A nova vida sobreviveu à violência

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Samantha de Oliveira, de 21 anos, que estava grávida de sete meses, morava numa casa em São Gonçalo. Na quinta-feira à noite do dia 28 de Agosto deste ano, ela foi a uma Lan House em Niterói, no bairro do Fonseca. Houve uma tentativa de assalto. O proprietário e um PM reagiram e trocaram tiros com os bandidos. Os assaltantes conseguiram fugir. Samantha foi atingida na cabeça. Chegou a ser levada com vida para o hospital Antônio Pedro, em Niterói, mas morreu na sexta-feira à noite. Os médicos ainda conseguiram fazer o parto. Nícolas nasceu prematuro, mas está vivo e passa bem.

Veja o depoimento de uma amiga de Samantha dado em uma entrevista ao RJTV 1ª edição: “Ela estava muito feliz com a gravidez e planejando comprar tudo. Faltava comprar a cômoda, mas já tinha comprado bastante coisa, ela tava vendo roupinha. Eu não consigo acreditar que isso aconteceu. Para mim ainda não caiu a ficha”.

Essa é mais uma das histórias de violência nesse país; um fato que nos choca, nos emociona, nos irrita. Mas como um feixe de luz no fim do túnel sombrio, a vida sobreviveu à violência. O menino trouxe uma gota de esperança aos corações secos pela dor da tragédia. Nícolas é uma nova vida tirada da morte, morte de quem sonhou com o seu nascimento. Quantos preparativos para a chegada do bebê, quantas coisinhas compradas para decorar o seu quartinho, quantos sonhos com o seu rostinho e seu jeitinho! Uma bala de uma maldita arma qualquer separou mãe e filho, roubando o direito dela de sentir a mais terna alegria de segurar seu bebê nos braços.

Mas acredito que ela partiu como uma guerreira vencedora, sabendo que cumpriu a mais nobre vocação de uma mulher: gerar uma nova vida, consciente de que lutou com todas as forças contra a própria morte para que Nícolas pudesse nascer lindo como um anjo. Foi assim que aconteceu: o pequenino passava para os braços do médico enquanto sua mamãe passava para os braços de Deus. Mais uma criança que não poderá conhecer sua mãe por causa da violência.

Que a vida do pequeno NÍcolas, maior herança que Samantha deixou para a família, seja um testemunho contra a violência e a favor da paz. Que essa história desperte milhares de reflexões, de críticas, de debates, de protestos, de orações. Quantas mães, crianças, jovens, idosos terão que morrer vítimas de balas perdidas? Quantos sonhos terão que ser destruídos, quantos corações terão que ser despedaçados? Quantos filhos terão que ficar órfãos e quantos pais deverão sepultar seus filhos por causa da violência?

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Opinião do leitor