Palavra do leitor
- 16 de maio de 2008
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A salvação da Igreja
O legado da Igreja Cristã Constantinizada tem sido de obstrução total ao Reino de Deus. Um legado de legitimação equivocada em relação ao que foi proposto pelo Deus deste Reino. A Igreja acostumou-se em ver a vida a partir dos seus próprios interesses, em ler o evangelho de forma desconfigurada, conduzindo homens e mulheres a uma sentença moralista e destituída de princípios éticos. A Igreja afirma ser portadora da Salvação, mas o que se vê são fiéis em cárceres privados, pessoas que têm a sua liberdade roubada mediante ameaças espirituais.
Essa ação equivocada da Igreja pode ser percebida em dois aspectos. Do ponto de vista soteriológico, a eclésia cristã sempre se achou apta para determinar a salvação do ser humano. Oficializou o seu espaço religioso como a única alternativa de vida social saudável e em conseqüência definiu este espaço como prerrogativa para a entrada no céu. Com o espaço religioso sacralizado, pode-se então salvar ou julgar quem quer que seja. No espaço religioso, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Do ponto de vista antropológico, a eclésia cristã percebe o ser humano numa perspectiva de negação platônica da matéria, anulando qualquer possibilidade de prazer existente no corpo. Falta à Igreja um olhar holístico para a realidade humana, um olhar que não dicotomiza ou tricotomiza, mas que integra todas as possibilidades existenciais do ser humano, tornando equivalente corpo, alma e espírito.
A salvação que a Igreja oferece e defende é efêmera e alienante. De fato não salva, julga; não liberta, aprisiona; não perdoa, oprime. A salvação não é a igreja e nem está na igreja! A nossa salvação é Cristo, o Cristo da Cruz, que compreende as nossas fragilidades e nos ama. Um Cristo diferente do cristo da Igreja Cristã. Ou, "como é possível ler-se os evangelhos, ver Jesus em ação e em vida – revelando Graça, amor, verdade e sentido de propriedade em tudo o que fazia; perceber Seu carinho e paciência com a necessidade e miséria humanos; Seu humor fortemente alterado frente aos Habitantes do Condomínio do Pináculo de Jerusalém, os fariseus e autoridades do Templo – e ainda pensarmos que o Cristianismo se parece com Ele, Jesus?" (Caio Fábio, p. 145, 2005)
A Igreja precisa ser salva dos seus equívocos, e como ainda afirma Caio Fábio (p.146, 2005): "a salvação da Igreja está em não se impressionar com a citação das Escrituras, mas, antes disso, buscar obediência a Deus e à Sua Palavra, apenas e tão somente porque é a Palavra de Deus. A ‘Escritura’, sem Deus, é apenas um texto religioso aberto a toda sorte de manipulações!"
É necessário uma releitura do evangelho por parte da Igreja, uma releitura que re-examina, re-avalia e re-direciona a ação da Igreja no mundo. Quem sabe salva, a Igreja possa ser útil para testemunhar o Deus que salva.
Bibliografia
FÁBIO, Caio. Sem Barganhas com Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.
www.bomlider.com.br
Essa ação equivocada da Igreja pode ser percebida em dois aspectos. Do ponto de vista soteriológico, a eclésia cristã sempre se achou apta para determinar a salvação do ser humano. Oficializou o seu espaço religioso como a única alternativa de vida social saudável e em conseqüência definiu este espaço como prerrogativa para a entrada no céu. Com o espaço religioso sacralizado, pode-se então salvar ou julgar quem quer que seja. No espaço religioso, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Do ponto de vista antropológico, a eclésia cristã percebe o ser humano numa perspectiva de negação platônica da matéria, anulando qualquer possibilidade de prazer existente no corpo. Falta à Igreja um olhar holístico para a realidade humana, um olhar que não dicotomiza ou tricotomiza, mas que integra todas as possibilidades existenciais do ser humano, tornando equivalente corpo, alma e espírito.
A salvação que a Igreja oferece e defende é efêmera e alienante. De fato não salva, julga; não liberta, aprisiona; não perdoa, oprime. A salvação não é a igreja e nem está na igreja! A nossa salvação é Cristo, o Cristo da Cruz, que compreende as nossas fragilidades e nos ama. Um Cristo diferente do cristo da Igreja Cristã. Ou, "como é possível ler-se os evangelhos, ver Jesus em ação e em vida – revelando Graça, amor, verdade e sentido de propriedade em tudo o que fazia; perceber Seu carinho e paciência com a necessidade e miséria humanos; Seu humor fortemente alterado frente aos Habitantes do Condomínio do Pináculo de Jerusalém, os fariseus e autoridades do Templo – e ainda pensarmos que o Cristianismo se parece com Ele, Jesus?" (Caio Fábio, p. 145, 2005)
A Igreja precisa ser salva dos seus equívocos, e como ainda afirma Caio Fábio (p.146, 2005): "a salvação da Igreja está em não se impressionar com a citação das Escrituras, mas, antes disso, buscar obediência a Deus e à Sua Palavra, apenas e tão somente porque é a Palavra de Deus. A ‘Escritura’, sem Deus, é apenas um texto religioso aberto a toda sorte de manipulações!"
É necessário uma releitura do evangelho por parte da Igreja, uma releitura que re-examina, re-avalia e re-direciona a ação da Igreja no mundo. Quem sabe salva, a Igreja possa ser útil para testemunhar o Deus que salva.
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FÁBIO, Caio. Sem Barganhas com Deus. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.
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