Palavra do leitor
- 01 de junho de 2009
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A mulher sem modos
No meu tempo de criança uma mulher que não se comportava bem, conforme as normas da época, era considerada uma mulher sem modos, ou como se dizia comumente: "sem modeza". Esta era uma forma de se referir às pessoas que não seguiam os costumes rigorosos daqueles tempos nos idos da década de 60 (Século XX) no interior de Minas. Para os pais de familia daquele tempo, uma pessoa que agia assim era perigosa e devia ser evitada, pois era mal vista na sociedade de então. A aparência, os gestos e principalmente as atitudes consideradas estranhas eram muito importantes na avaliação de qualquer pessoa. A severidade às vezes alcançava níveis absurdos e normalmente marcava a pessoa para toda a sua vida.
Nós, crianças, pouco ou nada entendíamos daquelas conversas e comentários, mas, ao mesmo tempo ficávamos curiosos para saber a razão de tudo aquilo. Ficávamos ouvindo atrás da porta quando alguém dizia que "fulana" era debochada, não prestava, era sem modos e perigosa. Queríamos perguntar, mas o medo não deixava, então tentávamos descobrir e isto aguçava ainda mais a nossa curiosidade em relação àquelas mulheres, para nós, tão especiais. Elas acabavam fazendo parte de nossos sonhos e de nossas fantasias de adolescentes. Afinal, o que elas tinham de tão importante? Discretamente ficávamos observando o jeito delas, mas não víamos quase nada diferente. Elas eram mais falantes, se vestiam um pouco mais a vontade, faziam gestos largos como se quisessem abraçar o mundo, mas isto para nós não era defeito. Essas mulheres faziam parte de nosso imaginário, mas para muitos elas eram a própria figura do demônio em pessoa. Elas eram evitadas e até odiadas por muitas pessoas. Eu não conseguia entender o motivo de tanta preocupação, afinal elas eram tão divertidas!
Cresci ouvindo essa desinformação e assistindo essa aversão às mulheres denominadas "sem modos" que para mim eram apenas pessoas alegres, engraçadas e um pouco diferentes. Elas, por serem assim, eram mais alegres, e por que não dizer, mais felizes. E agindo assim, elas, sem querer, enchiam a minha adolescência de sonhos e fantasias num tempo que era proibido sorrir, sonhar e ser feliz. Eu as admirava e em troca recebia delas os seus carinhos acompanhados de inesquecíveis beijinhos... Era um tempo dificil, mas esta relação de amizade, carinho e cumplicidade me ensinou que nunca devemos julgar as pessoas baseados na aparência ou em algumas atitudes que não entendemos ou não concordamos. As mulheres ou as moças sem modos, como se dizia na época, foram as minhas musas inspiradoras sempre presentes nos meus sonhos adolescentes que tanto me inspiraram e foram a razão de muitos poemas que produzi ao longo do tempo. A alegria dessa gente tão discriminada me contagiou e me mostrou um lado da vida que muitos tentaram em vão esconder de mim. Hoje os tempos são outros e muita coisa mudou e até se banalizou. A alegria, a beleza, o romantismo daqueles tempos tomaram outra forma e hoje tem outra conotação, mas a "mulher sem modos" não morreu e nunca vai desaparecer, pelo menos do meu imaginário, do meu coração. Ela continua sendo a fonte e a razão da minha poesia. Não consigo viver sem a sua presença que ainda hoje me inspira e me faz feliz.
Nós, crianças, pouco ou nada entendíamos daquelas conversas e comentários, mas, ao mesmo tempo ficávamos curiosos para saber a razão de tudo aquilo. Ficávamos ouvindo atrás da porta quando alguém dizia que "fulana" era debochada, não prestava, era sem modos e perigosa. Queríamos perguntar, mas o medo não deixava, então tentávamos descobrir e isto aguçava ainda mais a nossa curiosidade em relação àquelas mulheres, para nós, tão especiais. Elas acabavam fazendo parte de nossos sonhos e de nossas fantasias de adolescentes. Afinal, o que elas tinham de tão importante? Discretamente ficávamos observando o jeito delas, mas não víamos quase nada diferente. Elas eram mais falantes, se vestiam um pouco mais a vontade, faziam gestos largos como se quisessem abraçar o mundo, mas isto para nós não era defeito. Essas mulheres faziam parte de nosso imaginário, mas para muitos elas eram a própria figura do demônio em pessoa. Elas eram evitadas e até odiadas por muitas pessoas. Eu não conseguia entender o motivo de tanta preocupação, afinal elas eram tão divertidas!
Cresci ouvindo essa desinformação e assistindo essa aversão às mulheres denominadas "sem modos" que para mim eram apenas pessoas alegres, engraçadas e um pouco diferentes. Elas, por serem assim, eram mais alegres, e por que não dizer, mais felizes. E agindo assim, elas, sem querer, enchiam a minha adolescência de sonhos e fantasias num tempo que era proibido sorrir, sonhar e ser feliz. Eu as admirava e em troca recebia delas os seus carinhos acompanhados de inesquecíveis beijinhos... Era um tempo dificil, mas esta relação de amizade, carinho e cumplicidade me ensinou que nunca devemos julgar as pessoas baseados na aparência ou em algumas atitudes que não entendemos ou não concordamos. As mulheres ou as moças sem modos, como se dizia na época, foram as minhas musas inspiradoras sempre presentes nos meus sonhos adolescentes que tanto me inspiraram e foram a razão de muitos poemas que produzi ao longo do tempo. A alegria dessa gente tão discriminada me contagiou e me mostrou um lado da vida que muitos tentaram em vão esconder de mim. Hoje os tempos são outros e muita coisa mudou e até se banalizou. A alegria, a beleza, o romantismo daqueles tempos tomaram outra forma e hoje tem outra conotação, mas a "mulher sem modos" não morreu e nunca vai desaparecer, pelo menos do meu imaginário, do meu coração. Ela continua sendo a fonte e a razão da minha poesia. Não consigo viver sem a sua presença que ainda hoje me inspira e me faz feliz.
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