Palavra do leitor
- 27 de agosto de 2016
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A Serendipidade no Arraial Cristão
“A palavra SERENDIPIDADE surgiu em referência a um antigo conto persa sobre os três príncipes de Serendip. Em suas aventuras eles viviam se deparando com situações inusitadas e fazendo descobertas ao acaso, encontrando respostas para questões que eles sequer haviam feito. Tinha um pouco de sorte envolvida, mas era a sagacidade dos meninos, um toque genial de mentes abertas para a descoberta, o algo que realmente operava a magia.”
<<< As instituições religiosas matam a descoberta. Elas entregam o conhecimento pronto em um currículo definido de acordo com aquilo que é considerado por seus líderes como conhecimento válido. Todo o RESTO deve, e normalmente é excluído. >>>
--- Mas afinal, qual é o conteúdo desse RESTO? Simplesmente toda a experimentação, o conhecimento informal aprendido na vivência e nas comparações diárias, os debates, as discussões, as trocas de informações, o escutar outras pessoas mais experientes, e logicamente a descoberta individual.
Em relação à Bíblia a SERENDIPIDADE acontece quando há a liberdade de escolha dos livros a serem estudados, quando este estudo é feito com a mente aberta para o próprio entendimento, e não de forma rígida, imposta em muitos momentos por certos líderes.
A qualidade da descoberta não é de forma alguma, privilégio de mentes superiores, mas uma habilidade, uma forma de ver o mundo disponível para qualquer pessoa. No caso do estudo da Bíblia, o maior impulso dado à explosão da SERENDIPIDADE é quando a Graça de Deus opera na mente do eleito, mas para isso há uma necessidade de que essa pessoa não esteja escravizada por alguma doutrina humana, algo muito comum na atualidade.
As Bibliotecas são sem dúvidas o melhor lugar para se praticar o exercício da SERENDIPIDADE, mas a quantidade de eventos, assim como a extensa programação das instituições religiosas, se constitui no grande obstáculo à montagem destas Bibliotecas.
Atualmente as igrejas têm oferecido vários tipos de cursos, a história do cristianismo tem sido abordada por mais pessoas, mas sempre o ensino é feito de forma impositiva com livros previamente escolhidos, e o acesso a determinadas obras é vigiado e controlado. Há até casos de punição em caso de desobediência.
O ideal é haver Bibliotecas onde o tipo de acesso seja transversal, não linear, e com base quase que puramente na liberdade da SERENDIPIDADE.
Quando estudamos a Bíblia indo de um livro a outro colecionando textos e trechos diferentes de vários livros sobre determinado assunto, há uma possibilidade bem maior de que o entendimento seja expandido.
Aliás, foi essa prática que desenvolveu a ciência como hoje a conhecemos, e o acesso não linear a uma coleção de livros foi o embrião do hipertexto. Essa forma de utilizar acervos surgiu lá na antiguidade e se tornou evidente na Biblioteca de Alexandria, sendo a responsável direta pelo desenvolvimento da filologia, da matemática, da filosofia, da poesia, da medicina, da astronomia, da história, e de muitas outras ciências e saberes.
Uma Biblioteca nunca é a mesma para duas pessoas praticando a descoberta. As escolhas, mais ou menos aleatórias, de livros formam caminhos, percursos diagonais, transversais, paralelos, pela coleção toda. No estudo bíblico, o prazer de percorrer esses caminhos é como o prazer do desconhecido, é desbravar os universos não domesticados do saber, tornando possível reiniciar muitas vezes o processo, sempre com resultados inusitados, ou seja, temos a condição de entender e usufruir melhor da revelação progressiva de Deus.
A autonomia de percorrer as estantes de uma Biblioteca, pegar livros, artigos, apostilas, ler um trecho de cada um e compará-los, ou pegar uma enciclopédia, e a partir de um verbete buscar outras fontes de explicação, é princípio do amor pela pesquisa e do autodidatismo. São qualidades fundamentais para o pensamento livre e crítico.
Diante de tudo isto, não provoca nenhum espanto a pouca valorização que as instituições religiosas dispensam às Bibliotecas. É um reflexo do fundamentalismo e da rigidez doutrinária que muitos líderes dão à interpretação bíblica. Em tempos em que o alvo é o crescimento numérico, tanto da membresia quanto do patrimônio, é bastante óbvio o desprezo com que são tratadas as capacidades revolucionárias e libertadoras das Bibliotecas. Em tempos onde centenas de Bíblias são editadas com ênfase mais acentuada nas notas adicionais do que no texto escriturístico, onde nos rodapés é oferecido uma dissecação total dos versículos bíblicos de forma cada vez mais individualizada e pragmática, o exercício da SERENDIPIDADE torna-se algo antiquado, sem sentido e sem importância.
