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Palavra do leitor

A lei sem fardos

A lei sem fardos


‘’O sacrifício de Cristo se dirigiu a pessoas e não a pessoas ideais’’!

O tema da lei retrata uma questão enredada de controvérsias e pontuações. Para uns, representou um período específico gravado nas linhas do velho testamento e sem nenhum efeito, em nossa realidade. Afinal, estamos na Graça. Já para outros, de maneira alguma pode ser menosprezada, vista como um álbum de família pregado na parede.

Em meio a essas posições, ancoro – me na verdade inquestionável de que Cristo cumpriu, efetivamente e absolutamente, a lei, ou seja, concedeu a todos os homens a oportunidade de uma existência livre, de uma espiritualidade alforriada de todo um emaranhado de simbologias místicas espúrias, de uma fé criativa, porque abraça todas as dimensões do ser e o transformar.

Deve ser dito, ultimamente, deparo – me com pessoas submergidas ao caudilho ditatorial da lei do triunfalismo, da ufania de nos tornarmos numa espécie de semideuses, acima do bem e do mal, predestinados em guetos de uma pretensa salvação, a qual segrega pessoas, sufoca a diversidade, gesta e concebe paranoicos de uma santidade aversiva a beleza, a bondade, a suavidade, a pulsação e cadência da vida. Vou adiante, uma lei das mais variadas formas, pelo qual muitos tentam alcançar algo e a parcela de frustrados e perdidos são a ser considerados.

Diante disto, o Apóstolo Paulo, na carta aos Romanos 03, não vacila, vai logo e frontalmente toca na ferida e aponta o antídoto para uma trajetória cristã resolvida, com as cordas desatadas dos ferrolhos das doutrinas e dos dogmas opressivos, das ideologias e dos idealismos que pinta o quadro de um Cristo idílico irreal para o vazio do homem pós – moderno.

Grosso modo, Cristo Jesus, o carpinteiro que não renunciou a vida, com suas tensões, com suas ambiguidades, com suas incertezas, com seus por que (s), com suas revoltas, com suas revoluções, com suas guerras, com suas misérias, com suas oposições, com seus desajustes, com desacertos, se constitui no caminho a ser seguido e, faz – se necessário notar, não para participar de um novo modelo filosófico, teológico, cultural e sei lá mais o que.

Diametralmente oposto, somos chamados para deixar na praia os monturos de hemorragias que nos afligem e sufocam. Sim e sim, em Cristo reconhecemos a salvação como um ato e uma decisão de Deus, como um convite para sermos úteis e benéficos, aqui mesmo.

Eis a fronteira a ser sobrepujada, para não dizer transposta pela denominada igreja evangélica, diga – se de passagem, empanturrada por uma onda de avivamentos, ao qual, tristemente, se limitam a ajuntamento de pessoas desnorteadas, marcadas por uma história de desesperança, decepcionadas com os gurus da felicidade, a todo e qualquer custo.

Sinceramente, o sacrifício de Cristo envolveu a todos e a tudo, desmoronou as trincheiras, os arames farpados, as senzalas do farisaísmo, dos sauduceus e todos os outros movimentos compromissados e comprometidos com a desfiguração do ser humano, reduzindo – o a um dente dentro da engrenagem de estruturas egoísticas, demoníacas e hipócritas.

Deveras, o Apóstolo enfoca a relevância de submergir no olhar da Graça e vivenciar a plenitude de uma vida impulsionada por uma esperança que nos faz sonhar e sonhar com o próximo. Sem hesitar, sejam incircuncisos ou circuncisos, sejam judeus ou gregos, sejam árabes ou cristãos, sejam negros ou brancos, sejam homens ou mulheres, sejam pobres ou ricos, sejam cultos ou simplórios, seja eu ou você, indistintamente, o sacrifício se dirigiu a todos e para todos.

Por fim, talvez não seja fundamental pararmos e repensarmos o por qual razão ainda carregar todo um peso nos ombros, como se tivéssemos que provar ou comprovar o quanto somos e fomos aceitos?
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São Paulo - SP
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