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Palavra do leitor

A ordem de Abraão e a ordem de Melquisedeque

Durante muito tempo, vimos Deus agir de diversas maneiras, e de formas extraordinárias, como através de mula falante, de mato queimando, voz do além, anjos, sonhos visões, pelos cantos dos pássaros, pela força da natureza, com possibilidade de falar até por meio de pedras, etc...ah! e também fala através de homens. E como isso é possível? ele não se revelou aos homens? como ele pode agir e se manifestar muitas vezes de forma incompreensível para nós?

Pois é, para responder quanto a parte revelada de Deus, ou seja, para os seres humanos que possuem uma fé " firmada no fundamento das coisas que se esperam [...]" Hb 11:1a, onde já existe a certeza de que algo vai acontecer pelo o histórico das ações de Deus através do tempo e do espaço em nosso ambiente terreno, existe a ordem religiosa da fé de Abraão, que nada mais é do que a ordem histórica registrada na bíblia para guiar o homem carnal através dos tempos, Hb 11:2-31, e a bíblia, passa a ser para este homem não um manual de tudo, mas uma cartilha para quem deseja aprender a ler e a escrever no mundo espiritual de Deus.

A religião na ordem de Abraão, conforme Hb 7:5 e Hb 11:8-31, é a fé comprovável, com introdução, princípio, meio e fim, onde tudo é verificável por meio da sequência histórica no tempo e no espaço. Abraão é um homem que tem pai, mãe, esposa, filhos, sobrinhos, netos, raça, cultura, tem uma genealogia. Isso tudo, cria uma uma linearidade, e é o que dá base para todos os estudos bíblicos que se ensina e que se aprende nas congregações. Em Abraão a revelação ganha nomes de pessoas, é a fé que se vê, tem história, sequência, bíblia, Israel, tudo que se conhece de religião hoje, foi a fé que a descendência de Abraão produziu.

Uma fé que se discerniu, que se transformou em história, que se transformou em cultura. Por isso, todas as vezes que se tem uma fé que se vê, se transformará em religião, porque o caminho de Abraão é o caminho de religião, foi a partir dele que surgiu a religião monoteísta, depois se transformou na fé de Israel, depois em judaísmo, e depois em Cristianismo, até a religião do Islamismo descende de Abraão. Este caminho dá segurança, tem fronteira, tem chão, tem teologia, tem doutrina, tem certezas, conseguimos visitar um povo, uma igreja, uma comunidade, essa fé sempre tem contornos comunitários como todos conhecemos e que chamamos de templos, "igrejas", congregações.

Mas existe outra fé, Hb 11:1 b, a fé "[...] na prova das coisas que não se vêem". Esta fé não descende da ordem de Abraão, mas da ordem de Melquisedeque. Sem princípio de dias, não tinha pai, mãe, não se fala de seu avô e nem se faz referência a sua esposa e filhos, sem genealogia, sem introdução, a quem Abraão somente reconheceu como da parte de Deus. Em Abraão a fé é narrável, em Melquisedeque a fé é inenarrável. É o que sustenta o agir extraordinário de Deus, é a fé do absurdo, do inexplicável, do incrível, do inacreditável, é a fé que não permite que o agir de Deus fique confinado aos dogmas da religião, por isso, ele pode falar e agir no meio de nós por meio de quem ele quer, quando, como e onde ele quiser, porque os caminhos de Deus não são os de Abraão e nem os nossos.

Por isso Jesus não faz parte da descendência de Levi, da ordem de Abraão, mas da ordem de Melquisedeque. Porque em Abraão, a ordem de Levi eram feitos por seres mortais que eram indicados de tempo em tempo e que prestavam sacrifícios. Na ordem de Melquisedeque se vive para sempre, não há registro de seu nascimento, nem registro de sua morte. É alguém que aparece desconectado de relações históricas, mas é exatamente por isso que poder vencer o tempo e ser estabelecido como semelhante ao filho de Deus que dura para sempre. São nessas duas figuras que se encontraram e que foi citado poucas vezes na bíblia, que podemos ver os dois caminhos de Deus para toda a história da humanidade.

No entanto, assim como Abraão carrega uma revelação verificável, o livro, a bíblia, a historicidade da revelação de Deus, Melquisedeque é o caminho da revelação eterna de Deus, por isso não tem começo e nem fim, não tem nome de ninguém, está sujeito apenas o desígnio e soberania de Deus. É o susto de Deus para a história, é a sua face surpreendente, é a chegada sem pedir licença, é a manifestação do imprevisível, uma manifestação superior, é definitivamente a liberdade que Deus tem na terra de ser Deus. Porque se não fosse assim, e se Deus tivesse preso a necessidade de se relevar somente pela descendência de Abraão, ele estaria confinado na história.

Ele estaria completamente limitado aos instrumentos de natureza cultural, histórica, social, religiosa, que a descendência de Abraão pode oferecer a ele. E este era o grande conflito dos sacerdotes descendentes da tribo de Levi, que não entendiam essa supremacia de Deus vinda pela ordem de Melquisedeque e queriam ser os domesticadores da revelação de Deus. Continuar leitura.
Manaus - AM
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