Palavra do leitor
- 15 de abril de 2009
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A prosperidade da teologia
Aprendi nos tempos de faculdade que a Reforma Protestante não foi um movimento definitivo. O lema dos reformadores na época, era: "Igreja Reformada, sempre reformando". Lindo! No entanto, a teologia da Reforma sofreu pouquíssimas modificações ou acréscimos ao longo de mais de quinhentos anos de história. Por quê? Imagino alguns motivos.
Primeiramente diante das pressões iniciais do papado, os teólogos se fixaram na apologética, ou seja, "jogaram na defesa", a fim de impor a magna doutrina da justificação pela fé. Nada mais correto. No afã de se colocar no setor de proteção da soteriologia reformada, muitos teólogos protestantes chegaram ao cúmulo de execrar a Epístola Geral de Tiago, devido ao seu conteúdo, aparentemente, antagônico a bandeira reformista:" a fé sem obras é morta” (Tg 2:26b.) Esta postura, na época, foi justificável, mas parece ter se calcificado tornando-se a marca mais evidente dos protestantes até os dias atuais.
Em segundo lugar, os avivamentos espirituais, apesar de desenvolverem forte ardor pela adoração, santificação e obra missionária, pouco desenvolveram a teologia concentrando-se principalmente nas doutrinas da regeneração e santificação. Alguns teólogos como John Wesley, George Whitefield, Jonathan Edwards, e Charles G. Finney deram certa contribuição ao desenvolvimento da teologia, mas seus ensinos e pregações concentraram-se, em sua grande maioria nas necessidades emergentes da época: decadência moral e frieza espiritual.
A Teologia da Libertação desenvolvida no Terceiro Mundo a partir dos anos 70, baseadas na opção pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação, surgiu fazendo uma revisão revolucionária, trazendo grande contribuição ao desenvolvimento da teologia, pois provocou no meio protestante muita reflexão séria, e o surgimento de uma práxis cristã que promoveu um retorno ao engajamento nos diversos segmentos da sociedade onde o termo “holístico” ou “missão integral” passou a ser (e continua sendo até hoje), ponto alto do ensino teológico nas instituições sérias.
Na contramão da Teologia da Libertação, surge nos EUA, à famigerada Teologia da Prosperidade tendo como seus expoentes Kenyon, Kenneth Copeland, Kenneth Hagin, Benny Hinn, entre outros, promovendo no meio evangélico uma polarização: uns defendendo a com ardor, como se fosse a voz profética de Deus para nossa geração e outros atacando veementemente como sendo a própria voz do diabo. Hoje na mídia evangélica podemos perceber claramente essa arena de combate.
Mesmo considerando esta guerra teológica produtiva, no sentido de gerar reflexão, acredito que, mais importante que combater a Teologia da Prosperidade, é trabalhar pela Prosperidade da Teologia. Fico a pensar se parte deste esforço em combater os pregadores da prosperidade fosse dedicado a desenvolver uma teologia bíblica para o meio ambiente, para missões urbanas, para a questão da AIDS, do aborto, do racismo no Brasil, formação e desenvolvimento de líderes, para a busca de uma liturgia mais contemplativa e menos exibicionista e uma visão holística da fé, onde o evangelho inteiro seja pregado ao homem inteiro no mundo inteiro.
Mais importante que acabar com a Teologia da Prosperidade é trabalhar pela prosperidade da Teologia.
OBS:Talvez um dos teólogos mais influentes nos dias de hoje seja Jurgen Moltmann nascido em 1926 - Hamburgo – Alemanha. Moltmann é o criador da 'Teologia da Esperança', em que desenvolve as idéias da realização do Reino, como promessa fundamental de Deus. Ele também destaca a importância do mistério da cruz. Suas obras são de grande valia a reflexão séria e nelas podemos ter vislumbres de uma real prosperidade da teologia. Entre elas: Teologia da Esperança; O Deus Crucificado; A Igreja na Força do Espírito; Conversão ao Futuro.
Primeiramente diante das pressões iniciais do papado, os teólogos se fixaram na apologética, ou seja, "jogaram na defesa", a fim de impor a magna doutrina da justificação pela fé. Nada mais correto. No afã de se colocar no setor de proteção da soteriologia reformada, muitos teólogos protestantes chegaram ao cúmulo de execrar a Epístola Geral de Tiago, devido ao seu conteúdo, aparentemente, antagônico a bandeira reformista:" a fé sem obras é morta” (Tg 2:26b.) Esta postura, na época, foi justificável, mas parece ter se calcificado tornando-se a marca mais evidente dos protestantes até os dias atuais.
Em segundo lugar, os avivamentos espirituais, apesar de desenvolverem forte ardor pela adoração, santificação e obra missionária, pouco desenvolveram a teologia concentrando-se principalmente nas doutrinas da regeneração e santificação. Alguns teólogos como John Wesley, George Whitefield, Jonathan Edwards, e Charles G. Finney deram certa contribuição ao desenvolvimento da teologia, mas seus ensinos e pregações concentraram-se, em sua grande maioria nas necessidades emergentes da época: decadência moral e frieza espiritual.
A Teologia da Libertação desenvolvida no Terceiro Mundo a partir dos anos 70, baseadas na opção pelos pobres contra a pobreza e pela sua libertação, surgiu fazendo uma revisão revolucionária, trazendo grande contribuição ao desenvolvimento da teologia, pois provocou no meio protestante muita reflexão séria, e o surgimento de uma práxis cristã que promoveu um retorno ao engajamento nos diversos segmentos da sociedade onde o termo “holístico” ou “missão integral” passou a ser (e continua sendo até hoje), ponto alto do ensino teológico nas instituições sérias.
Na contramão da Teologia da Libertação, surge nos EUA, à famigerada Teologia da Prosperidade tendo como seus expoentes Kenyon, Kenneth Copeland, Kenneth Hagin, Benny Hinn, entre outros, promovendo no meio evangélico uma polarização: uns defendendo a com ardor, como se fosse a voz profética de Deus para nossa geração e outros atacando veementemente como sendo a própria voz do diabo. Hoje na mídia evangélica podemos perceber claramente essa arena de combate.
Mesmo considerando esta guerra teológica produtiva, no sentido de gerar reflexão, acredito que, mais importante que combater a Teologia da Prosperidade, é trabalhar pela Prosperidade da Teologia. Fico a pensar se parte deste esforço em combater os pregadores da prosperidade fosse dedicado a desenvolver uma teologia bíblica para o meio ambiente, para missões urbanas, para a questão da AIDS, do aborto, do racismo no Brasil, formação e desenvolvimento de líderes, para a busca de uma liturgia mais contemplativa e menos exibicionista e uma visão holística da fé, onde o evangelho inteiro seja pregado ao homem inteiro no mundo inteiro.
Mais importante que acabar com a Teologia da Prosperidade é trabalhar pela prosperidade da Teologia.
OBS:Talvez um dos teólogos mais influentes nos dias de hoje seja Jurgen Moltmann nascido em 1926 - Hamburgo – Alemanha. Moltmann é o criador da 'Teologia da Esperança', em que desenvolve as idéias da realização do Reino, como promessa fundamental de Deus. Ele também destaca a importância do mistério da cruz. Suas obras são de grande valia a reflexão séria e nelas podemos ter vislumbres de uma real prosperidade da teologia. Entre elas: Teologia da Esperança; O Deus Crucificado; A Igreja na Força do Espírito; Conversão ao Futuro.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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