Palavra do leitor
- 15 de outubro de 2013
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A Kenosis de Rocky Balboa
O último filme de Stallone na pele de Rocky Balboa é um apanhado de dores existenciais rasas - mas não tanto - e clichês motivacionais. Isso é percebido desde os primeiros minutos de filme. É visto nas mágoas do passado que tenta suplantar, no difícil relacionamento com o filho que vive a sombra da fama do pai, na luta para perdoar a si mesmo pelas desgraças acometidas contra sua esposa e ao irmão dela. A culpa está flutuando sobre cada minuto que Balboa aparece em cena. O filme não é profundo, á apenas mais um sobre um boxeador decadente que tenta realizar sua última grande façanha e assim apagar a chama do passado que lhe consome por anos. Hollywood é experiente nisso.
Mas uma cena em especial, e sempre há aquela cena, música, poesia ou palavra que nos atinge como uma flechada certeira e dolorida naquele lugar que pensávamos estar bem selado dentro de nós, em que Balboa se aproxima do túmulo de sua esposa após sua luta final, essa cena travou meu pensamento e iniciei elucubrações – adoráveis diga-se de passagem. Rocky expressa sua alegria de uma vitória na intimidade tumular com sua esposa. Mas que vitória se acabara de perder a luta final? Rocky diz: “Vencemos, meu bem, vencemos”. E eu disse: “Até aqui, Jesus?” O evangelho da graça se abriu como uma rosa perdida no meio do mato alto.
O evangelho da graça é perda diária. Não é somente apanhar, cair e levantar como vocifera em certo momento, com amor de pai, Balboa para seu filho. É antes se por no lugar certo para apanhar. A perda é constante, diária e dolorosa, porém cerne do cristianismo. Como Paulo disse, “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.” Pois no evangelho da graça você perde sua capa para outro, consciente e alegre. Você desnuda a outra face, você caminha uma milha a mais por motivo qualquer, pois o fator importante já não é o que você quer, mas o que o outro almeja. Você perde e perde. Família, carro, casa até o final quando restam apenas Cristo e você, numa tal união que já não se pode distinguir. Mas quem vive tal evangelho nessa plenitude? Eu admito, vergonhosamente, que não.
Essa espiral descendente da graça perdedora e vencedora em Jesus você percebe, então, ser ascendente. Quanto mais você perde mais ganha. Não como os “evangelistas e profetas” com seus ternos Armani e seu “evangelho” enlatado e estuprado dizem. Você chega ao ponto de se esvaziar de si mesmo, kenosis, para que então Aquele que primeiro perdeu tudo para tudo ganhar viva em você: Jesus.
Balboa perdeu uma luta e sentiu esvaziar-se de algo, uma mágoa, um rancor, uma dor. Quem procura Cristo se esvazia de si mesmo para achar a si mesmo mudado. No evangelho de Jesus nós escoamos como por um funil sem perceber que somos preenchidos ao mesmo tempo por algo superior, majestoso e simples, vindo do alto e do próximo: Cristo, na face dos Balboas da vida.
Mas uma cena em especial, e sempre há aquela cena, música, poesia ou palavra que nos atinge como uma flechada certeira e dolorida naquele lugar que pensávamos estar bem selado dentro de nós, em que Balboa se aproxima do túmulo de sua esposa após sua luta final, essa cena travou meu pensamento e iniciei elucubrações – adoráveis diga-se de passagem. Rocky expressa sua alegria de uma vitória na intimidade tumular com sua esposa. Mas que vitória se acabara de perder a luta final? Rocky diz: “Vencemos, meu bem, vencemos”. E eu disse: “Até aqui, Jesus?” O evangelho da graça se abriu como uma rosa perdida no meio do mato alto.
O evangelho da graça é perda diária. Não é somente apanhar, cair e levantar como vocifera em certo momento, com amor de pai, Balboa para seu filho. É antes se por no lugar certo para apanhar. A perda é constante, diária e dolorosa, porém cerne do cristianismo. Como Paulo disse, “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.” Pois no evangelho da graça você perde sua capa para outro, consciente e alegre. Você desnuda a outra face, você caminha uma milha a mais por motivo qualquer, pois o fator importante já não é o que você quer, mas o que o outro almeja. Você perde e perde. Família, carro, casa até o final quando restam apenas Cristo e você, numa tal união que já não se pode distinguir. Mas quem vive tal evangelho nessa plenitude? Eu admito, vergonhosamente, que não.
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Balboa perdeu uma luta e sentiu esvaziar-se de algo, uma mágoa, um rancor, uma dor. Quem procura Cristo se esvazia de si mesmo para achar a si mesmo mudado. No evangelho de Jesus nós escoamos como por um funil sem perceber que somos preenchidos ao mesmo tempo por algo superior, majestoso e simples, vindo do alto e do próximo: Cristo, na face dos Balboas da vida.
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