em psicologia, alto astral no popular; contrapôs-se a sucesso, politizou-se a ser evitado para conquista de cargos bem remunerados, e no meio evangélico o oba-oba das curas.
Furto de Reinaldo Azevedo as palavras finais desse artigo. “Disse Castro Alves: ‘A praça é do povo como o céu é do condor’. Disse Caetano Veloso: ‘A praça é do povo como o céu é do avião (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão).”
Fico com Ubaldo: antes um pessimismo com os pés no chão do que com os pés firmemente colocados... no ar!
Jesus Cristo não é panegírico ou fio condutor de doutrina (pessimismo) metafísica ou moral típicas de um Arthur Schopenhauer.
Seus livros e artigos estão aí: o jogo com as palavras, a redução de conceitos complexos numa linguagem simples (não simplista), a concatenação das imagens, o linguajar atual.
Elben tem o dom do ‘punch line’ incrível em suas produções. ‘Punch line’ é termo que define o ponto forte de uma história, piada, discurso, conversa ou artigo.
É no ‘punch line’ que se atinge o objetivo, expresso na produção do autor. Um excelente ‘punch line’ produz efeitos! Exemplo?
Quando o então príncipe regente foi contra as ordens das Cortes Portuguesas que exigiam sua volta a Lisboa, ele fica no Brasil. A certa altura D. Pedro I diz, “Diga ao povo que fico!”. O Dia do Fico deu-se em 9 de Janeiro de 1822
Recentemente Marina Silva poderia ter feito a mesma coisa, ficando no PV valendo-se de seus 20 milhões de votos. Mas agora, saindo para criar uma nova modalidade de movimento, atualmente sem partido, seu ‘não fico’ tem cheiro de autoritarismo ideológico verde fatalista. E resolveu não ficar, saindo do Partido Verde.
Essa não é a simplicidade acolhedora que me refiro em o ULTIMATO.
Corre-se, porém, o risco, de reducionismo com simplicidade. Vou dar um exemplo. Nesse caso o reducionismo é meu, e proposital.
Há um texto no evangelho de Marcos sobre a cura do paraplégico. Nove entre 10 sermões erram no entendimento do texto e a prédica acaba por transmitir erradamente o que o evangelista, a meu juízo, tentou transmitir.
Onde o erro? A impressão que se tem é que Jesus está realizando um milagre, e que o objeto da ação é o paralítico; ao final, a força do milagre seria a ‘lição’ a ser extraída do texto. Errado.
Outra hora os sermões enfatizam a questão do pecado, ou o aspecto da fé dos que estavam ali. Errado.
Poucos percebem que o acontecimento em Marcos tem um ponto profundamente cristológico: a divindade de Cristo.
No lugar de uma confissão doutrinária elaborada de fé à moda de um Código de Nicéia, ou mesmo em uma confissão de Westminster, o que se assiste em Marcos capítulo 2 é a declaração de fé de que Jesus era Deus mesmo! O restante é acessório (não necessariamente dispensável, claro).
O reducionismo é perigoso quando usado equivocadamente. Reducionismo, na sua forma mais simples (estou usando o reducionismo para definir reducionismo!) é o nome que se dá à tentativa de reduzir objetos, fenômenos, teorias e significados complexos às suas partes constituintes mais simples.
A ‘navalha de Occam’ (se você é familiarizado em filosofia, Occam é o ponto de partida) é a base deste tipo de reducionismo: a ideia de que todos os fenômenos podem ser reduzidos a explicações tais que através de um método, de uma técnica, o objeto de estudo seja particionado em busca de verdade simples, irredutível.
Elben é um excelente reducionista no melhor sentido do termo. Marcos Botelho não. É ruim de ideias e muito bom de acessórios. Bráulia às vezes reduz, mas nunca fecha as portas para ponderações, ela desafia.
Amorese é muito reducionista, em parte por causa de sua formação. Dom Edward Cavalcanti, por conta de sua formação ampla, não é reducionista, mas sofre da tentação.
As figuras de ‘O tempora! O mores’ do Mackenzie são obrigados academicamente a serem reducionistas. Deixariam de existir se não fossem.
O artigo (AQUI) em PRATELEIRA me chegou a atenção pelo reducionismo: o pessimismo de Ubaldo vis a vis o realismo de Cristo.
Primeiro, as categorias (pessimismo/realismo) se mostram fora do compasso dado o denominador comum: Ubaldo e Cristo. Seria o mesmo que comparar o pessimismo de Chico Anysio em entrevista a VEJA dessa semana com o pessimismo do Cardeal Wojtyla (Papa João Paulo II). Não dá!
Segundo, pessimismo é diferente de melancolia. Veja, por exemplo, as considerações de Luiz Felipe Pondé sobre melancolia, um termo muito especial (vou escrever um artigo sobre isso), com o pessimismo de João Ubaldo no G1 (o artigo de ULTIMATO pinçou só um pedaço). Melancolia não é a mesma coisa que pessimismo.
Finalmente, pessimismo aparece modernamente (século XIX) e foi popularizada. Virou panaceia em psicologia, alto astral no popular; contrapôs-se a sucesso, politizou-se a ser evitado para conquista de cargos bem remunerados, e no meio evangélico o oba-oba das curas.
Furto de Reinaldo Azevedo as palavras finais desse artigo. “Disse Castro Alves: ‘A praça é do povo como o céu é do condor’. Disse Caetano Veloso: ‘A praça é do povo como o céu é do avião (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão).”
Fico com Ubaldo: antes um pessimismo com os pés no chão do que com os pés firmemente colocados... no ar!
Jesus Cristo não é panegírico ou fio condutor de doutrina (pessimismo) metafísica ou moral típicas de um Arthur Schopenhauer.
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