A nobreza cristã

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É absolutamente verdadeiro e plenamente sabido por todos nós que Deus não faz acepção de pessoas. Tanto a justiça, quanto a graça e a misericórdia divina estão ao alcance de todos os homens, sem exceção (Rm 2.11; Ef 6.9; 1 Pe 1.17, por exemplo).

Mas, por outro lado, a Bíblia estabelece distinções de relacionamentos entre algumas pessoas e Deus. E o instrumento para se aferir essas diferenças é a própria Bíblia, ou seja, a importância que o homem dá à Palavra de Deus na sua vida, a dedicação com que examina as Escrituras Sagradas e o empenho com que procura fazer tudo quanto nelas está escrito são fatores determinantes do grau de espiritualidade do homem e, conseqüentemente, de intimidade dele com Deus.

Vários exemplos comprovam esse princípio. Em Gn 6, a Bíblia relata a destruição da terra por meio de um dilúvio. Deus irou-se com o homem por causa da sua maldade. “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.” (v. 8). O verso 9 diz que ele “Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus.” O Antigo Testamento ainda dá testemunho de Jó, “...homem íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal.” (v. 1). Salmo 1. 1-2 diz: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite.”

Analisando Atos 17 10-11, também podemos comprovar a diferença que a Bíblia estabelece entre os crentes de Beréia e os de Tessalônica. Em primeiro lugar, percebam que aqueles “foram mais nobres” (v. 11) do que estes. O adjetivo “nobres” aqui não é empregado para distinguir uma classe socioeconômica da época; mas sim para enaltecer o procedimento distinto, prudente e comprometido dos crentes de Beréia. Em segundo lugar, devemos refletir sobre a seguinte questão: “O que de fato fazia dos irmãos de Beréia ‘mais nobres’ do que os de Tessalônica?” A resposta também está no verso 11: “... porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.” Eles valorizavam a Palavra; recebiam-na de bom grado, com entusiasmo, havia felicidade em cada coração por isso; gastavam tempo estudando as Escrituras e confrontando todas coisas a elas, nem mesmo os ensinamentos do apóstolo Paulo ficavam isentos de uma análise criteriosa.

Atualmente, o número de pessoas e igrejas que abdicam do estudo da Bíblia é cada vez maior. O resultado disso é um sem-número de pessoas e muitas delas sem nenhum preparo espiritual dirigindo “igrejas”, inaugurando programas e cantando músicas “gospel” sob a alegação de terem recebido de Deus um certo “ministério”. Ministério este que contém pouco ou quase nada dos princípios bíblicos, e cujos alicerces não estão estabelecidos sobre a rocha, mas sobre a areia (Mt 7. 24-27). Não é raro em nosso meio haver irmãos desviados, inconstantes, desanimados e sem expectativas. Tudo isso porque lhes falta o conhecimento mínimo e adequado acerca da Palavra de Deus (Os 4. 6).

Por isso insisto em que devemos valorizar cada minuto da EBD. Menosprezar um estudo bíblico sério é o mesmo que rejeitar uma poderosa arma de guerra contra um inimigo cruel e incansável, que só quer “matar, roubar e destruir” (Jo 10.10). Eu estou convicto de que somente analisando a Palavra de Deus é que poderemos compreendê-lo. Cada vez que isso acontece, aumentamos nossa intimidade com ele e nos tornamos crentes mais maduros, felizes e esperançosos.
Que sejamos todos nobres, de espírito principalmente!

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Opinião do leitor