Fabio S. de Faria
OBS: O exercício da SERENDIPIDADE para produzir esse texto teve como fonte inspiradora o artigo POR UMA PEDAGOGIA DA DESCOBERTA de autoria de DERBI CASAL.publicado no site BIBLIOTECÁRIOS SEM FRONTEIRAS EM 14/08 2014.
http://bsf.org.br/2014/08/14/por-uma-pedagogia-da-descoberta/
<<< As instituições religiosas matam a descoberta. Elas entregam o conhecimento pronto em um currículo definido de acordo com aquilo que é considerado por seus líderes como conhecimento válido. Todo o RESTO deve, e normalmente é excluído. >>>
--- Mas afinal, qual é o conteúdo desse RESTO? Simplesmente toda a experimentação, o conhecimento informal aprendido na vivência e nas comparações diárias, os debates, as discussões, as trocas de informações, o escutar outras pessoas mais experientes, e logicamente a descoberta individual.
Em relação à Bíblia a SERENDIPIDADE acontece quando há a liberdade de escolha dos livros a serem estudados, quando este estudo é feito com a mente aberta para o próprio entendimento, e não de forma rígida, imposta em muitos momentos por certos líderes.
A qualidade da descoberta não é de forma alguma, privilégio de mentes superiores, mas uma habilidade, uma forma de ver o mundo disponível para qualquer pessoa. No caso do estudo da Bíblia, o maior impulso dado à explosão da SERENDIPIDADE é quando a Graça de Deus opera na mente do eleito, mas para isso há uma necessidade de que essa pessoa não esteja escravizada por alguma doutrina humana, algo muito comum na atualidade.
As Bibliotecas são sem dúvidas o melhor lugar para se praticar o exercício da SERENDIPIDADE, mas a quantidade de eventos, assim como a extensa programação das instituições religiosas, se constitui no grande obstáculo à montagem destas Bibliotecas.
Atualmente as igrejas têm oferecido vários tipos de cursos, a história do cristianismo tem sido abordada por mais pessoas, mas sempre o ensino é feito de forma impositiva com livros previamente escolhidos, e o acesso a determinadas obras é vigiado e controlado. Há até casos de punição em caso de desobediência.
O ideal é haver Bibliotecas onde o tipo de acesso seja transversal, não linear, e com base quase que puramente na liberdade da SERENDIPIDADE.
Quando estudamos a Bíblia indo de um livro a outro colecionando textos e trechos diferentes de vários livros sobre determinado assunto, há uma possibilidade bem maior de que o entendimento seja expandido.
Aliás, foi essa prática que desenvolveu a ciência como hoje a conhecemos, e o acesso não linear a uma coleção de livros foi o embrião do hipertexto. Essa forma de utilizar acervos surgiu lá na antiguidade e se tornou evidente na Biblioteca de Alexandria, sendo a responsável direta pelo desenvolvimento da filologia, da matemática, da filosofia, da poesia, da medicina, da astronomia, da história, e de muitas outras ciências e saberes.
Uma Biblioteca nunca é a mesma para duas pessoas praticando a descoberta. As escolhas, mais ou menos aleatórias, de livros formam caminhos, percursos diagonais, transversais, paralelos, pela coleção toda. No estudo bíblico, o prazer de percorrer esses caminhos é como o prazer do desconhecido, é desbravar os universos não domesticados do saber, tornando possível reiniciar muitas vezes o processo, sempre com resultados inusitados, ou seja, temos a condição de entender e usufruir melhor da revelação progressiva de Deus.
A autonomia de percorrer as estantes de uma Biblioteca, pegar livros, artigos, apostilas, ler um trecho de cada um e compará-los, ou pegar uma enciclopédia, e a partir de um verbete buscar outras fontes de explicação, é princípio do amor pela pesquisa e do autodidatismo. São qualidades fundamentais para o pensamento livre e crítico.
Diante de tudo isto, não provoca nenhum espanto a pouca valorização que as instituições religiosas dispensam às Bibliotecas. É um reflexo do fundamentalismo e da rigidez doutrinária que muitos líderes dão à interpretação bíblica. Em tempos em que o alvo é o crescimento numérico, tanto da membresia quanto do patrimônio, é bastante óbvio o desprezo com que são tratadas as capacidades revolucionárias e libertadoras das Bibliotecas. Em tempos onde centenas de Bíblias são editadas com ênfase mais acentuada nas notas adicionais do que no texto escriturístico, onde nos rodapés é oferecido uma dissecação total dos versículos bíblicos de forma cada vez mais individualizada e pragmática, o exercício da SERENDIPIDADE torna-se algo antiquado, sem sentido e sem importância.
Fabio S. de Faria
OBS: O exercício da SERENDIPIDADE para produzir esse texto teve como fonte inspiradora o artigo POR UMA PEDAGOGIA DA DESCOBERTA de autoria de DERBI CASAL.publicado no site BIBLIOTECÁRIOS SEM FRONTEIRAS EM 14/08 2014.
http://bsf.org.br/2014/08/14/por-uma-pedagogia-da-descoberta/
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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