Palavra do leitor
- 30 de novembro de 2012
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A onipresente "ameaça" humana
Outro dia ao tomar um ônibus entre Soledade e Fontoura Xavier, que distam uns 30 Kms, eu corri o olhar em busca de um par de bancos vazio, mesmo precisando de um assento só; havia umas 25 pessoas, onde cabem 45 sentadas, e a grande maioria estava sozinha, com um banco vazio ao lado, tanto que, não encontrei “meu par”, e “tive” que assentar-me ao lado de alguém.
Embora soando normal num primeiro momento, depois, me inquietou; por que a maioria prefere estar sozinho, a estar com outro ser humano por perto?
Lembrei dois amigos que não vejo há muito tempo; um deles me convidava seguidamente para jogar sinuca em Porto Alegre, e um dia eu disse: rapaz, você é chegado nisso! Ele disse o seguinte: “Não é da sinuca que eu gosto, mas, da companhia”. Falou que era mero pretexto, para estarmos juntos, conversarmos.
Outro, que convivi em Torres, no litoral, que repetia: “Não gosto de coisas, gosto de gente”; não raro, aparecia em minha maloca na hora do almoço e explicava: “Estava só, aí resolvi me convidar para almoçar contigo, e aceitei o convite, cá estou.” O fato, é que ele também, gostava da companhia e o almoço era pretexto.
Todavia, em linhas gerais, as coisas já não são assim. Como fica breve uma viagem, inda que longa, quando, ao lado de alguém simpático, atencioso, versátil! Claro que nem todos são assim; tem muitas pessoas toscas, de horizontes muito rasos, cujos assuntos não empolgam; pior, tem os sem noção, cuja conversa se resume a um interrogatório sobre nossas vidas, casos em que, é melhor mesmo, estar sozinho.
O fato é que, as parafernálias eletrônicas estão nos dessocializando, fechando cada um em sua própria carapaça, como tartaruga ante o predador.
O cidadão do qual me assentei ao lado, trazia estampado no rosto em letras garrafais: Não mexe comigo! Digo um semblante taciturno, quase ameaçador, tal, que não ousei falar em nosso breve trajeto.
Isso tem sido levado a extremos por alguns, que preferem, “ficar” e se divertir, aos contratempos de constituir uma família. Nossa sociedade é um aglomerado de indivíduos que interage quando convergem ou conflitam interesses, que não raro, giram em torno de coisas, não pessoas.
Faltam laços afetivos que, nos poderiam humanizar; em nossa calmaria, preferimos o isolamento; quando ocorrem catástrofes naturais, às vezes lembramos as agruras do próximo, e nem nos importamos de prescindir de alguns bens, desde que ele se arranje por lá, longe de nós.
Outro dia, em virtude de uma tempestade ficamos mais de dois dias sem luz, e, enfim, no segundo dia sem TV e sem Net, as pessoas se reuniam nas áreas das casas e conversavam; abstraídos os robôs, a vida social, talvez pudesse ressurgir.
A interatividade eletrônica tem inegável valor, mas, se levada a extremos pode ser mera fuga dos clamores circunstantes, cuja demanda encobrimos, no orgasmo dessa psico-masturbação, onde a máquina encena oferecer calor humano.
Enquanto os japoneses capricham para criarem um robô muito parecido com o ser humano, o modus vivendi da sociedade moderna contribui para nos deixar mais “imitáveis” aos robôs, afinal repetir comandos mecanicamente, tem sido o “pensar” de muitos, e quem disse que a máquina não pode pensar assim?
Mas, se eu também queria estar só, uma vez que busquei um lugar assim no ônibus, isso significa que também estou robotizado? Provavelmente sim. Se num lapso estou fazendo um gol contra, dando um tiro no pé, como queiram definir essa denúncia contra a espécie, deve ser efeito de algum vírus humanizante que devo ter apanhado por descuido do sistema...
Embora soando normal num primeiro momento, depois, me inquietou; por que a maioria prefere estar sozinho, a estar com outro ser humano por perto?
Lembrei dois amigos que não vejo há muito tempo; um deles me convidava seguidamente para jogar sinuca em Porto Alegre, e um dia eu disse: rapaz, você é chegado nisso! Ele disse o seguinte: “Não é da sinuca que eu gosto, mas, da companhia”. Falou que era mero pretexto, para estarmos juntos, conversarmos.
Outro, que convivi em Torres, no litoral, que repetia: “Não gosto de coisas, gosto de gente”; não raro, aparecia em minha maloca na hora do almoço e explicava: “Estava só, aí resolvi me convidar para almoçar contigo, e aceitei o convite, cá estou.” O fato, é que ele também, gostava da companhia e o almoço era pretexto.
Todavia, em linhas gerais, as coisas já não são assim. Como fica breve uma viagem, inda que longa, quando, ao lado de alguém simpático, atencioso, versátil! Claro que nem todos são assim; tem muitas pessoas toscas, de horizontes muito rasos, cujos assuntos não empolgam; pior, tem os sem noção, cuja conversa se resume a um interrogatório sobre nossas vidas, casos em que, é melhor mesmo, estar sozinho.
O fato é que, as parafernálias eletrônicas estão nos dessocializando, fechando cada um em sua própria carapaça, como tartaruga ante o predador.
O cidadão do qual me assentei ao lado, trazia estampado no rosto em letras garrafais: Não mexe comigo! Digo um semblante taciturno, quase ameaçador, tal, que não ousei falar em nosso breve trajeto.
Isso tem sido levado a extremos por alguns, que preferem, “ficar” e se divertir, aos contratempos de constituir uma família. Nossa sociedade é um aglomerado de indivíduos que interage quando convergem ou conflitam interesses, que não raro, giram em torno de coisas, não pessoas.
Faltam laços afetivos que, nos poderiam humanizar; em nossa calmaria, preferimos o isolamento; quando ocorrem catástrofes naturais, às vezes lembramos as agruras do próximo, e nem nos importamos de prescindir de alguns bens, desde que ele se arranje por lá, longe de nós.
Outro dia, em virtude de uma tempestade ficamos mais de dois dias sem luz, e, enfim, no segundo dia sem TV e sem Net, as pessoas se reuniam nas áreas das casas e conversavam; abstraídos os robôs, a vida social, talvez pudesse ressurgir.
A interatividade eletrônica tem inegável valor, mas, se levada a extremos pode ser mera fuga dos clamores circunstantes, cuja demanda encobrimos, no orgasmo dessa psico-masturbação, onde a máquina encena oferecer calor humano.
Enquanto os japoneses capricham para criarem um robô muito parecido com o ser humano, o modus vivendi da sociedade moderna contribui para nos deixar mais “imitáveis” aos robôs, afinal repetir comandos mecanicamente, tem sido o “pensar” de muitos, e quem disse que a máquina não pode pensar assim?
Mas, se eu também queria estar só, uma vez que busquei um lugar assim no ônibus, isso significa que também estou robotizado? Provavelmente sim. Se num lapso estou fazendo um gol contra, dando um tiro no pé, como queiram definir essa denúncia contra a espécie, deve ser efeito de algum vírus humanizante que devo ter apanhado por descuido do sistema...
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